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AUSTER D-5 / 160
AUSTER D-5 / 180
Quantidade:
66
Utilizador:
Força Aérea
Entrada
ao serviço: 1961
Data
de abate: 1976
Dados técnicos:
a.
Tipo de Aeronave (versão OGMA-Auster D-5/160)
Avião
monomotor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com roda de cauda,
monoplano de asa alta, totalmente revestido a tela, cabina integrada na
fuselagem, destinado a missões de observação e ligação.
Tripulação:
1 (piloto).
b.
Construtor
Auster
Aircraft Co. / Grã-Bretanha.
Sob
licença: Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) / Portugal.
c.
Motopropulsor
Motor:
1 motor Lycoming O-320-B2B, de 4 cilindros horizontais arrefecidos por ar, de
160 hp.
Hélice: metálico, de duas pás, de passo fixo.
d.
Dimensões
Envergadura..........................10,97
m
Comprimento..........................7,12 m
Comprimento..........................7,12 m
Altura…………....….................2,41
m
Área
alar........................ …...17,18 m²
e.
Pesos
Peso
vazio……………..........658 Kg
Peso
máximo .....................1.112 Kg
f.
Performances
Velocidade
máxima ……....…211 Km/h
Velocidade
de cruzeiro...........174 Km/h
Tecto
de serviço ………..….3.900 m
Raio
de acção………….….....740 Km
g.
Armamento
Sem
armamento.
h.
Capacidade de transporte
2
passageiros.
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Resumo histórico:
Em 1936 foi fundada nos Estados Unidos da América
a Taylor Aircraft Corporation of América, que se tornou especialista na
construção de aviões ligeiros de turismo. O sucesso obtido justificou a criação
de uma filial inglesa em 1938, a Taylorcraft Aeroplanes (England) Ltd.
Em 1939 a RAF adquiriu 29 dos primeiros 32 aviões
produzidos na Grã-Bretanha, a fim de estudar as possibilidades de serem
utilizados em missões de ligação, observação e regulação de tiro de artilharia.
Como os resultados foram satisfatórios, encomendou 100 exemplares, denominados
Auster D-1, que equiparam a Esquadra 654 a partir de Agosto de 1942.
As versões D-1 a D-3, de dois lugares,
diferenciavam-se principalmente pela maior potência dos motores utilizados nas
versões mais recentes.
Os Auster equiparam 19 esquadras britânicas e
algumas canadianas e holandesas. Estiveram envolvidos no desembarque dos
Aliados no Norte de África e nas campanhas da Sicília e Itália, assim como
acompanharam as Forças Aliadas na sua progressâo a través da Europa, a caminho
da Alemanha.
A partir de 7 de Março de 1946, a Taylorcraft
inglesa passa a denominar-se Auster Aircarft Ltd., tornando-se uma acreditada
fábrica de aviões ligeiros para fins militares e civis. Em 1959 toma a
designação de Beagle-Auster Aircraft Co.
A Beagle-Auster manteve a denominação de Auster
nos aparelhos que produziu, apresentando em 1960 os modelos Auster D-4/108, bilugar com motor
108 hp, o Auster D-5/160, de três lugares, com motor de 160 hp e o Auster
D-5/180 Husky, com motor de 180 hp.. Ambos os D-5 se apresentaram com barbatana
dorsal de estabilização longitudinal e equipados para voo com instrumentos.
Pouco depois apareceu o Auster D-6/180, com motor de 180 hp e revestimento
metálico.
Em 1962 a Beagle-Auster Aircraft fundiu-se com a
Beagle-Miles Aircraft, constituindo a Beagle Aircraft Ltd.
Os grandes utilizadores dos Auster D-5/160 foram
a Grã-Bretanha, Canadá, Holanda, Índia, África do Sul e Portugal.
Percurso em Portugal:
Em 1959, a Força Aérea Portuguesa (FAP) negociou
com a Beagle-Auster a produção de aviões Auster D-4/108 e D-5/160 nas Oficinas
Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca.
O contrato final estabeleceu a aquisição de 170
aparelhos nas seguintes condições:
- 20 aviões construídos na Grã-Bretanha, sendo
cinco do modelo D-4/108 e quinze do modelo D-5/160;
- 150 aviões, dos quais nove Auster D-4/108 e
cento e quarenta e um Auster D-5/160, a ser montados em Portugal pelas OGMA.
O primeiro Auster D-4/108 fabricado na
Grã-Bretanha e destinado a Portugal voou pela primeira vez em 12 de Fevereiro
de 1960, enquanto que o Auster D-5/160 fez o primeiro voo em Abril de 1960.
Desta remessa de 20 aviões, os cinco Auster
D-4/108 foram entregues em 1961 à Direcção Geral da Aeronáutica Civil (DGAC),
pertencente ao Ministério das Comunicações. Onze Auster D-5/160 destinaram-se
ao Ministério do Ultramar (MU), tendo seguido directamente da Grã-Bretanha para
Angola em meados de 1960. Os restantes quatro foram entregues na mesma altura à
FAP, que os enviou para o Ultramar. Os aviões entregues ao MU receberam
simultaneamente matrículas da FAP e civis de Angola.
Em 1960, as OGMA iniciaram a produção de 150
aviões destinados ao Ministério do Ultramar / DGAC e à FAP, que começaram a ser
entregues em 1961, num programa que terminou em 1966.
Na realidade, as OGMA construíram 147 unidades,
das quais nove do modelo Auster D-4/108 e um reduzido número de Auster D-5/180,
tendo o grosso da produção incidido no modelo Auster D-5/160.
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O MU recebeu 38 aviões D-5/160, que distribuiu
por Angola (11), Cabo Verde (3), Moçambique (19), S. Tomé (2) e Timor (3). A
DGAC recebeu 49 aeronaves, sendo nove D-4/108, quatro D-5/180 e trinta e seis
D-5/160, dos quais quatro foram entregues à Guiné.
A FAP recebeu 60 D-5/160, que enviou para os teatros de operações da Guiné, Angola e Moçambique, ficando um reduzido número na Metrópole, na Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos.
A FAP recebeu 60 D-5/160, que enviou para os teatros de operações da Guiné, Angola e Moçambique, ficando um reduzido número na Metrópole, na Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos.
Tanto dos aviões da FAP, como dos aviões do MU,
um número não especificado foi entregue e operado pelas Formações Aéreas
Voluntárias (FAV) de Angola e Moçambique, alguns recebendo matrículas civis,
voltando mais tarde, embora não todos, às matrículas da FAP.
Por outro lado, o Rádio Clube Português adquiriu
cinco Auster D-5/180 directamente à Grã-Bretanha, que ofereceu ao Aero Clube de
Angola em Novembro de 1961, recebendo matrículas civis.
Destes, um apareceu mais tarde na Guiné com a matrícula FAP 3512. Tinha o número de construtor 3670 e foi o único Auster D-5/180 operado pela FAP.
Destes, um apareceu mais tarde na Guiné com a matrícula FAP 3512. Tinha o número de construtor 3670 e foi o único Auster D-5/180 operado pela FAP.
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A FAP atribuiu aos Auster D-5/160 a numeração do bloco 3500. Os números 3501 a 3511 foram atribuídos aos aviões comprados na Grã-Bretanha e entregues ao MU, que operaram com matrículas civis. Os números 3512 a 3515 foram atribuídos aos aviões fabricados na Grã-Bretanha e atribuídos à FAP. Os 60 aviões construídos nas OGMA e entregues à FAP receberam as matrículas de 3516 a 3575. Desenquadrado com o sistema de matrículas, foi atribuído o número 3670 ao Auster D-5/160 (o primeiro construído na Grã-Bretanha para Portugal, como se refere acima).
Referindo unicamente os aviões entregues à FAP, a
relação entre as matrículas atribuídas e os números de construtor (n/c) foram
as seguintes:
Construídos na Grã-Bretanha: 3512 (único D-5/180
da FAP, n/c 3670), 3513 ( n/c 3662), 3514 (3664), 3515 (3665) e 3670 (3651).
Construídos nas OGMA: 3516 a 3521 (n/c 01 a 06),
3522 (08), 3523 a 3545 (11 a 33), 3546 a 3553 (43 a 50), 3554 a 3563 (52 a 61),
3564 (70), 3565 (78), 3566 a 3575 (84 a 93).
A FAP utilizou os Auster D-5/160 essencialmente como aviões de ligação e observação. Nos primeiros tempos da Guerra do Ultramar foram muito usados nas missões de ligação com as pequenas unidades militares espalhadas pelos teatros de operações, transportando correio e medicamentos. Feridos e doentes foram retirados de lugares de difícil acesso pelo Auster, utilizando pistas muito rudimentares. Com o decorrer das operações, tornou-se evidente a sua insuficiente capacidade de transporte e fragilidade para actuar em tão duras condições. Grande quantidade de Auster foram destruídos em acidentes, alguns com a morte dos respectivos tripulantes. Entre 25 de Janeiro de 1961 e 6 de Setembro de 1971 foram contabilizados 48 acidentes com os Auster no Ultramar.
A maioria das Unidades da FAP instaladas em África operaram os Auster D-5/160 até à descolonização dos territórios ultramarinos, em 1974 e 1975. Foram depois entregues aos novos países africanos, que os abandonaram. Em 1975 encontravam-se praticamente todos destruídos ou em estado irrecuperável.
A BA3 dispôs de um reduzido número de Auster
D-5/160 até 1976, ano em que foram retirados de serviço.
Estavam pintados a branco, com a parte inferior
da fuselagem e o capot do motor a vermelho escuro. A insígnia da Cruz de
Cristo, sobre círculo branco, contida num aro vermelho, estava pintada nos
lados da fuselagem, no extra-dorso da asa esquerda e no intradorso da asa
direita, alternando com a matrícula em algarismos vermelhos. A deriva continha
o rectângulo com as cores nacionais, sem escudo, e com a matrícula em
algarismos vermelhos por cima.
O Museu do Ar possui os Auster D-5/160 números
3548 e 3568 no seu inventário.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa /
Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Aviastar.org;
Imagens 3 e 4: Cortesia de Paulo Alegria - Blog DIGITAL HANGAR
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
Imagens 3 e 4: Cortesia de Paulo Alegria - Blog DIGITAL HANGAR
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
6 comentários:
Pilotei durante vários anos os Auster D5 160 integrados nas Formações Aéreas Voluntárias em Angola. Potente e manobrável , operando geralmente em "pistas" feitas à enxada, chamávamos-lhe "trator com asas". Grande "máquina" de que eu -e seguramente todos os meus colegas das FAV's- guardamos imensas recordações e saudades.
Sr. Sérgio Aguiar, agradeço o seu comentário, pois regista um pouco da história e do trajecto desta aeronave, juntamente consigo, em Angola. Um muito obrigado com um abraço aeronáutico!
Por menos crível que possa parecer, só hoje voltei a este "site" do nosso inesquecível Auster D-5/160 razão pela qual só hoje me apercebi, também, dos amáveis comentário e abraço aeronáutico que o Sr. Carlos Pedro me dirigiu.
Apesar disso, sei que não achará tardio o meu muito sentido "Obrigado" pois jamais sairá de qualquer tempo a paixão que visivelmente nos une à volta do "velho" Auster. E é com a maior consideração que, igualmente, retribuo o amável abraço enviado.
Obrigado, Sr. Sérgio Aguiar, pelas suas amáveis palavras. É um prazer receber a sua visita. Disponha sempre. Obrigado por ser quem é e envio grande abraço aeronáutico!
Gostava de saber de que modelo e matrícula era o Auster operado pela TAGP-Transportes Aéreos da Guiné Portuguesa.Antecipadante grato.
Sr. Almerindo Magalhães, agradeço o seu contacto. No entanto, lamento informar que, apesar de várias pesquisas, não consegui obter o modelo e matrícula do Auster operado pela TAGP. Receba a minha gratidão e abraço aeronáutico.
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