(continuação)
Imagem 6: © Carlos Pedro - Em primeiro plano, Fiat G-91 R/4. Atrás, Fiat G-91 T/3. |
Percurso em Portugal:
Em 1965, com a Guerra do Ultramar em fase muito
activa, Portugal tinha grande necessidade de adquirir armamento, o que se
tornava difícil, devido ao embargo imposto pela ONU. Poucos eram os países que
vendiam armamento a Portugal, de forma mais ou menos camuflada. Entre estes
destacava-se a República Federal da Alemanha e a França.
A Força Aérea Portuguesa (FAP) debatia-se com a
falta de aviões modernos de apoio táctico, com os velhos F-84G Thunderjet no
limite da sua vida e os F-86F Sabre impossibilitados de operar em África por
imposição da NATO.
É neste cenário que o Governo Português obtém em Outubro de 1965 o fornecimento de 40 aviões Fiat G-91 R/4 por parte da República Federal da Alemanha.
Como atrás foi referido, a versão G-91 R/4 foi
especialmente construída para a Grécia e Turquia, que desistiram da aquisição
quando os 50 aviões encomendados já estavam construídos, sendo então adquiridos
pelo Governo Alemão fora do âmbito da NATO. Considerando que podia dispor deles
sem qualquer sujeição à NATO, vendeu-os a Portugal. Alguns investigadores sugerem
que se tratou de um “grande malabarismo diplomático”, pois quando os aviões
foram construídos já teriam como destino Portugal.
Imagem 7: Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/ |
No dia 4 de Dezembro de 1965 chegou a Alverca o
primeiro Fiat G-91 R/4, vindo a voar de Furstenfeldbruck.
Durante o ano seguinte chegaram os restantes 39. Estavam equipados com 4 metralhadoras Colt-Browning M3 de 12,7 mm e com nariz de reconhecimento, onde podiam ser instaladas três máquinas fotográficas Vinten F95.
Durante o ano seguinte chegaram os restantes 39. Estavam equipados com 4 metralhadoras Colt-Browning M3 de 12,7 mm e com nariz de reconhecimento, onde podiam ser instaladas três máquinas fotográficas Vinten F95.
Depois de inspeccionados e pintadas as insígnias
e marcas das identificações nacionais, nas Oficinas Gerais de Material
Aeronáutico (OGMA), em Alverca, seguiram para a Base Aérea N° 5 (BA5), Monte Real.
Até Julho de 1968, os Fiat G-91 faziam as grandes
revisões de manutenção (IRAN) em Itália, para onde eram transportados em voo ou
por via aérea, desmontados. A partir dessa data e até à sua retirada de
serviço, os IRAN foram tarefas desempenhadas pelas OGMA.
A FAP atribuiu as matrículas que
correspondiam aos números de construtor, indicado entre parêntesis: 5401 (91-4-0109),
5402 (91-4-0114), 5403 (91-4-0115), 5404 (91-4-0117), 5405 (91-4-0118), 5406
(91-4-0126), 5407 (91-4-0132), 5408 (91-4-0153), 5409 (91-4-0090), 5410 (91-4-0131),
5411 (91-4-0144), 5412 (91-4-0149), 5413 (91-4-0138), 5414 (91-4-0133), 5415
(91-4-0147), 5416 (91-4-0148), 5417 (91-4-0110), 5418 (91-4-0121), 5419 (91-4-0129),
5420 (91-4-0130), 5421 (91-4-0135), 5422 (91-4-0139), 5423 (91-4-0146), 5424
(91-4-0152), 5425 (91-4-0100), 5426 (91-4-0101), 5427 (91-4-0111), 5428 (91-4-0112),
5429 (91-01166), 5430 (91-4-0134), 5431 (91-4-0136), 5432 (91-4-0145), 5433
(91-4-0119), 5434 (91-4-0120), 5435 (91-4-0127), 5436 (91-4-0128), 5437 (91-4-0141),
5438 (91-4-0142), 5439 (91-4-01463) e 5440 (91-4-0151).
Imagem 8: © Carlos Pedro - Fiat G-91 / T3 |
Após um curto período de adaptação na BA5,
integrados na Esquadra 51, sete Fiat G-91 foram colocados na Base Aérea Nº 12 (BA12), Bissalanca,
Guiné, onde a partir de Julho de 1966 constituíram a Esquadra 121, denominada
“Tigres” (ver imagem 9). Actuaram em missões de reconhecimento fotográfico e visual,
bombardeamento, apoio de fogo e escolta de protecção às tropas de superfície.
Os pilotos portugueses que operaram o Fiat G-91
no Ultramar não souberam, em regra, tirar todo o rendimento do equipamento
fotográfico, aliás de excelente qualidade, de que o avião dispunha. Normalmente,
preferiam utilizar a câmara frontal, mais fácil de operar mas com pouco
interesse sob o ponto de vista de interpretação fotográfica, por não fornecer
imagem estereoscópica.
Imagem 9: Emblema da Esquadra 121, BA12. |
As câmaras vertical e lateral, mais difíceis de
operar, eram rejeitadas pelos pilotos, apesar de proporcionarem imagens
estereoscópicas, que forneciam muito mais informação do que as imagens obtidas
com a câmara frontal.
A partir de 1967, o inimigo apresentou melhor
capacidade de fogo, utilizando armamento antiaéreo pesado, culminando com os
mísseis terra-ar SAM-7 Strella, que começaram a operar em 1973, conseguindo
abater alguns aviões, entre eles três Fiat G-91. Esta nova situação obrigou à
aplicação de novos métodos de operação.
Em 1968 apareceram dois MIG 17 em atitude
intimidatória durante o desenrolar de uma operação militar, o que levou à
instalação de mísseis ar-ar Sidewinder nos Fiat G-91, que nunca foram utilizados.
Os Fiat G-91 da Esquadra 121 operaram durante
oito anos, realizando cerca de 10.000 horas de voo, com cinco aviões
destruídos, para além dos atingidos pelos fogo inimigo que conseguiram
regressar à Base.
(continua)
Fontes (terceira parte):
- Imagens 6 e 8: © Carlos Pedro, Blog Altimagem;
- Imagem 7: Cortesia de Paulo Alegria, Blog Digital Hangar;
- Imagem 9 e texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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