Vickers Valparaíso I |
VICKERS VALPARAÍSO I, II e III
Quantidades: Valparaíso I: 10; (1924 a 1933)
Valparaíso II: 4; (1924 a 1933)
Valparaíso II: 4; (1924 a 1933)
Valparaíso III: 13. (1933 a 1942)
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: 1924
Data de abate: 1942
Dados técnicos:
a. Tipo de Aeronave
Avião monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, biplano, revestimento misto (fuselagem em contraplacado e asas em tela), bilugar de cabina descoberta, destinado a missões de reconhecimento. Tripulação: 2 (piloto e navegador).
b. Construtor
Vickers Ltd. / Grã-Bretanha.
c. Motopropulsor
Motor: Valparaíso I: 1 motor Napier Lion IA, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 480 hp.
Valparaíso II: 1 motor Rolls-Royce Eagle VIII, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 375 hp.
Valparaíso III: 1 motor Gnôme et Rhône Júpiter VII de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 420 hp.
Hélice: de madeira, de duas pás, de passo fixo.
d. Dimensões
Altura ……………………3,55 m
Área alar ………………..48,39 m²
e. Pesos
Peso vazio ………. ………1.420 Kg
Peso máximo…………......2.148 kg
f. Performances
Velocidade máxima (Valp. I e III)……218 km/h
(Valp. II)………..210 km/h
Velocidade de cruzeiro (Valp. I e III)…177 km/h
(Valp. II)……..170 km/h
Tecto de serviço …………….5.940 m
Raio de acção …………………885 Km
g. Armamento
1 metralhadora móvel no lugar do observador.
h. Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
Em 1922, a Vickers iniciou o projecto de um avião de reconhecimento armado, que referenciou de Vickers Type 71 Vixen, tendo em vista a substituição dos Bristol F2B e dos De Havilland DH-9.
O modelo, especialmente construído para exportação, foi inicialmente designado por Vickers Type V, tendo o protótipo realizado o primeiro voo em 29 de Agosto de 1924.
Mais tarde apareceu um modelo especialmente construído para o Chile, com o nome de Vickers Valparaíso. Foram fabricados em duas versões, Valparaíso I e II, que se diferenciavam pelo tipo de motor que utilizavam. O Chile não concretizou a compra, tendo Portugal adquirido todos os Valparaíso produzidos, com excepção do protótipo, que foi entregue ao Chile.
Mais tarde apareceu um modelo especialmente construído para o Chile, com o nome de Vickers Valparaíso. Foram fabricados em duas versões, Valparaíso I e II, que se diferenciavam pelo tipo de motor que utilizavam. O Chile não concretizou a compra, tendo Portugal adquirido todos os Valparaíso produzidos, com excepção do protótipo, que foi entregue ao Chile.
Vickers Valparaíso II |
Percurso em Portugal:
Tendo em vista a modernização do Grupo de Esquadrilhas de Aviação República (GEAR), na Amadora, foram encomendados à Grã-Bretanha 14 aviões Vickers Valparaíso, que chegaram a Portugal em 1924. Dez eram na versão de reconhecimento Valparaíso I, e quatro na versão Valparaíso II, destinados ao treino avançado.
Nove Valparaíso I foram colocados no GEAR, que os distribuiu pelas Esquadrilhas de Observação e de Informação. O décimo foi entregue à Esquadrilha Mista de Depósito (EMD) de Tancos. Os outros quatro Valparaíso II foram enviados para a Escola Militar de Aeronáutica (EMA) de Sintra. Ainda em 1924, o GEAR passou a ser designado por Grupo de Aviação de Informação (GAI).
Nove Valparaíso I foram colocados no GEAR, que os distribuiu pelas Esquadrilhas de Observação e de Informação. O décimo foi entregue à Esquadrilha Mista de Depósito (EMD) de Tancos. Os outros quatro Valparaíso II foram enviados para a Escola Militar de Aeronáutica (EMA) de Sintra. Ainda em 1924, o GEAR passou a ser designado por Grupo de Aviação de Informação (GAI).
Em 8 de Março de 1926, dois Vickers Valparaíso I realizaram a ligação Lisboa - Casablanca num voo directo de 8 horas e 45 minutos.
No dia 7 de Setembro de 1927 eclodiu uma revolução na zona de Lisboa, na qual intervieram alguns Vickers Valparaíso I do GAI, que bombardearam os revoltosos, provocando a sua dispersão.
Em 1928, dois Vickers Valparaíso I levaram a cabo a viagem Lisboa - Guiné - S. Tomé - Angola - Moçambique, com escalas em Casablanca, Agadir, Cabo Juby, Port Etienne, S. Luís, Bolama, Tambacounda, Kayes, Bamako, Sikasso, Bingerville, Accra, Lagos, Duala, Port Gentil, S. Tomé, Port Gentil, Ponta Negra, Luanda, Benguela, Huambo, Silva Porto, Vila Luzo, Cazombo, Elisabethville, Broken-Hill, Zumbo, Tete, Chemba, Beira, Quelimane, Beira, Inhambane e Lourenço Marques.
Partiram de Lisboa no dia 5 de Setembro de 1928 e chegaram a Lourenço Marques em 26 de Outubro, depois de percorrerem 15.134 Km em 101 horas e 35 minutos de voo. Regressaram por via marítima. As tripulações que realizaram o voo receberam o “Chifford Harmond Trophy-1928”, atribuído ao mais notável voo do ano.
No final da década dos anos vinte os únicos aviões da Aeronáutica Militar que poderiam considerar-se actualizados eram os Vickers Valparaíso. Contudo, era necessário substituir os já muito usados motores Napier Lion e Rolls-Royce Eagle.
Uma vez que as Oficinas de Material Aeronáutico (OGMA) tinha obtido as licenças de construção de células de aeronaves e dos motores de aviação Gnôme et Rhône Júpiter VII, de 420 hp, pensou-se adaptar esse famoso motor aos Valparaíso.
No seguimento deste projecto, um dos Vickers Valparaíso da EMA foi enviado para a fábrica Vickers para estudo da adaptação do motor radial. O protótipo realizou o primeiro voo na Grã-Bretanha em 28 de Julho de 1929, com resultados satisfatórios. Esta nova versão foi designada por Vickers Valparaíso III, presumindo-se que tenha sido exclusiva de Portugal.
Vickers Valparaíso III |
Os trabalhos nas restantes aeronaves só foram realizados em 1933. Os treze Valparaíso I e II restantes foram convertidos em Valparaíso III e entregues ao GAI.
Em finais de 1935 empreendeu-se o Cruzeiro Aéreo às Colónias. Para lhes aumentar a autonomia, foram adaptados depósitos suplementares de combustível a oito Vickers Valparaíso III, colocados no exterior da fuselagem, por cima da asa inferior. Os aviões foram baptizados de «Águia», «Albatroz», «Chaimite», «Falcão», «Ibiz», «Milhafre», «Mongua» e «Peneireiro».
Partiram da Amadora em 14 de Dezembro de 1935, fazendo escalas em Casablanca, Cabo Juby, Port Etienne, Dacar, Bolama, Kayes, Bamako, Ouagadougou, Niamey, Zinder, Fort Lamy, Fort Archambault, Bangui, Coquilhatville, Leopoldville, Luanda, Benguela, Nova Lisboa, Vila Luso, Vila Teixeira de Sousa, Elisabethville, Broken-Hill, Tete, Beira, Inhambane e Lourenço Marques, onde todos aterraram.
Um Junkers W-34L, baptizado de «Monteiro Torres», foi integrado neste Cruzeiro Aéreo, com a finalidade de apoiar os Vickers Valparaíso, Não logrou ir além de Tambacunda, hoje República do Mali, onde aterrou de emergência devido a uma avaria, ficando irrecuperável. Foi aí abandonado.
Apenas três aviões empreenderam o regresso. Partiram de Lourenço Marques no dia 13 de Fevereiro de 1936 e chegaram à Amadora no dia 8 de Abril desse ano, percorrendo a mesma rota em sentido inverso. No total, foram percorridos 29.723 Km em 175 horas e 50 minutos de voo. Os restantes cinco Valparaíso e respectivas tripulações regressaram à metrópole por via marítima. A desistência foi motivada pela incapacidade física dos tripulantes, motivada pela longa exposição aos gases expelidos pelos motores radiais, com tubos de escape em ambos os lados dos motores e mais curtos que os dos motores originais de cilindros em linha.
Um Junkers W-34L, baptizado de «Monteiro Torres», foi integrado neste Cruzeiro Aéreo, com a finalidade de apoiar os Vickers Valparaíso, Não logrou ir além de Tambacunda, hoje República do Mali, onde aterrou de emergência devido a uma avaria, ficando irrecuperável. Foi aí abandonado.
Apenas três aviões empreenderam o regresso. Partiram de Lourenço Marques no dia 13 de Fevereiro de 1936 e chegaram à Amadora no dia 8 de Abril desse ano, percorrendo a mesma rota em sentido inverso. No total, foram percorridos 29.723 Km em 175 horas e 50 minutos de voo. Os restantes cinco Valparaíso e respectivas tripulações regressaram à metrópole por via marítima. A desistência foi motivada pela incapacidade física dos tripulantes, motivada pela longa exposição aos gases expelidos pelos motores radiais, com tubos de escape em ambos os lados dos motores e mais curtos que os dos motores originais de cilindros em linha.
Em 1938 foi extinto o GAI. Os Valparaíso sobrantes foram transferidos para a Base de Tancos. Foram abatidos ao serviço em 1942.
Fontes:
Fotos: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Plano: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Plano: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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