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05 abril 2012

Breguet Br-14


Imagem 1
BREGUET Br-14

Quantidades: Versão Br-14 A2 : 28;
                   Versão Br-14 T2 : 1
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: Fevereiro de 1919
Data de abate: 1932

Dados Técnicos:

a.      Tipo de Aeronave

              Avião monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, biplano, revestido  a tela, com três lugares em tandem descobertos, destinado a missões de reconhecimento e bombardeamento. Tripulação: 3.

b.      Construtor

        S.A. des Ateliers d’Aviation Louis Breguet / França.

c.       Motopropulsor

        Motor: 1 motor Renault 12-Fcx, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 300 hp.
        Hélice: em madeira, de duas pás, de passo fixo.

d.      Dimensões

        Envergadura ……………..……14,36 m
        Comprimento ……………………8,87 m
        Altura ……………………..………3,30 m
        Área alar …………….………..177,00 m²

e.      Pesos

        Peso vazio ………..….…..1.170 kg
        Peso máximo …...….……1.600 kg

f.        Performances

        Velocidade máxima …………191 km/h
        Velocidade de cruzeiro …desconhecida
        Tecto de serviço ………...…6.000 m
        Raio de acção …………...…...470 km

g.      Armamento

        1 metralhadora fixa, colocada lateralmente na parte dianteira do avião, sincronizada com o hélice, accionada pelo piloto;
        2 metralhadoras gémeas móveis colocadas no lugar de trás, accionadas pelo observador.

h.      Capacidade de transporte

        Nenhuma.

Imagem 2


Resumo histórico:
        O protótipo do Breguet Br-14 realizou o seu primeiro voo em 21 de Novembro de 1916. Começou a ser construído em 1917 e as linhas de montagem só pararam em 1926, depois de produzirem cerca de 8.000 exemplares.
     Louis Breguet, o construtor deste avião, foi o pioneiro na utilização do duralumínio na estrutura do avião. A primeira encomenda de 508 aviões foi feita pelo Exército Francês em 1917.
     O esforço dos Breguet Br-14 nos últimos da I Guerra Mundial foi muito importante para a vitória dos aliados, especialmente pela sua notável versatilidade.

     A partir de duas versões básicas - o Br14 A2, de reconhecimento, e o Br-14 B2, de bombardeamento - desenvolveram-se algumas variantes, tais como as de bombardeamento nocturno, ambulância aérea e ainda a de hidroavião de flutuadores.
     A versão Br-14 B2 foi produzida em larga escala, entrando ao serviço no Verão de 1917, equipando não só o Exército Francês, mas também o Exército Belga e o Corpo Expedicionário Norte Americano, tendo este operado 376 destas aeronaves. 

         Em 1918 construiu-se um pequeno número de uma versão de bombardeiro monolugar, designada por Br-14 B1, especialmente construída para bombardear Berlim, o que nunca chegou a acontecer.
     Terminada a guerra, vários países utilizaram estes magníficos aviões, entre eles o Brasil, China, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Japão e Portugal.


Percurso em Portugal:
       Sendo Portugal um dos países vencedores da I Guerra Mundial, pôde assim obter um considerável número de aviões de combate em bom estado, dos excedentes de guerra. Foram nestas condições que em 1919 foram adquiridos 16 Breguet Br-14 A2 que, em conjunto com os aviões SPAD VII, adquiridos nas mesmas condições, constituíram a primeira unidade operacional, o Grupo de Esquadrilhas de Aviação República (GEAR), instalado nas recentes instalações da Amadora, inauguradas em 5 de Fevereiro de 1919. 

      Os Breguet constituíram a Esquadrilha de Bombardeamento e Observações, que a partir de 13 de Dezembro de 1921 passou a designar-se por Esquadrilha Capitão Ramires.
     É a partir da constituição do GEAR, comandado pelo veterano de guerra Capitão Maya, que é adoptada a Cruz de Cristo como insígnia da Aeronáutica Militar e da Aviação Naval, substituindo o círculo concêntrico vermelho e verde usado até então. 

        Assim, os SPAD VII e os Breguet Br14 foram, por certo, os primeiros aviões a usarem a insígnia que, com pequenas alterações, se mantém até aos dias de hoje. Os Breguet Br-14 estavam totalmente pintados em alumínio. A numeração, seguida a partir de 1, foi pintada nos lados da fuselagem em algarismos pretos.


Imagem 3: Breguet Bre. XIV-A2 - Emissão especial dos CTT CORREIOS (BPC-217),
comemorativa dos 75 anos da Arma de Aeronáutica, 1 de Julho de 1999.
Desenho de M. Rodrigues Costa.

        Em Outubro de 1919 foi adquirido outro Breguet Br-14, este na versão T2, tendo em vista estabelecer o recorde da ligação aérea entre Paris e Lisboa. Foi baptizado «Portugal».
     Os pilotos, Capitão Maya e Alferes Lello Portela, que partiram de Paris no dia 3 de Outubro de 1919 foram obrigados a abandonar o projecto, uma vez que as sucessivas avarias forçaram a aterragens em Bordéus (França) e Arevalo (Espanha). Quando chegou a Portugal foi integrado no GEAR.
A AM não lhe atribuiu número de matrícula.

       No dia 22 de Janeiro de 1920, um Breguet Br-14 A2 pilotado pelo aviador militar Sarmento de Beires, descolou do campo da Amadora à uma hora da manhã, aterrando uma hora depois, realizando o primeiro voo nocturno em Portugal. Tanto a descolagem como a aterragem foram feitas unicamente com a claridade do luar. 

     Em meados de 1920 os pilotos militares Sarmento de Beires e Brito Pais começaram a trabalhar no projecto de uma viagem de ida e volta à Madeira, mas não obtiveram autorização governamental, sendo-lhes recusada a utilização de um avião militar
     Com a presumível conivência do comandante do GEAR, Major Maya, repararam o velho Breguet Br-14 A2 número 1 do GEAR, há muito retirado de serviço.
    A 18 de Outubro de 1920, a bordo deste avião, que tinha sido totalmente pintado de preto e baptizado «Cavaleiro Negro», com uma enorme estrela branca de cinco pontas nos lados do estabilizador vertical, à frente da bandeira nacional, lançaram-se na temerária aventura de voarem até à Ilha da Madeira, com voo directo de cerca de 800 Km sobre o mar, sem navios de apoio ou quaisquer outras ajudas para além da bússola magnética.
     Um cerrado nevoeiro não lhes permitiu descortinar as ilhas, pois que, se as não sobrevoaram, andaram nas suas proximidades, uma vez que a população ouviu o ruído motor do avião. Frustradas as suas intenções e como o combustível não era suficiente para regressar a Portugal, voaram em direcção ao norte de África, ao encontro da rota que os navios normalmente usavam entre a África e a Europa. Foram recolhidos pelo navio inglês «Gâmbia River».

     Entretanto, alguns Breguet Br-14 A2 do GEAR foram transferidos para a Esquadra Mista de Depósito (EMD) da Base de Tancos.
     Em 1921 são adquiridos mais 12 aviões Breguet Br-14 A2 que seguem directamente para Angola na companhia de seis Caudron G.3 para reforçar o Grupo de Esquadrilhas de Aviação de Angola (GEAA), instalado inicialmente na Huíla e depois transferido para o Huambo. Foram substituir os bimotores Caudron G.4, velhos e corroídos pelo clima tropical.
     O GEAA foi extinto em 1924, coincidindo com a retirada do governador geral de Angola, general Norton de Matos, entusiasta e patrocinador da Aviação Militar naquele território.

     No dia 27 de Março de 1925, o piloto Sérgio de Almeida, o navegador Pinheiro Correia e o mecânico Manuel António, partiram da Amadora a bordo do Breguet Br-14 A2 número 15 do GEAR, baptizado «Santa Filomena», a caminho de Bolama, na Guiné Portuguesa (agora Guiné-Bissau), onde chegaram no dia 2 de Abril, depois de percorrerem 3.960 Km e escalarem Casablanca, Agadir, Cabo Juby, Vila Cisneros, S. Luís e Dacar.
Foi a primeira viagem aérea à África portuguesa e, curiosamente, a primeira acção anti-guerrilha efectuada pela Aeronáutica Militar, pois que os aviadores participaram, a pedido do Governador da Guiné, numa operação militar contra os rebeldes, em Cauliabaque, lançando granadas rudimentares com estabilizadores feitos em chapa de flandres e de latas de conserva, situação tão humorística como eficiente. 

     Os Br-14 A2 que operaram em Angola regressaram à metrópole em 1928 e foram colocados no Grupo Independente de Aviação de Bombardeamento (GIAB), instalado em Alverca e que tinha sido criado em 1924.
     Os Breguet terminaram a sua vida operacional em 1932.


Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 3: Colecção Altimagem;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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