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25 abril 2012

Portugal, o 25 de Abril e a Democracia



Passados 38 anos sobre a Revolução dos Cravos, que permitiu a implantação da Liberdade e da Democracia em Portugal, urge perguntar se este tempo não foi o suficiente para criar responsabilidade, transparência, lealdade, patriotismo e outros valores que realmente deveriam catapultar Portugal para (pelo menos) um dos países mais desenvolvidos da Europa.

A nossa adesão à CEE - Comunidade Económica Europeia, em 1 de Janeiro de 1986, foi uma das consequências da Revolução de Abril e das subsequentes alterações que esta decisão provocou a nível político, económico e social; 
- O 25 de Abril veio colocar um fim a uma política económica em desagregação, com uma grande dependência externa e a um poder político contestado por um povo em constante pobreza, com más condições de vida e um fraco poder de compra;
- A adesão à CEE, inicialmente num período transitório (1986 a 1991), exactamente porque o nosso nível de desenvolvimento era inferior aos outros estados membros, veio canalizar milhões e milhões de escudos para toda a mudança económica, estrutural e de desenvolvimento de Portugal. Durante este período o nosso país foi adaptando a sua legislação às normas comunitárias, permitindo assim a evolução da  economia. Com o passar do tempo, veio a adesão à moeda única em 1 de Janeiro de 2002, com a vinda de mais e mais fundos para tudo e para nada, desta vez em euros. Veio também a adesão a variados Tratados Europeus que foram surgindo (alguns de duvidosa aplicação e resultado).

E para quê? - 26 anos depois de entrarmos na União Europeia (UE) e 10 anos depois de entrarmos na 3ª fase da União Económica e Monetária (UEM), com a moeda única, Portugal ainda está muito longe do nivelamento da sua economia pela dos outros estados membros. Estamos muito abaixo da média da União Europeia! E com a agravante de se colocarem na UE os problemas da concretização da UEM, o que obriga Portugal a ter um desenvolvimento económico superior ao dos outros países, a fim de conseguir cumprir os objectivos da UE. 
E estamos cumprindo esses objectivos? - Decididamente que não!

O 25 de Abril permitiu realmente colocar um ponto final ao obscurantismo em que Portugal vivia. Mas...e agora? - Será que não estamos também numa espécie de "obscurantismo" provocado pelo atraso de anos e anos, originado pela irresponsabilidade, desonestidade, deslealdade e corrupção de tantos e tantos governantes e outros que tais que por aqui passaram...e ainda passam?

A História nunca se repete da mesma maneira, mas o capitalismo, o discurso político e as tácticas e estratégias de mercado que nos regem, esses, sim, repetem-se com pequeníssimas variações ao longo do tempo.

A democracia representativa portuguesa é (como em toda a Europa) uma farsa anti-democrática. Mas os seus mecanismos têm um efeito anestesiante. Não há democracia quando o povo não participa. E o povo, aqui, deixou de ser o sujeito principal da História.
Em Portugal, a maioria dos governantes, salvo raríssimas excepções, já não representam o povo:
- Representam os grandes grupos económicos, representam os mercados que regem a economia mundial, representam os tecnocratas sentados nas cadeiras do poder da UE ou, em última instância, representam os interesses dos Partidos ou representam-se a si próprios!

Hoje celebra-se o Dia da Liberdade....qual liberdade?
 - a liberdade de termos de aguentar cada vez mais medidas de austeridade que não nos dá liberdade nenhuma?;
- a liberdade de comer e calar?;
- a liberdade de ficarmos impávidos e serenos enquanto destroem os valores da liberdade conquistada em Abril?
  
A continuarmos assim, será necessário outra Revolução para implementar uma VERDADEIRA Democracia...com VERDADEIRA Liberdade!
Mas a revolução necessária não seria de cravos...neste país à beira mar plantado são urgentes várias revoluções:
- de valores patrióticos, morais, sociais...
- de consciências verdadeiramente democráticas, que pensem no país, no seu povo, e não nos seus interesses!
- de mentalidades, para que os anteriores surtam efeito!    

Já em 1872, nas crónicas que Eça de Queiroz publicava mensalmente em "As Farpas", comparava Portugal à Grécia! - 140 anos depois, parece que o tempo não passou!


"Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia:
a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada, a mesma baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito.
Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal"
 = Eça de Queiroz, in "As Farpas", 1872 =

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