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12 abril 2012

Felixstowe F-3



FELIXSTOWE F-3

Quantidade: 2
Utilizador: Aviação Naval
Entrada ao serviço: 19 de Maio de 1920
Data de abate: 1922

Dados técnicos:
a.      Tipo de Aeronave
     Hidroavião de casco, biplano, de revestimento misto, cabinas descobertas, destinado ao reconhecimento marítimo.  Tripulação: 4 elementos.
b.      Construtor
       Aircraft Manufacturing Co. / USA.
c. Motopropulsor
        Motores: 2 motores Rolls-Royce Eagle VIII de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 355 hp cada.
        Hélices: de madeira, de quatro pás, de passo fixo.
d.      Dimensões
        Envergadura ……………39,09 m
        Comprimento …………..14,98 m
        Altura ……………….……5,68 m
        Área alar ……………….51,30 m²
e.      Pesos
        Peso vazio ………. ..…3.610 kg
        Peso máximo …...……5.072 kg
f.        Performances
        Velocidade máxima ……145 km/h
        Velocidade de cruzeiro .142 km/h
        Tecto de serviço …..…3.000 m
        Autonomia ……………6h
g.      Armamento
        4 a 7 metralhadoras móveis;
        210 Kg de bombas.
h.      Capacidade de transporte
        Desconhecido.


Resumo histórico:
     Por volta de 1913 a Marinha Real Britânica (Royal Navy) enviou o Tenente Porter para os Estados Unidos a fim de colaborar com a Curtiss num projecto anglo-americano, tendo em vista a construção de hidroaviões de combate. O Tenente Porter foi o grande dinamizador do projecto, que culminou com a construção dos grandes hidroaviões Curtiss Série H-América.

     De regresso à Grã-Bretanha, Porter continuou a estudar um hidroavião para ser utilizado pela Marinha Britânica, concentrando-se em melhorar a qualidade dos aviões de casco. Os seus estudos concretizaram-se com o Felixstowe, construído nos Estados Unidos pela Aircraft Manufacturing, provavelmente uma subsidiária da Curtiss.
     O modelo inicial foi designado por Felixstowe F-1, de que se construiu quatro exemplares. Seguiu-se o Felixstowe F-2, com casco da autoria do Tenente Porter, com as asas e o estabilizador de cauda do Curtiss H-12. Superiores em todos os aspectos a estes, os Felixstowe F-2 começaram a ser produzidos em larga escala em 1917.
     Foram os mais elegantes e ágeis hidroaviões da I Guerra Mundial, operando com muita eficiência no patrulhamento costeiro e na luta anti-submarino, mantendo-se activos até ao final do conflito. Foram construídos cerca de 100 hidroaviões Felixstowe F-2.

     O Felixstowe F-3 era o aperfeiçoamento do modelo anterior, com a capacidade de manobra sacrificada a favor da maior capacidade para transportar mais peso em bombas e, principalmente, mais combustível. Foram construídos perto de 100 destes hidroaviões, muitos deles usados pela Royal Navy no Mediterrâneo.
     Alguns Felixstowe F-3 foram transformados na versão civil G-5 Gosport, sendo utilizados no transporte de passageiros, carga e correio entre os Estados Unidos e o Canadá.


Percurso em Portugal:
     Os dois Felixtowe F-3 que a Aviação Naval (A.N.) recebeu em 1920, foram as suas primeiras aquisições depois de terminada a I Guerra Mundial. Originariamente eram do modelo F-2, mas foram transformados no modelo F-3 pela Fairey, na Grã-Bretanha, recebendo os números de construtor F-874 e F-891.
     Tinham servido na Royal Air Force (RAF) com as matrículas N 4017 e N 4018. A A.N. não lhes atribuiu matrículas, optando por manter as da RAF

     O voo destes dois hidroaviões foi iniciado no dia 8 de Maio de 1920 a partir de Calshot, Grã-Bretanha. Voando separadamente, enfrentaram condições meteorológicas adversas, o que obrigou a escalas diferentes. 
     O N 4017 fez escalas em Brest e Hourtin (França), Ferrol (Espanha) e Caminha (Portugal).
O N 4018 saiu de Calshot no dia 9 de Maio de 1920, escalou Brest, donde descolou no dia 14 directo para Caminha (Portugal), realizando a segunda travessia aérea do Golfo da Biscaia. A 16 de Maio saiu de Caminha rumo a Lisboa, onde amarou no mesmo dia.
     Os Felixstowe F-3 foram as primeiras aeronaves da Aviação Naval a possuir equipamento de radiocomunicações (TSF).

     Estando Sacadura Cabral e Gago Coutinho muito entusiasmados com os métodos de navegação aérea da autoria deste último, que lhes abria a possibilidade de realizar voos trans-oceânicos, iniciaram no dia 23 de Março de 1921 um voo ao Arquipélago da Madeira, utilizando o Felixstowe F-3 N 4018, com o primeiro como piloto, o segundo como navegador e ainda Ortins de Bettencourt como co- piloto. O voo para a Madeira foi um sucesso, não se podendo dizer o mesmo do regresso.
No dia 6 de Abril, ao descolar de Porto Santo para Lisboa, um rombo no casco provocou a inflamação das bóias de sinalização transportadas a bordo, incendiando e destruindo o avião.

     O Felixstowe F-3 restante foi retirado de serviço em 1922. Estavam pintados em castanho escuro, apresentando a insígnia dos aviões militares da época - círculo vermelho com o centro a verde - nas asas e nos lados da fuselagem, onde também se encontravam as matrículas pintadas a branco, junto da cauda. As cores nacionais, sem escudo, cobriam totalmente o leme de direcção. Foram, na época, os maiores hidroaviões portugueses.



Fontes:
Foto: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Plano e Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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