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02 fevereiro 2012

Caudron G.3


Imagem 1

CAUDRON G.3

Quantidade: 56
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: 6 de Outubro de 1916
Data de abate: 1933

Dados Técnicos:
a. Tipo de Aeronave
    Avião mono-motor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, biplano, com a asa inferior de menores dimensões que a asa superior, dois estabilizadores verticais, revestido a tela, cabina bilugar descoberta, destinado a missões de observação e, mais tarde, a instrução de pilotos. Tripulação : 2 (piloto e observador ou piloto-instrutor e instruendo).
b. Construtor
    Avions Caudron / França.
    Sob licença: Parque de Material Aeronáutico / Portugal;
                       Desconhecido / Grã-Bretanha;
                       Desconhecido / Itália.
c. Motopropulsor
    Motor: 1 motor Rhone R-9-C de 9 cilindros em estrela rotativa, arrefecidos por ar, de 80 hp.
    Hélice: Em madeira, de duas pás, de passo fixo.
d. Dimensões
    Envergadura …………. 13,40 m
    Comprimento …………...6,40 m
    Altura ……………..…...…2,70 m
    Área alar ……………....27,00 m²
e. Pesos
    Peso vazio ………...…. 488 kg
    Peso máximo …...….… 663 kg
f. Performances
    Velocidade máxima …………..115 Km/h
    Velocidade de cruzeiro ……Desconhecido
    Tecto de serviço ……………4.000 m
    Raio de acção …………….…..450 Km
g. Armamento
    Nenhum.
h. Capacidade de transporte
    Nenhuma.


Imagem 2


Resumo histórico:
            O Caudron G.3 é fruto da experiência adquirida pelos irmãos Gaston e René Caudron, que em 5 anos construíram cerca de 20 modelos de aviões. Era um mono-motor biplano, com dois lugares em tandem situados numa pequena gôndola, com o conjunto estabilizador de cauda de duplo estabilizador vertical, suportado por “paus e arames”, parecendo ser rebocado pela gôndola.
             Derivado do Caudron G.2 de 1913, o Caudron G.3 começou a voar em 1914. Na sequência da declaração da I Guerra Mundial (1914-1918), equipou diversas esquadrilhas francesas, tendo tido sucesso durante os dois primeiros anos de guerra, actuando como avião de reconhecimento e regulação de tiro de artilharia. Granjeou boa reputação entre os pilotos.

           Pese embora o facto de os Caudron G.3 serem aviões sólidos e fiáveis, não possuíam qualquer armamento defensivo, o que os tornava vulneráveis face aos caça alemães, que entretanto se tornaram muito agressivos. Desta forma, foram retirados da frente de combate em 1916, passando a equipar as escolas de pilotagem, formando muitos pilotos aliados, inclusive americanos. O Corpo Expedicionário Norte-Americano utilizou 192 destes aviões nas suas escolas europeias em 1917 e 1918.

           Foram construídos 2.450 Caudron G.3 em França, 233 na Grã-Bretanha e 166 na Itália.
Depois da guerra, muitos exemplares foram cedidos a baixo preço e espalhados por diversos países, entre os quais a Bélgica, Espanha, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Portugal e Rússia, para além da França.
          No seu currículo inscrevem-se dois recordes mundiais: o feminino de voo em altitude quando, em 1919, Mme. de la Roche subiu a 3.900 metros e depois, em 1921, quando Adrienne Bolland sobrevoou os Andes, o que nunca tinha sido conseguido.


Percurso em Portugal:
              Os primeiros dois Caudron G.3 chegaram a Portugal a bordo do navio francês «Garonne» em 6 de Outubro de 1916. Fizeram a viagem na companhia de cinco Farman F-40 e um Morane-Saulnier H, todos destinados à Aeronáutica Militar (AM), para instrução de pilotos. Pouco depois foram adquiridos mais quatro Caudron G.3.
            Colocados na Escola de Aeronáutica Militar (EAM) em Vila Nova da Rainha, mantiveram a camuflagem utilizada pelos franceses, em dois tons de castanho, com as insígnias militares portuguesas pintadas nas asas - na época, compostas por círculos concêntricos verdes e vermelhos - e a bandeira nacional com escudo nos lados exteriores dos lemes de direcção.


Imagem 3: PMA - CAUDRON G.III - Emissão especial dos CTT CORREIOS
(BPC-218), comemorativa dos 75 anos da Arma de Aeronáutica, 1 de Julho de 1999.
Desenho de M. Rodrigues Costa.


          Em 1918 é criada na EAM a Esquadrilha Mista de Depósito (EMD), equipada com dois Caudron G.3, e que, num curto espaço de tempo, foi transferida para Alverca. A EMD é posteriormente transferida para Tancos, cuja pista foi inaugurada em 27 de Outubro de 1924 com a aterragem de dois Caudron G.3 pilotados pelos Capitães Ribeiro da Fonseca e Luís Gonzaga.
Assim nasciam as raízes da Base Aérea Nº 3.

             Em 1920 é extinta a EAM de Vila Nova da Rainha e, em substituição, criada a Escola Militar de Aviação (EMA), instalada na Granja do Marquês, Sintra. Os Caudron G.3 foram colocados na EMA, passando a ostentar uma faixa azul - a cor da EMA - pintada em diagonal na fuselagem, com o algarismo da matrícula sobreposto. Ao mesmo tempo, foi adoptada a 'Cruz de Cristo' como insígnia militar - por iniciativa do Comandante do Grupo de Esquadrilhas de Aviação República, da Amadora - sendo os círculos verdes e vermelhos substituídos por esta nova insígnia.

            Em 1921, os seis aviões então existentes foram destacados para Angola, reforçando o Grupo de Esquadrilhas de Aviação de Angola (GEAA).
     Foi num destes Caudron G.3 que o piloto Emílio de Carvalho, acompanhado do mecânico Américo Rodrigues, realizou um voo que ficou conhecido como o Circuito ao Norte de Angolaligando pela primeira vez pelo ar Luanda, Ambriz, Ambrizete e Santo António do Zaire, com regresso pelo mesmo trajecto, feito conseguido entre 13 e 28 de Setembro de 1924.

         Atravessava-se uma época fértil em factos promissores para o desenvolvimento aeronáutico português, um dos quais foi o início da construção de aviões, muito antes de outros países o empreenderem. No Parque de Material Aeronáutico (PMA), situado em Alverca, hoje denominado Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), com a assistência de técnicos franceses, construíram-se, entre 1922 e 1924, 50 aviões Caudron G.3.

         Os primeiros Caudron G.3 construídos em Portugal usavam a curvatura das asas como elemento de manobra, embora os últimos já utilizassem lemes de inclinação (ailerons). O primeiro Caudron G.3 construído no PMA foi baptizado de «Andorinha». Presume-se que estavam pintados de branco, ostentando as marcas nacionais da época. Os aviões de produção nacional aparecem algumas vezes referidos por PMA-Caudron G.3.
                 Seis aviões Caudron G.3 estiveram colocados no Grupo de Esquadrilhas de Aviação de Angola, entre 1921 e 1924.
          Em 1925 a EMA utilizava 14 Caudron G.3 na instrução básica de pilotos. Dada a sua excepcional resistência e facilidade de pilotagem, foram utilizados com muito êxito, mantendo-se operacionais até 1933.


Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de  Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 3: Colecção Altimagem;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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