FOKKER T.III W
Quantidade:
5
Utilizador:
Aviação Naval
Entrada
ao serviço: 1924
Data
de abate: 1933
Dados técnicos:
a.
Tipo de Aeronave
Hidroavião de flutuadores ou avião
terrestre de trem de aterragem convencional fixo, mono-motor, mono-plano de asa
baixa, revestimento em contraplacado, três cabinas descobertas em tandem,
destinado a bombardeamento e lançamento de torpedos. Tripulação: 2 (piloto e
observador).
b.
Construtor
Fokker
/ Holanda.
c.
Motopropulsor
Motor:
1 motor Rolls-Royce Eagle IX, de
12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 360 hp, ou
1 motor Napier Lion, de
12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 450 hp.
Hélice:
de madeira, de quatro pás, de passo fixo.
d.
Dimensões
Envergadura
…………....…21,30 m
Comprimento
…………......13,48 m
Altura
(com flutuadores)...…4,35 m
Área
alar ……………..…....79,80 m²
e.
Pesos
Peso
vazio ………. ………desconhecido
Peso
máximo…………...........3.500 kg
f.
Performances
Desconhecido.
g.
Armamento
Bombas
e/ou torpedos.
h.
Capacidade de
transporte
Desconhecido.
Resumo
histórico:
O projecto do
Fokker T.III tomou por base o hidroavião torpedeiro Fokker T.II, também
conhecido por FT, de Fokker Torpedo.
O T.III era um
avião com fuselagem comprida revestida a metal, asas baixas invulgarmente
longas e grossas, revestidas a madeira, com os ailerons destacados e um
estabilizador vertical desproporcionalmente pequeno. As três cabinas, sem
cobertura, estavam posicionadas ao longo da fuselagem, razoavelmente espaçadas.
Podiam ser construídos como hidroaviões ou aviões terrestres.
O protótipo realizou o primeiro voo em Novembro de 1923. Em Agosto de 1924 sofre um acidente à aterragem, o que provocou algum atraso na construção dos modelos definitivos. Não se encontram referências a eventuais utilizadores, para além da Marinha Portuguesa, o que leva a admitir que foram construídos em quantidade muito reduzida.
Percurso em
Portugal:
Após o enorme
sucesso da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, realizada em 1922 por
Gago Coutinho e Sacadura Cabral, este último arquitectou o ambicioso plano de
realizar uma viagem aérea à volta do Mundo, no sentido inverso ao da rota
seguida por Fernão de Magalhães.
Ao fim de muita controvérsia, incluindo acesas discussões no Parlamento, o projecto começou a tomar forma. Uma subscrição pública, levada a efeito em Portugal e no Brasil, serviu para angariar fundos para o empreendimento, completados pelo Ministério da Marinha.
Ao fim de muita controvérsia, incluindo acesas discussões no Parlamento, o projecto começou a tomar forma. Uma subscrição pública, levada a efeito em Portugal e no Brasil, serviu para angariar fundos para o empreendimento, completados pelo Ministério da Marinha.
No Verão de 1923 são encomendados cinco aviões Fokker T.III W, antes do protótipo ter iniciado os voos de teste.
Quatro eram hidroaviões de flutuadores, equipados com o motor
Rolls-Royce e dispondo de depósitos com capacidade para 1.200 litros de
combustível. O quinto estava dotado com trem de aterragem de rodas, utilizava
um motor Napier Lion, preparado para usar benzol como carburante. Tinha
capacidade para 1.820 litros de combustível. Seria o utilizado na etapa mais
longa da viagem projectada.
Foi este o
primeiro Fokker T.III W a ser transportado para Portugal. Pilotado por Sacadura
Cabral, descolou de Amesterdão, Holanda, no dia 30 de Agosto de 1924,
realizando o voo directo para o Aeródromo Militar da Amadora, onde aterrou no
mesmo dia.
Em 15 de
Novembro de 1924, três hidroaviões Fokker T.III W partiram de Amesterdão com
destino a Lisboa, voando em grupo. Devido ao nevoeiro, Sacadura Cabral perdeu o
contacto com os companheiros e desapareceu no Mar do Norte, ao largo da
Bélgica. Os corpos dos tripulantes nunca foram encontrados e parece que, dos
destroços do avião, só foi encontrado um flutuador.
O quinto hidroavião veio
para Portugal por via marítima, encaixotado. Tinham os números de construção de
4194 a 4198. A Aviação Naval (A.N.) matriculou-os com a numeração de 25 a 28,
não incluindo o número de construção 4196, desaparecido no Mar do Norte. O
Fokker terrestre tinha o número de construtor 4198 e a matrícula 28 da A.N.
Um relatório da
A.N. de 1925, referia que, dos quatro Fokker T.III W, só o equipado com motor
Napier se encontrava operacional. Nesse mesmo ano verificou-se algum dinamismo
na chefia da A.N., começando a recuperação destes aviões, inclusive equipando
um deles para instrução de voo sem visibilidade.
Dois pilotos da
A.N. planearam a execução de um voo de ligação aérea no percurso Lisboa-Funchal
(Madeira) - Ponta Delgada (Açores) e volta.
Descolaram de Lisboa para a Madeira ao amanhecer do dia 20
de Abril de 1926, utilizando o hidroavião Fokker T.III W número 25, baptizado
«Infante de Sagres». Quando já estavam perto do Funchal depararam com intenso
nevoeiro, ao mesmo tempo que o motor
apresentava sintomas de sobreaquecimento, pelo que resolveram amarar.
Foram encontrados na manhã seguinte por uma embarcação de pesca, a cerca de 13
km do destino. Depois do avião ser reparado voltaram a descolar no dia 9 de
Maio. Quando já se encontravam no Arquipélago dos Açores, uma avaria no sistema
de combustível obrigou-os a amarar na Ilha de Santa Maria. Reparada a avaria,
prosseguiram a viagem para a Ilha de São Miguel, amarando em Vila Franca, por
falta de combustível. Finalmente chegaram ao destino, Ponta Delgada, no dia
seguinte. Por ordem superior, a viagem de volta não se realizou, tendo o avião
regressado a Lisboa a bordo de um navio.
Os Fokker T.III W mantiveram-se no Centro de Aviação Naval
(CAN) do Bom Sucesso, como aviões torpedeiros. Desconhece-se com exactidão a
pintura que usavam. Tinham a fuselagem e as asas numa tonalidade bastante
escura, com a secção dianteira da fuselagem em chapa de alumínio polido.
Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados das asas,
bem como a bandeira nacional, com escudo, no leme de direcção. Os números de
matrícula estavam pintados nos painéis laterais do motor, em grandes algarismos
pretos.
Os Fokker T.III W números 26 e 28 sofreram graves acidentes em 1926,
tendo sido abatidos ao efectivo da A.N.
Os aviões com os números 25 e 27 foram
retirados do serviço em 1933.
Foto: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino
Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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