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10 junho 2012

Dornier Do J Wal

Imagem 1
DORNIER Do J Wal

Quantidade: 1
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: 11 de Janeiro de 1927
Data de abate: 7 de Junho de 1927

Dados Técnicos:

a.      Tipo de Aeronave

         Hidroavião de casco, com flutuadores integrados na fuselagem, com a forma de asas curtas, bimotor com motores em tandem, mono-plano de asa alta destacada (pára-sol), fuselagem de revestimento metálico e asas revestidas a tela. Cabina de pilotagem descoberta, três postos de metralhadoras (um no nariz e dois no dorso) também descobertos, cabina para passageiros fechada, destinado a missões de reconhecimento e bombardeamento ou, na versão civil, a transporte de carga e passageiros. Tripulação: 3 a 4 elementos.

b.      Construtor

Construzioni Meccaniche Aeronautiche, S.A. (C.M.A.S.A.) / Itália.
Sob licença: Construcciones Aeronáuticas, S.A. (CASA) / Espanha;
                   Netherlands Aviolanda / Holanda

c.       Motopropulsor

Motor: 2 motores Lorraine-Dietrich 16G, de 12 cilindros em V, arrefecidos por líquido, de 450 hp.                
Hélice: de madeira, de quatro pás, de passo fixo, um tractor e outro propulsor.

d.      Dimensões

Envergadura ……………22,50 m
Comprimento …………..17,25 m
Altura ………………..……4,90 m
Área alar ………………..96,20 m²

e.      Pesos

Peso vazio ………. ….……2.250 kg
Peso máximo…………......5.600 kg

f.        Performances

Velocidade máxima…….…195 km/h
Velocidade de cruzeiro……165 km/h
Tecto de serviço…….…....4.500 m
Raio de acção …………...2.400 Km

g.      Armamento

Uma metralhadora móvel no posto no nariz e em cada um dos postos dorsais;
Bombas transportadas no interior dos flutuadores de estabilidade.

h.      Capacidade de transporte

       8 a 10 passageiros, ou o peso equivalente em carga.


Imagem 2:  Dornier Do-J3 Wal

Resumo histórico:
     Quando Claudius Dornier conseguiu terminar o projecto do hidroavião Dornier G I, já a Alemanha estava a sofrer as consequências da derrota na I Guerra Mundial (1914-1918). O protótipo, inicialmente destinado a uso militar e depois adaptado a transporte civil, realizou o primeiro voo em 1919, com excelentes provas.
     Tratava-se de um hidroavião de razoáveis dimensões, uma aeronave avançada para a época.
     Por força do Tratado de Versailles a indústria aeronáutica alemã ficou limitada à construção de aviões ligeiros de turismo. Confrontado com esta imposição, o engenheiro Dornier afundou o protótipo G I e destruiu os protótipos, ainda não terminados, dos G II, versão aperfeiçoada do G I, para que não caíssem nas mãos dos Aliados. Reuniu uma dezena de engenheiros, que continuaram o estudo dos projectos interrompidos, em forma de “trabalhos de casa”.
     Foi assim que se desenvolveu o projecto do Dornier Do J Wal. Para a sua construção foram recuperadas umas velhas oficinas em Marina de Pizza, Itália, e constituída a CMASA - Construzioni Meccaniche Aeronautiche, S.A.

     O primeiro exemplar voou pela primeira vez em 6 de Novembro de 1922, com dois motores Hispano-Suiza de 300hp cada, fabricados em Itália.
     Os Do J Wal que se seguiram utilizaram motores Rolls-Royce Eagle IX de 360hp, Napier Lion de 450hp e Lorraine de 450hp, entre outros. Divulgadas as suas características e performances, rapidamente o Brasil, Colômbia, Alemanha e Itália fizeram encomendas na versão civil, para além de Espanha, mais interessada na versão militar.
     A Deutsche Lufthansa utilizou os Do J Wal na rota postal entre a Europa e a América do Sul de forma muito original, reabastecendo os aviões a partir de navios devidamente posicionados ao longo da rota.
       Os Dornier Do J Wal realizaram 328 travessias do Atlântico Sul ao serviço da DHL, a conhecida transportadora de encomendas postais.
     Em 1928 a empresa espanhola CASA foi autorizada a construir este avião e, pouco depois, a Netherlands Aviolanda recebeu igual autorização.
     Até 1933, a Marinha de Guerra Alemã (Reichsmarine), utilizou diversas versões do Wal no treino de pessoal, sob o disfarce da companhia Severa G.m.b.H., clandestinamente financiada pelo Governo Alemão. 
     A fase inicial do programa de construção dos primeiros Do J Wal fabricados na Alemanha ficou completada em meados de 1934, com a construção de 16 aviões da versão militar Wal 33, com a designação actualizada para Dornier Do-15, que foram entregues à Luftwaffe.

     Os Do J Wal foram utilizados durante a Guerra Civil de Espanha, desempenhando diversas tarefas, principalmente missões de vigilância marítima. Durante a II Guerra Mundial, a Alemanha utilizou os Do-15 em missões de reconhecimento marítimo a longa distância.


Percurso em Portugal:
     Em 1927 a Aeronáutica Militar (AM) adquiriu um Dornier Do J Wal à CMASA, que viria a ser o único hidroavião desta Arma
     A aquisição teve em vista a realização da Primeira Travessia Aérea Nocturna do Atlântico Sul, um empreendimento que inicialmente envolveu aviadores da Aviação Naval (A.N.) e AM.
     O mentor do projecto foi o major piloto aviador da Aeronáutica Militar Sarmento de Beires, que, juntamente com o capitão navegador Jorge de Castilho e o alferes mecânico / 2º piloto Manuel Gouveia, completaram esta Travessia, concluída em 10 de Abril de 1927.

     No dia 7 de Junho de 1927, depois de iniciada a viagem de regresso a Lisboa, um rombo numa asa e a fractura de um dos flutuadores provocaram a perda do «Argos»
     Não se dispõe de elementos fiáveis sobre a pintura do «Argos». As fotos da época mostram que ostentavam nas asas a Cruz de Cristo sobre círculo branco, a bandeira nacional, com escudo, no leme de direcção, bem como o nome de baptismo - «Argos» - em letras brancas nos lados da secção do nariz.

Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000; Autor do Blog.

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