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09 maio 2014

Fiat G-91 (terceira parte)

Ver  Fiat G-91 (primeira parte)


(continuação)

Imagem 6: © Carlos Pedro - Em primeiro plano, Fiat G-91 R/4. Atrás, Fiat G-91 T/3.


Percurso em Portugal:
     Em 1965, com a Guerra do Ultramar em fase muito activa, Portugal tinha grande necessidade de adquirir armamento, o que se tornava difícil, devido ao embargo imposto pela ONU. Poucos eram os países que vendiam armamento a Portugal, de forma mais ou menos camuflada. Entre estes destacava-se a República Federal da Alemanha e a França.
     A Força Aérea Portuguesa (FAP) debatia-se com a falta de aviões modernos de apoio táctico, com os velhos F-84G Thunderjet no limite da sua vida e os F-86F Sabre impossibilitados de operar em África por imposição da NATO.

     É neste cenário que o Governo Português obtém em Outubro de 1965 o fornecimento de 40 aviões Fiat G-91 R/4 por parte da República Federal da Alemanha.
     Como atrás foi referido, a versão G-91 R/4 foi especialmente construída para a Grécia e Turquia, que desistiram da aquisição quando os 50 aviões encomendados já estavam construídos, sendo então adquiridos pelo Governo Alemão fora do âmbito da NATO. Considerando que podia dispor deles sem qualquer sujeição à NATO, vendeu-os a Portugal. Alguns investigadores sugerem que se tratou de um “grande malabarismo diplomático”, pois quando os aviões foram construídos já teriam como destino Portugal.

Imagem 7: Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/

     No dia 4 de Dezembro de 1965 chegou a Alverca o primeiro Fiat G-91 R/4, vindo a voar de Furstenfeldbruck.
     Durante o ano seguinte chegaram os restantes 39. Estavam equipados com 4 metralhadoras Colt-Browning M3 de 12,7 mm e com nariz de reconhecimento, onde podiam ser instaladas três máquinas fotográficas Vinten F95.
     Depois de inspeccionados e pintadas as insígnias e marcas das identificações nacionais, nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca, seguiram para a Base Aérea N° 5 (BA5), Monte Real.
     Até Julho de 1968, os Fiat G-91 faziam as grandes revisões de manutenção (IRAN) em Itália, para onde eram transportados em voo ou por via aérea, desmontados. A partir dessa data e até à sua retirada de serviço, os IRAN foram tarefas desempenhadas pelas OGMA.

     A FAP atribuiu as matrículas que correspondiam aos números de construtor, indicado entre parêntesis: 5401 (91-4-0109), 5402 (91-4-0114), 5403 (91-4-0115), 5404 (91-4-0117), 5405 (91-4-0118), 5406 (91-4-0126), 5407 (91-4-0132), 5408 (91-4-0153), 5409 (91-4-0090), 5410 (91-4-0131), 5411 (91-4-0144), 5412 (91-4-0149), 5413 (91-4-0138), 5414 (91-4-0133), 5415 (91-4-0147), 5416 (91-4-0148), 5417 (91-4-0110), 5418 (91-4-0121), 5419 (91-4-0129), 5420 (91-4-0130), 5421 (91-4-0135), 5422 (91-4-0139), 5423 (91-4-0146), 5424 (91-4-0152), 5425 (91-4-0100), 5426 (91-4-0101), 5427 (91-4-0111), 5428 (91-4-0112), 5429 (91-01166), 5430 (91-4-0134), 5431 (91-4-0136), 5432 (91-4-0145), 5433 (91-4-0119), 5434 (91-4-0120), 5435 (91-4-0127), 5436 (91-4-0128), 5437 (91-4-0141), 5438 (91-4-0142), 5439 (91-4-01463) e 5440 (91-4-0151).

Imagem 8: © Carlos Pedro - Fiat G-91 / T3


     Após um curto período de adaptação na BA5, integrados na Esquadra 51, sete Fiat G-91 foram colocados na Base Aérea Nº 12 (BA12), Bissalanca, Guiné, onde a partir de Julho de 1966 constituíram a Esquadra 121, denominada “Tigres” (ver imagem 9). Actuaram em missões de reconhecimento fotográfico e visual, bombardeamento, apoio de fogo e escolta de protecção às tropas de superfície.
     Os pilotos portugueses que operaram o Fiat G-91 no Ultramar não souberam, em regra, tirar todo o rendimento do equipamento fotográfico, aliás de excelente qualidade, de que o avião dispunha. Normalmente, preferiam utilizar a câmara frontal, mais fácil de operar mas com pouco interesse sob o ponto de vista de interpretação fotográfica, por não fornecer imagem estereoscópica.

Imagem 9: Emblema da
Esquadra 121, BA12.
     As câmaras vertical e lateral, mais difíceis de operar, eram rejeitadas pelos pilotos, apesar de proporcionarem imagens estereoscópicas, que forneciam muito mais informação do que as imagens obtidas com a câmara frontal.
     A partir de 1967, o inimigo apresentou melhor capacidade de fogo, utilizando armamento antiaéreo pesado, culminando com os mísseis terra-ar SAM-7 Strella, que começaram a operar em 1973, conseguindo abater alguns aviões, entre eles três Fiat G-91. Esta nova situação obrigou à aplicação de novos métodos de operação.
     Em 1968 apareceram dois MIG 17 em atitude intimidatória durante o desenrolar de uma operação militar, o que levou à instalação de mísseis ar-ar Sidewinder nos Fiat G-91, que nunca foram utilizados.

     Os Fiat G-91 da Esquadra 121 operaram durante oito anos, realizando cerca de 10.000 horas de voo, com cinco aviões destruídos, para além dos atingidos pelos fogo inimigo que conseguiram regressar à Base.

(continua)



Fontes (terceira parte):

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