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10 agosto 2012

Morane-Saulnier

Imagem 1: Morane-Saulnier construído nas OGMA


MORANE - SAULNIER MS-133Et2

MORANE - SAULNIER MS-230Et2

MORANE - SAULNIER MS-233Et2

Quantidades: MS-133: 4
                          MS-230: 1
                            MS-233: 16
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: 1931
Data de abate: 1938

Dados técnicos:

a.      Tipo de Aeronave

         Avião monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com patim de cauda, monoplano de asa “pára-sol” (asa destacada sobre a fuselagem), revestido a tela, dois postos de pilotagem em tandem, de cabinas descobertas, especialmente concebido para instrução de pilotagem. Tripulação: 2 (piloto-instrutor e aluno).

b.      Construtor

Société Anonyme des Aéroplanes Morane-Saulnier / França.
Sob licença : Oficinas Gerais de Material Aeronáutico / Portugal;
                    Desconhecido / Bélgica.

c.       Motopropulsor

Motor (1): MS-130Et2 e MS-230Et2: Salmson 9ABb, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 230 hp;
MS-133Et2 e MS-233Et2: Gnôme et Rhône Titan, de 5 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 230 hp.
Hélice: de madeira, de duas pás, de passo fixo.

d.      Dimensões

Envergadura ……………10,70 m
Comprimento ……….……6,95 m
Altura …………….…..……2,75 m
Área alar ………………..19,50 m²

e.      Pesos

Peso vazio ………. …….…824 kg
Peso máximo…………...1.116 kg

f.        Performances

Velocidade máxima………205 km/h
Velocidade de cruzeiro…..desconhecido
Tecto de serviço………..4.630 m
Raio de acção …………….600 Km

g.      Armamento

1 metralhadora fixa sincronizada com o hélice.

h.      Capacidade de transporte

       Nenhuma.


Imagem 2
Resumo histórico:
     O Morane- Saulnier MS-230 foi o avião de instrução mais utilizado em França durante a década de 1930. Tinha um aspecto singular, com uma única asa destacada sobre a fuselagem, semelhante à asa superior dos biplanos.
     O primeiro modelo desta série de aviões foi designado por Morane-Saulnier MS-130Et2 (“Et2” significava Entrainement de transition, deux places), equipado com motor Salmson de 9 cilindros radiais e 230 hp, cujo protótipo realizou o primeiro voo em 1926. Construíram-se 145 destes aviões.

     Em breve estavam a ser produzidos os Morane-Saulnier MS-133Et2, equipados com motores Gnôme et Rhône Titan de 5 cilindros radiais, debitando igualmente 230 hp, afigurando-se ser a escolha de motor uma questão de opção dos diversos operadores.
     Os aviões dos modelos MS-130Et2 e MS-133Et2 tinham trem de aterragem convencional, com amortecimento por sandows (uma espécie de corda feita com pequenos fios de borracha entrançados, pouco eficientes como amortecedores). Para além disto, as rodas do trem principal encontravam-se ligadas entre si por um eixo horizontal, causador de muitos acidentes.

     Em 1929 entraram ao serviço os modelos MS-230Et2 e MS-233Et2, equipados com motores Salmson e Gnôme et Rhône, respectivamente. A principal diferença entre estes modelos e os anteriores, residia, essencialmente, no trem de aterragem, dotado de amortecedores óleo-pneumáticos e sem o eixo de ligação entre as duas rodas. Desenhados em 1928, os protótipos voaram pela primeira vez em Fevereiro de 1929. Foram usados em grande número de escolas de pilotagem e com muito sucesso.
     Em termos comerciais, foram igualmente um sucesso. Construíram-se cerca de 1.100 MS-230 e MS-233, muitos dos quais para exportação. Foram também produzidos, sob licença, na Bélgica e em Portugal.


Percurso em Portugal:
     O programa de renovação da Aeronáutica Militar (AM) de 1930, previa a construção de um avião moderno de treino avançado nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca.
     A escolha recaiu nos famosos mono-planos franceses Morane-Saulnier, das séries MS-130 ou MS-230, aviões de asa destacada (“pára-sol”), para treino avançado de pilotos, com alguma capacidade de combate e excepcionais possibilidades acrobáticas.
     Conseguida a autorização de construção sob licença, adquiriram-se em França quatro Morane-Saulnier MS-133Et2, com motor Gnôme Rhône Titan e um avião Morane-Saulnier MS-230Et2, com motor Salmson, para se decidir qual viria a ser produzido pelas OGMA.
     Não obstante a presença em Portugal de quatro unidades da série MS-133Et2, a opção foi produzir aviões da versão mais recente, os Morane-Saulnier MS-233Et2.

     Entretanto, as OGMA adquiriram autorização para construir motores Gnôme et Rhône Titan de 5 cilindros rotativos, de 230 hp, facto que muito influenciou na decisão final. Desta forma, a partir de 1931 as OGMA produziram 16 aviões Morane-Saulnier MS-233Et2. Segundo algumas fontes, os aviões construídos nas OGMA foram denominados «Portugal», não estando esclarecido se era, de facto, uma designação oficial.

     Todos os modelos do Morane-Saulnier existentes em Portugal foram colocados no Grupo Independente de Aviação de Protecção e Combate (GIAPC), em Tancos, onde se mantiveram activos até 1938, sendo muito apreciados pelos pilotos, particularmente pela sua elevada capacidade de manobra. Um reduzido número operou na Escola Militar de Aeronáutica (EMA), em Sintra.
     Como os aviões de caça existentes eram obsoletos, os Morane-Saulnier MS-233Et2 foram, durante alguns anos, os aviões a quem foi confiada a defesa aérea de Portugal Continental.
     A AM atribuiu-lhes, inicialmente, a numeração individual de cada unidade. Os da EMA tinham a numeração a partir de 150, e os do GIAPC a partir de 180. Mais tarde, com o sistema de numeração implantado a partir de 1935, coube-lhes o bloco 180, sendo numerados de 180 a 199. Isto conduz à conclusão que, dos 21 Morane-Saulnier que serviram em Portugal, apenas 20 foram contemplados neste esquema de matrículas. 

     Quanto às pinturas, os Morane-Saulnier fabricados em França mantiveram o verde-azeitona, com a secção dianteira da fuselagem e a área em volta das cabinas em chapa polida. 
     Os Morane-Saulnier MS-233Et2 fabricados nas OGMA foram totalmente pintados em alumínio, com as coberturas em chapa, tal como os fabricados em França.
     Todos ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambas as faces das asas e a bandeira nacional, com escudo, num rectângulo no leme de direcção. As matrículas estavam colocadas nos lados da fuselagem, perto do conjunto da cauda e nos lados inferiores das asas, a branco nos aviões pintados de verde-azeitona e a preto nos pintados em alumínio. Apresentavam também, a meio da fuselagem, o galgo amarelo característico dos aviões de Tancos.

      A partir de 1934 o GIAPC de Tancos começou a receber os modernos Hawker Fury, ao mesmo tempo que os Morane-Saulnier foram sendo progressivamente retirados de serviço, processo que terminou em 1938.



Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" – Adelino Cardoso – Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

2 comentários:

R. Vieira disse...

Boa noite,
Apenas uma pequena ressalva, que não desmerece a nota textual: o avião da fotografia que encima o "post" é um Avro 626, fotografado no aeródromo da Granja do Marquês (penso que pouco tempo após ter sido entregue à unidade).
Atentamente,

R. Vieira

altimagem disse...

Obrigado pela chamada de atenção Sr. R. Vieira, pois permitiu a correcção da fotografia que eu, por lapso, tinha colocado. Um abraço!

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