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DOUGLAS B-26B INVADER
DOUGLAS B-26C INVADER
DOUGLAS RB-26C INVADER
DOUGLAS B-26C INVADER
DOUGLAS RB-26C INVADER
Quantidade:
7
Utilizador:
Força Aérea
Entrada
ao serviço: Junho de 1965
Data
de abate: 1974
Dados técnicos:
a.
Tipo de Aeronave
Avião
bimotor terrestre, de trem de aterragem triciclo retráctil, mono-plano de asa
média, revestimento totalmente metálico, cabina integrada na fuselagem,
destinado a missões de ataque ao solo e bombardeamento táctico. Tripulação: 3
(2 pilotos e navegador).
b.
Construtor
Douglas
Aircraft Comp. / USA.
c.
Motopropulsor
Motores:
2 motores Pratt & Whitney R-2800-79, de 18 cilindros radiais em dupla
estrela, arrefecidos por ar, de 2.000 hp.
Hélices:
metálicos, de três pás, de passo variável e posição de bandeira.
d.
Dimensões
Envergadura......................21,33
m
Comprimento…................15,21
m
Altura………….…................5,61
m
Área
alar....................…....48,60 m²
e.
Pesos
Peso
vazio……………..10.156 Kg
Peso
máximo................15.890 Kg
f.
Performances
Velocidade
máxima ……..…570 Km/h
Velocidade
de cruzeiro.........457 Km/h
Tecto
de serviço ………....9.500 m
Raio
de acção....................2.260 Km
g.
Armamento
10
metralhadoras Browning de 0,50 polegadas (6
na secção do nariz e 4 na torre dorsal);
2.000
Kg de bombas.
h.
Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
Existe alguma confusão entre dois
modelos de aviões, muitas vezes referidos pela mesma designação: O B-26
Marauder, construído em 1940 pela Glenn L. Martin, e o B-26 Invader, da
Douglas, levando a admitir erradamente que ambos seriam fruto de um único
estudo, produzido por construtores diferentes.
Na realidade, a designação
atribuída inicialmente ao Invader foi de A-26, dado que se tratava de um avião
de ataque ao solo. Só em 1947, com a constituição da Força Aérea dos Estados
Unidos (USAF), a retirada de serviço dos B-26 Marauder e a remodelação das designações
dos aviões militares americanos, é que lhe foi atribuída a designação Douglas
B-26 Invader.
O A-26 Invader foi o ponto alto
do desenvolvimento do Douglas A-26 Havoc, também vocacionado para ataque ao
solo e bombardeamento táctico, do qual foram construídas 7.385 unidades.
A Força Aérea do Exército dos
Estados Unidos (USAAF) encomendou em Maio de 1941 a construção de três
protótipos:
- O XA-26A, com oito
metralhadoras de 0,50 polegadas ou quatro canhões de 20 mm fixas na secção do
nariz, quatro metralhadoras de 0,50 polegadas numa torre dorsal comandada à
distância, mais seis metralhadoras de 0,30 polegadas em suportes nas asas e
capacidade para transportar 3.630 Kg de bombas num compartimento interno;
- O XA-26B, com dez metralhadoras
Browning 0,50 polegadas, seis fixas na secção do nariz e duas em cada uma das
torres dorsal e ventral, com capacidade para transportar 1.814 Kg de bombas num
compartimento interno e 907 Kg em suportes sob as asas;
- O XA-26C, destinado a missões
de bombardeamento, só com duas metralhadoras de 0,50 polegadas no nariz e
quatro na torre dorsal, com a secção do nariz transparente, equipamento de
navegação melhorado e radar panorâmico H2S.
O primeiro protótipo inaugurou os
voos de ensaio em 10 de Julho de 1942. Entretanto foram ensaiadas diversas
composições de armamento, entre as quais a utilização de canhões de 75 mm.
A primeira produção em série,
iniciada em 1943, foi a versão de ataque ao solo e bombardeamento médio,
designada por A-26B Invader, que entrou ao serviço em meados de 1944 e da qual
foram construídos 1.355 exemplares.
O A-26B Invader era um avião
muito mais veloz que qualquer outro bombardeiro táctico e considerado um dos
melhores aviões de ataque ao solo da época, excepto o britânico De Havilland
Mosquito, tendo a vantagem sobre este de transportar o dobro do peso de bombas.
A sua principal característica, no entanto, residia no enorme potencial de fogo
das seis metralhadoras instaladas na secção do nariz e quatro na torre dorsal
com controle à distância (com possibilidade de disparar para a frente,
juntando-se ao fogo das armas do nariz), às quais se podiam adicionar mais dez,
fixadas em suportes exteriores. A este poder de fogo devastador, juntava-se a
capacidade de transportar internamente 2.000 Kg de bombas. Com tal capacidade
de combate, o Douglas B-26 Invader foi considerado dos melhores aviões de
ataque ao solo da época.
Integrados na 9ª Força Aérea do
Exército dos Estados Unidos, tiveram o baptismo de fogo em 14 de Novembro de
1944. Até ao final da II Guerra Mundial largaram 18.000 toneladas de bombas
sobre alvos na Europa.
O modelo A-26C, que entrou ao
serviço em Janeiro de 1945, foi construído para missões de bombardeamento, com
menor quantidade de metralhadoras, devido à secção do nariz ser transparente,
dispondo do mais moderno equipamento de navegação, além do radar panorâmico
H2S. Foram construídos 1.091 aviões deste modelo.
Foram produzidas algumas versões
para missões especiais, como a FA-26 (mais tarde RB-26) para missões de
fotografia aérea.
A Marinha dos Estados Unidos (US
Navy) também utilizou os A-26, atribuindo-lhes a designação JD-1.
Depois do fim da II Guerra
Mundial, muitos dos A-26 retirados do serviço de primeira linha foram
convertidos em TB-26 (de instrução), CB-26 (de transporte), e DB-26 (lançadores
de veículos de controle remoto – Drones).
A história do Douglas A-26
Invader, depois de 1947 designado por Douglas B-26 Invader, é pouco vulgar. Foi
dos pouquíssimos aviões a ser inteiramente idealizado, projectado, desenvolvido
e utilizado, tudo durante a II Guerra Mundial. As linhas de produção foram
encerradas depois da capitulação do Japão.
Com o desenvolvimento dos novos
aviões a reacção, a Douglas não fez qualquer esforço para o aperfeiçoar, nem a
Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) demonstrou interesse em que isso se
verificasse. Assim, poderia ser considerado um avião ultrapassado, com a vida
útil terminada, mas assim não aconteceu. Voltaram a ser utilizados na Guerra da
Coreia, onde desempenharam missões de vital importância.
Em Fevereiro de 1963 a USAF
contratou uma empresa especializada – a On Mark – para, a partir de um B-26
normal, estudar e construir um protótipo para operações anti-guerrilha, tomando
a designação de YB-26K Counter-Invader.
Entre as modificações
introduzidas destacam-se os motores Pratt & Whitney de 2.500 hp, asas
reforçadas para suportar maior peso de armamento suspenso, maior autonomia com
a instalação de depósitos de combustível nas pontas das asas, para além de
poderem ser transformados para missões de ataque ao solo ou fotografia aérea,
bastando para tal a substituição da secção do nariz, o que se fazia com rapidez
e facilidade.
Em Outubro de 1963, depois de
testes intensivos e melhoramentos, a USAF contratou a conversão de 40 aviões
B-26 Invader em B-26K Counter-Invader.
O primeiro B-26K fez o voo de
teste em 25 de Maio de 1964 e o último B-26K em 15 de Abril de 1965. Enviados
para o Vietname inteiramente pintados de preto, foram uma das melhores
plataformas de ataque nocturno à rota de Ho-Chi-Minh.
Em 1975, passados 33 anos desde a
primeira entrega, ainda se encontravam B-26 em unidades de combate americanas,
um recorde que nenhum outro avião de combate conseguiu igualar.
Percurso em Portugal:
Desde o início da Guerra do
Ultramar (1961-1974) que a Força Aérea Portuguesa (FAP) fazia enormes esforços
no sentido de adquirir meios para combater em África, geralmente frustrados
devido ao embargo determinado pela ONU.
No estudo do material disponível
no mercado internacional, foi considerada a possibilidade de se adquirir alguns
Douglas B-26 Invader, excedentes da II Guerra, que os Estados Unidos tinham à
venda e que, apesar de antigos, representavam uma boa arma de apoio táctico.
O pedido oficial para a compra de
29 aviões B-26 deparou com a recusa formal e definitiva do Departamento de
Estado dos Estados Unidos da América.
Numa tentativa de contornar a
situação, em 1965 foram estabelecidos contactos com um fornecedor particular
americano, a Aero Associates, de Tucson, Arizona, para o fornecimento de 20
aviões B-26.
Foi contratado um piloto inglês
(John Hawke, ex-piloto da RAF, que na altura vendia enciclopédias na Florida)
que transportou sete B-26 Invader, iludindo as autoridades americanas,
declarando que se destinavam a França para serem convertidos em aviões executivos
com motor turbo-hélice. Estes aviões aterraram na Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos,
em Junho e Agosto de 1965.
Quando se preparava para o
transporte do oitavo avião o piloto foi detido pelas autoridades
norte-americanas, o que encerrou em definitivo o fornecimento de B-26 a
Portugal.
Destes sete aviões, cinco eram da
versão B-26B, um da versão B-26C e outro da versão RB-26C. Receberam as
seguintes matrículas da FAP, correspondendo aos números de série que se indicam
entre parêntesis: 7101 (44-34535), 7102 (44-34328), 7103 (44-35631), 7104
(44-34726A), 7105 (43-22427), 7106 (44-39517AF) e 7107 (44-35363). Os dois
últimos eram B-26C e RB-26C, respectivamente.
Não obstante o criterioso sistema
de matrículas então em uso na FAP, as matrículas atribuídas aos três primeiros
aviões tinham pertencido aos antigos e já abatidos Grumman S-16A Albatross
(7101 a 7103), para o que não se encontra outra razão plausível que o disfarçar
estas aeronaves no conjunto da frota da FAP, tanto mais que o bloco 7000 tinha
muitas vagas.
Foram entregues às Oficinas
Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), Alverca, onde sofreram grande revisão de
manutenção, ao mesmo tempo que foram uniformizados no modelo B-26B, com
excepção do número 7102, que foi transformado em B-26C, com nariz transparente
para missões de reconhecimento. No decorrer dos trabalhos foi detectada uma
corrosão em alto grau no 7104, sendo excluído do processo de remodelação.
Estavam equipados com quatro
metralhadoras de calibre 0,50 polegadas, instaladas no nariz, e suportes nas
asas para bombas e foguetes. As bombas também podiam ser transportadas
internamente, o que na prática não se aplicava, por o respectivo compartimento
estar normalmente ocupado com depósitos suplementares de combustível com
capacidade para 14.000 litros. O 7102, com nariz transparente, tinha seis (3+3)
metralhadoras instaladas nas asas, além de suportes para armamento.
Os B-26 foram pintados em
alumínio com o dorso em branco e um filete de separação ao longo da fuselagem,
em azul escuro. A secção da fuselagem em frente da cabina estava pintada em
preto anti-reflexo. Apresentavam a insígnia da Cruz de Cristo, sobre círculo
branco circundado por um estreito aro azul, no extra-dorso da asa esquerda, no
intradorso da asa direita e em ambos os lados da fuselagem. As cores nacionais,
sem escudo, em forma rectangular, estavam colocadas nas faces do estabilizador
vertical. Os números de matrícula apresentavam-se em algarismos pretos nas
asas, alternando com a insígnia, bem como sobre os rectângulos das cores nacionais
do estabilizador vertical.
O primeiro voo destes aviões,
depois de transformados nas OGMA, ocorreu no dia 26 de Setembro de 1967,
provavelmente o 7104, que posteriormente foi retirado de serviço por excesso de
corrosão. Depois foi o 7106 no dia 28 de Julho de 1969, seguindo-se o 7107 em 9
de Setembro de 1970. O grande espaçamento entre datas foi originado pelos
inúmeros problemas que se levantaram à aquisição de sobressalentes.
Os B-26 foram instalados na BA3,
agrupados numa Esquadra que se intitulava de “Diabos Vermelhos”, cujo
distintivo se encontrava nos lados do nariz, constituído por uma estrela azul
de seis pontas e, sobre esta, um diabo vermelho a fugir de uma bomba preta. Nos
lados do estabilizador vertical, por cima das cores nacionais, estava pintado
um grande “D” em vermelho.
Os B-26 disponíveis, raramente
mais de dois, eram utilizados em missões de ensaios de bombas e foguetes.
Estiveram destacados na Ilha da Madeira durante um curto espaço de tempo. Em
1970 foram destacados para a Guiné com a finalidade de serem testados em clima
tropical.
Finalmente, em Dezembro de 1971
os seis B-26 Invader seguiram para Angola. Foram colocados na Base Aérea Nº 9 (BA9), Luanda,
reavivando a Esquadra 93, anteriormente equipada com os F-84G Thunderjet, já
retirados do serviço operacional. Realizaram missões de interdição e
reconhecimento, numa actuação pouco conhecida, mas que se presume relativamente
reduzida.
Devido ao aparecimento de mísseis
na Guiné e em Moçambique, em 1973 passaram para o esquema de pintura
inteiramente em verde-azeitona anti-radiação, com as insígnias da FAP em
formato reduzido.
Dos seis aviões deslocados para
Angola nenhum regressou a Portugal. Abatidos em 1974, foram abandonados em
Luanda. É provável que o 7101 tenha sido salvo da destruição total e se
encontre em Cuba, em exposição.
O 7104 – que apresentava corrosão
irrecuperável – foi entregue ao Museu do Ar.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa /
Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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