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Centenário da Aviação Militar Portuguesa
Passados 100 anos da publicação
da Lei 162 de 14 de maio de 1914, que criou a Escola de Aeronáutica Militar
(compreendia os Serviços de Aviação e Aeroestação do Exército e uma Secção de
Marinha anexa à escola para instrução e serviço de hidroplanos) é o momento
para refletir sobre as origens da componente militar da aviação e comemorar o
êxito do esforço de muitas gerações de Homens que acreditaram na Causa do Ar e
ajudaram a construir a Força Aérea Portuguesa, hoje herdeira das tradições da
Aviação Militar.
A imensa vontade de conquistar os
espaços, a curiosidade e o grande interesse demonstrados por muitos
particulares e pela população portuguesa em geral relativamente aos
“aeroplanos” conduziram a inúmeras atividades que, numa primeira fase, foram
desenvolvidas exclusivamente com objetivos meramente comerciais e lúdicos de
demonstração das novas possibilidades de locomoção aérea.
No entanto, simultaneamente, no
seio militar surgiu um movimento aglutinador organizado e direcionado para a
formação de uma entidade que se ocupasse dos assuntos da aviação então
emergente. Neste sentido, à semelhança do que sucedeu em diversos outros
países, concretamente em França, foi constituído em 1909, o Aeroclube de
Portugal, o qual através de diversas iniciativas permitiu que a aviação
desportiva fosse divulgada e estimulada com as primeiras demonstrações aéreas
em Lisboa e na Amadora.
Assim, em 27 de outubro de 1909
no hipódromo de Belém, em Lisboa, o francês Armand Zipfel efetuou um voo de
poucos metros, que embora tenha sido o primeiro em Portugal, pela reduzida
duração não foi considerado como tal. Seguiram-se outras iniciativas e em 1910,
no mesmo local, um acontecimento relevante ficou para a História da
Aeronáutica, os aviadores Amadeo Taddéoli e Julian Mamet apresentaram a grande
novidade da época o avião Blériot XI, que no ano anterior se tinha tornando
internacionalmente conhecido pela travessia do Canal da Mancha entre França e Inglaterra.
Com esta aeronave Julian Mamet realizou em 27 de abril, o primeiro voo
registado oficialmente em Portugal.
O primeiro piloto português a
obter a licença de voo foi Óscar Blank, residente em Paris, tendo efectuado o
seu primeiro voo no aeródromo de Juvisy em 1909. Também Alberto Sanches e
Castro, em setembro de 1912, descolou do Mouchão da Póvoa para o primeiro voo
em Portugal tripulado por um português.
A forte adesão popular às
demonstrações aéreas foi também estimulada pela imprensa como os jornais “O
Século”, que através de várias subscrições públicas para compra de aeronaves,
veio a adquirir um Deperdussin e dois Voisin, e o “Comércio do Porto”, tendo
este último adquirido um Maurice Farman que voou na cidade do Porto, em
setembro de 1912. O Deperdussin e o Maurice Farman vieram posteriormente a ser
integrados na Aviação Militar.
Este encadeamento de acontecimentos
e a previsível utilização do “aeroplano” como arma aérea teve como resultado a
preparação de um projeto de lei para a criação de um “Instituto de Aviação
Militar” apresentado na Câmara dos Deputados em 1912, pelo Dr. António José de
Almeida. Embora este diploma não tenha sido aprovado, pela sua profundidade e
abrangência impulsionou a criação de uma Comissão de Aeronáutica Militar que se
veio a ocupar dos estudos subsequentes, definitivamente marcantes na evolução
da Aviação em Portugal.
A Comissão, formada por um grupo
de precursores estudiosos da problemática da aeronáutica, defenderam que seria
fundamental prosseguir um caminho construtivo, mas faseado, assumindo como
prioridade a edificação de uma escola com áreas de descolagem e aterragem que obedecessem
a critérios e requisitos que permitissem a operação das aeronaves e o respeito
pelas condições que pudessem garantir uma atividade aérea tão segura quanto
possível para a época.
Igualmente, para além das
infraestruturas, preconizavam a formação de pilotos que após a respetiva
preparação se constituiriam como instrutores da escola e assim pudessem
desenvolver e formar militares para esta nova área de especialização
profissional.
Por último, pretendiam que as aeronaves fossem adquiridas para estarem disponíveis o mais tarde possível relativamente à data requerida para início da instrução de pilotagem, e assim, não se perder o retorno dos últimos avanços técnicos que de dia para dia evoluíam sem cessar.
A Aviação Militar seguiu nestas
circunstâncias um conceito evolutivo de criação e desenvolvimento que acabou
por se refletir num período de cerca de dois anos entre a publicação da
legislação e o primeiro voo da Escola de Aeronáutica Militar de Vila Nova da
Rainha efetuado por um piloto militar português numa aeronave do Ministério da
Guerra.
É por este motivo que as
comemorações do centenário da Aviação Militar se vão desenvolver ao longo de
dois anos, o biénio 2014 a 16, correspondente ao período do levantamento das
infraestruturas, estrutura organizativa, formação dos pilotos no estrangeiro e
criação das condições necessárias e suficientes ao funcionamento da escola, ou
seja, a realização de cursos de pilotagem.
A publicação da referida Lei nº
162 de 14 de maio de 1914, que criou a Escola de Aeronáutica em Vila Nova da
Rainha, “Berço da Aviação Militar Portuguesa”, permite-nos hoje comemorar 100
anos, valorando justamente a memória de todos os que ao longo de décadas
cumpriram a sua missão com dedicação, rigor e entusiasmo e contribuíram para a
Força Aérea que hoje orgulhosamente somos.
No dia 14 de Maio de 2014 realizou-se a
cerimónia de Abertura Solene das Comemorações do Centenário da Aviação Militar.
O evento teve lugar no Auditório da Academia da Força Aérea, em Sintra, e foi
presidido pelo Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Artur
Pina Monteiro. Contou ainda com a presença da Secretária de Estado Adjunta e da
Defesa Nacional, Berta Cabral, do Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, do
Chefe do Estado-Maior da Armada e do Vice-Chefe do Estado-Maior do Exército.
Imagem 3: Inauguração do Monumento alusivo ao Centenário da Aviação Militar Portuguesa. Cortesia de emfa.pt |
Após
a cerimónia, os presentes foram convidados a assistir à inauguração de um
monumento alusivo ao Centenário da Aviação Militar, na Base Aérea N.º 1
(Sintra) (ver imagem 3). De seguida, decorreu uma visita ao Museu do Ar, onde está patente a
exposição fotográfica “Génese da Aviação Militar”.
As comemorações do Centenário da Aviação Militar estendem-se até 2016, com várias actividades previstas.
É possível consultar mais informação no website Oficial do Centenário - criado para o efeito – e que está também associado aos 62 anos que a Força Aérea Portuguesa completa em 2014.
As comemorações do Centenário da Aviação Militar estendem-se até 2016, com várias actividades previstas.
É possível consultar mais informação no website Oficial do Centenário - criado para o efeito – e que está também associado aos 62 anos que a Força Aérea Portuguesa completa em 2014.
Para ver todas as informações sobre o Centenário da Aviação Militar em Portugal, pode ver o
Website oficial do Centenário da Aviação Militar em Portugal
Fontes:
Imagem 1: Logótipo vencedor do concurso do Logótipo do Centenário da Aviação Militar em Portugal, da autoria de Rafael Filipe Fernandes, de Mirandela. Ver mais em Estado-Maior da Força Aérea;
Imagem 2: EMFA / AHFA - Estado- Maior da Força Aérea / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 3 e texto: Cortesia de Estado-Maior da Força Aérea.(texto original)
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