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19 maio 2012

Fokker T.III W



FOKKER T.III W

Quantidade: 5
Utilizador: Aviação Naval
Entrada ao serviço: 1924
Data de abate: 1933

Dados técnicos:

a.      Tipo de Aeronave

        Hidroavião de flutuadores ou avião terrestre de trem de aterragem convencional fixo, mono-motor, mono-plano de asa baixa, revestimento em contraplacado, três cabinas descobertas em tandem, destinado a bombardeamento e lançamento de torpedos. Tripulação: 2 (piloto e observador).

b.      Construtor

Fokker / Holanda.

c.       Motopropulsor

Motor: 1 motor Rolls-Royce Eagle IX, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 360 hp, ou
          1 motor Napier Lion, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, de 450 hp.                      
Hélice: de madeira, de quatro pás, de passo fixo.

d.      Dimensões

Envergadura …………....…21,30 m
Comprimento …………......13,48 m
Altura (com flutuadores)...…4,35 m
Área alar ……………..…....79,80 m²

e.      Pesos

Peso vazio ………. ………desconhecido
Peso máximo…………...........3.500 kg

f.        Performances

Desconhecido.

g.      Armamento

Bombas e/ou torpedos.

h.      Capacidade de transporte

       Desconhecido.


Resumo histórico:
     O projecto do Fokker T.III tomou por base o hidroavião torpedeiro Fokker T.II, também conhecido por FT, de Fokker Torpedo.
     O T.III era um avião com fuselagem comprida revestida a metal, asas baixas invulgarmente longas e grossas, revestidas a madeira, com os ailerons destacados e um estabilizador vertical desproporcionalmente pequeno. As três cabinas, sem cobertura, estavam posicionadas ao longo da fuselagem, razoavelmente espaçadas. Podiam ser construídos como hidroaviões ou aviões terrestres. 

     O protótipo realizou o primeiro voo em Novembro de 1923. Em Agosto de 1924 sofre um acidente à aterragem, o que provocou algum atraso na construção dos modelos definitivos. Não se encontram referências a eventuais utilizadores, para além da Marinha Portuguesa, o que leva a admitir que foram construídos em quantidade muito reduzida.


Percurso em Portugal:
     Após o enorme sucesso da Primeira Travessia Aérea do Atlântico Sul, realizada em 1922 por Gago Coutinho e Sacadura Cabral, este último arquitectou o ambicioso plano de realizar uma viagem aérea à volta do Mundo, no sentido inverso ao da rota seguida por Fernão de Magalhães.
     Ao fim de muita controvérsia, incluindo acesas discussões no Parlamento, o projecto começou a tomar forma. Uma subscrição pública, levada a efeito em Portugal e no Brasil, serviu para angariar fundos para o empreendimento, completados pelo Ministério da Marinha.

     No Verão de 1923 são encomendados cinco aviões Fokker T.III W, antes do protótipo ter iniciado os voos de teste. 
     Quatro eram hidroaviões de flutuadores, equipados com o motor Rolls-Royce e dispondo de depósitos com capacidade para 1.200 litros de combustível. O quinto estava dotado com trem de aterragem de rodas, utilizava um motor Napier Lion, preparado para usar benzol como carburante. Tinha capacidade para 1.820 litros de combustível. Seria o utilizado na etapa mais longa da viagem projectada.

     Foi este o primeiro Fokker T.III W a ser transportado para Portugal. Pilotado por Sacadura Cabral, descolou de Amesterdão, Holanda, no dia 30 de Agosto de 1924, realizando o voo directo para o Aeródromo Militar da Amadora, onde aterrou no mesmo dia.

     Em 15 de Novembro de 1924, três hidroaviões Fokker T.III W partiram de Amesterdão com destino a Lisboa, voando em grupo. Devido ao nevoeiro, Sacadura Cabral perdeu o contacto com os companheiros e desapareceu no Mar do Norte, ao largo da Bélgica. Os corpos dos tripulantes nunca foram encontrados e parece que, dos destroços do avião, só foi encontrado um flutuador.

     O quinto hidroavião veio para Portugal por via marítima, encaixotado. Tinham os números de construção de 4194 a 4198. A Aviação Naval (A.N.) matriculou-os com a numeração de 25 a 28, não incluindo o número de construção 4196, desaparecido no Mar do Norte. O Fokker terrestre tinha o número de construtor 4198 e a matrícula 28 da A.N.
     Um relatório da A.N. de 1925, referia que, dos quatro Fokker T.III W, só o equipado com motor Napier se encontrava operacional. Nesse mesmo ano verificou-se algum dinamismo na chefia da A.N., começando a recuperação destes aviões, inclusive equipando um deles para instrução de voo sem visibilidade.

     Dois pilotos da A.N. planearam a execução de um voo de ligação aérea no percurso Lisboa-Funchal (Madeira) - Ponta Delgada (Açores) e volta.
     Descolaram de Lisboa para a Madeira ao amanhecer do dia 20 de Abril de 1926, utilizando o hidroavião Fokker T.III W número 25, baptizado «Infante de Sagres». Quando já estavam perto do Funchal depararam com intenso nevoeiro, ao mesmo tempo que o motor  apresentava sintomas de sobreaquecimento, pelo que resolveram amarar. 
     Foram encontrados na manhã seguinte por uma embarcação de pesca, a cerca de 13 km do destino. Depois do avião ser reparado voltaram a descolar no dia 9 de Maio. Quando já se encontravam no Arquipélago dos Açores, uma avaria no sistema de combustível obrigou-os a amarar na Ilha de Santa Maria. Reparada a avaria, prosseguiram a viagem para a Ilha de São Miguel, amarando em Vila Franca, por falta de combustível. Finalmente chegaram ao destino, Ponta Delgada, no dia seguinte. Por ordem superior, a viagem de volta não se realizou, tendo o avião regressado a Lisboa a bordo de um navio.

     Os Fokker T.III W mantiveram-se no Centro de Aviação Naval (CAN) do Bom Sucesso, como aviões torpedeiros. Desconhece-se com exactidão a pintura que usavam. Tinham a fuselagem e as asas numa tonalidade bastante escura, com a secção dianteira da fuselagem em chapa de alumínio polido.
     Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados das asas, bem como a bandeira nacional, com escudo, no leme de direcção. Os números de matrícula estavam pintados nos painéis laterais do motor, em grandes algarismos pretos.
     Os Fokker T.III W números 26 e 28 sofreram graves acidentes em 1926, tendo sido abatidos ao efectivo da A.N. 
     Os aviões com os números 25 e 27 foram retirados do serviço em 1933.


Fontes:
Foto: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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