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18 outubro 2014

Vought A-7 Corsair II (segunda parte)

Ver  Vought A-7 Corsair II (primeira parte)

(continuação)

Imagem 4: Vought TA-7P Corsair II - Cortesia de emfa.pt

Percurso em Portugal:
     Desde 1980, ano em os aviões de reacção F-86F Sabre foram retirados de serviço da Força Aérea Portuguesa (FAP), que se vivia na expectativa da chegada de novos aviões de caça que, segundo tudo levava a crer, seriam os Northrop F-5E Tiger II. Contudo, tal nunca se concretizou.
     Em vez dos caças referidos, os Estados Unidos propuseram o fornecimento de LTV A-7 Corsair II, com fraca capacidade para missões de intercepção aérea, mas bem dotados para missões de interdição e ataque a alvos de superfície.
     Estes aviões eram A-7A Corsair II excedentes da US Navy. As células foram reconstruídas pelo fabricante, aplicados motores mais potentes e equipados com aviónicos modernos, englobando alguns componentes do A-7B e outros do A-7E. Dado que esta versão foi específica para Portugal, recebeu a designação de A-7P.
     As características deste avião tornavam-no especialmente adequado à dispersão territorial portuguesa. Com efeito, o A-7P podia descolar do Continente com 3.000 Kg de armamento, atacar um alvo na área dos Açores e voltar ao Continente.
     O primeiro fornecimento foi de 20 unidades, todos A-7P Corsair II. Em 24 de dezembro de 1981 chegaram nove aviões, em Fevereiro de 1982 mais três, e os restantes até meados desse ano. O último chegou no dia 29 de Setembro de 1982.
     A FAP atribuiu-lhes as matrículas de 5501 a 5520. A correspondência entre as matrículas da FAP e as da US Navy, entre parêntesis, é a seguinte: 5501 (154352), 5502 (153200), 5503 (153272), 5504 (153184), 5505 (153190), 5506 (153250), 5507 (153194), 5508 (153219), 5509 (153244), 5510 (153152), 5511 (154360), 5512 (153170), 5513 (153188), 5514 (153215), 5515 (153221), 5516 (153227), 5517 (153228), 5518 (153237), 5519 (153248) e 5520 (153261).

Imagem 5: A-7P na BA5, Monte Real.

     Foram colocados na Esquadra de Ataque 302 da Base Aérea N° 5 (BA5), Monte Real. A Esquadra 302 tinha como missão primária a execução de missões de interdição aérea, luta aérea ofensiva e defensiva e apoio aéreo táctico a operações navais, em condições “todo-o-tempo” (dia, noite e quaisquer condições meteorológicas).
     Alguns pilotos dos A-7P portugueses fizeram os voos de adaptação ao avião nos Estados Unidos. Dada a necessidade de adaptação de mais pilotos, a US Navy cedeu, por empréstimo, um avião bilugar de treino TA-7C, que foi utilizado entre 1982 e 1985, ano em que a FAP recebeu os seus TA-7P. Durante a sua permanência em Portugal manteve a pintura e a matrícula da US Navy (154404), mas ostentava a insígnia da Cruz de Cristo na fuselagem e as cores nacionais no estabilizador vertical.
     Em 1983 foram encomendados à LTV mais 24 aviões A-7P e seis da variante de treino TA-7P. No dia 8 de Outubro de 1984 foram fornecidos os primeiros quatro aviões desta encomenda, seguindo-se os restantes, num processo que terminou em 30 de Abril de 1986.
Imagem 6: Emblema da
Esquadra 302, BA5.

     A correspondência entre as matrículas da FAP e as da US Navy foram as seguintes: 5521 (153134), 5522 (153155), 5523 (153159), 5524 (153162), 5525 (153171), 5526 (153177), 5527 (153179), 5528 (153187), 5529 (153191), 5530 (153151), 5531 (153212), 5532 (153216), 5533 (153173), 5534 (153229), 5535 (153240), 5536 (153208), 5537 (153254), 5538 (153260), 5539 (153226), 5540 (154346), 5541 (154349), 5542 (154351), 5543 (154355) e 5544 (153245).


     Com estes novos aviões foi constituída na BA5 outra esquadra de A-7P, a Esquadra de Ataque 304, à qual foram atribuídas as mesmas missões da Esquadra 302.
     Os seis TA-7P foram distribuídos pelas duas esquadras, para formação e treino de pilotos. A relação entre as matrículas da FAP e da US Navy é a seguinte: 5545 (153201), 5546 (153196), 5547 (153224), 5548 (153249), 5549 (153268) e 5550 (154354).
Em 1994 a numeração da frota A-7P foi alterada para 15501 a 15550.

Alguns LTV A-7P foram perdidos em acidentes nas seguintes datas e locais:
- 5501, em 1 de Julho de 1985 na Bélgica;
- 5505, na mesma data, na Bélgica;
- 5510, em 4 de Dezembro de 1989 em Vila Viçosa;
- 5516, em 9 de Março de 1988 no mar, perto de Peniche;
- 5518, em 7 de Fevereiro de 1985 no mar, em frente à Praia da Vieira;
- 5520, em 13 de Setembro de 1989 perto da BA5;
- 5523, em 29 de Abril de 1992 na BA6;
- 5525, em 22 de Setembro de 1992 na Alemanha;
- 5530, em 29 de Novembro de 1987 em Mira d’Aire;
- 5533, em 25 de Julho de 1985 em Beja;
- 5535, em 26 de Maio de 1986 na Maceira;
- 5541, em 29 de Março de 1987 em Boticas;
- 5542, em 15 de Março de 1994 na BA5;
- 5543, em 26 de maio de 1986 na Maceira;
- 5548, em 13 de Maio de 1994 em Espanha.
Para além destes, o 5540 nunca chegou a Portugal, por ter ficado destruído num acidente ocorrido quando ainda se encontrava nos Estados Unidos, acabando por ser reposto em sobressalentes.

     A Esquadra de Ataque  302 foi criada em 21 de Dezembro de 1981. Considerando-se a herdeira da Esquadra 51, dos F-86F Sabre, manteve as tradições e o espírito combativo dos “Falcões”, assim como o distintivo e o lema “Guerra ou Paz tanto nos faz”.
     Com a chegada dos General Dynamics F-16A Fighting Falcon, em Julho de 1994, foi criada na BA5 a Esquadra 201, absorvendo as tradições, o distintivo e o lema da Esquadra 51. Por isto, a Esquadra 302 optou pelo “nome de guerra” de “Águias Reais”. A Esquadra 302 foi extinta em Abril de 1996, sendo os aviões, pilotos e técnicos absorvidos pela Esquadra de Ataque 304.
     Por sua vez, a Esquadra 304 – criada em 4 de Outubro de 1984 – assume-se como herdeira do espírito e dos símbolos das esquadras dos F-84G Thunderjet, mais especificamente da Esquadra 93, os “Magníficos”, da BA9, Luanda, que, por sua vez, já era uma “descendência” das Esquadras 20, os “Piratas”, e 21, os “Barretes”.
     A Esquadra 304 recuperou para si a designação de “Magníficos” e o lema “Na paz...pacíficos, na guerra...terríficos”. O algarismo “1” do distintivo desta esquadra recorda o facto de os “Magníficos” terem sido a primeira esquadra de jactos portugueses a entrar em combate.

Imagem 7: Emblema dos
A-7P Corsair.

     Quanto à pintura, todos os A-7P e os TA-7P foram, inicialmente, pintados em camuflado segundo o padrão da FAP, com as superfícies superiores em castanho (FS 30.129) e dois tons de verde (FS 34.079 e FS 34.102), com as superfícies inferiores em cinzento claro (FS 36.622). Passado pouco tempo foi retirado o cinzento, passando a apresentar-se inteiramente camuflados no castanho e verdes referidos. O trem de aterragem, o respectivo compartimento e o encaixe dos flaps foram pintados a branco (FS 37.875). A cobertura da antena do radar estava pintada a preto (FS 37.038).
     A Cruz de Cristo, sobre círculo branco com 37 cm de diâmetro, estava colocada nos lados da fuselagem. A bandeira nacional, sem escudo, com 50 cm de comprimento, estava colocada em ambos os lados do estabilizador vertical. Os números da matrícula encontravam-se sobre a bandeira nacional, em algarismos pretos com 15 cm de altura.
     A Esquadra 304 foi extinta no dia 10 de Julho de 1999. Depois de 18 anos e 64.000 horas ao serviço da FAP, os últimos seis A-7P Corsair II operacionais (15509, 15521, 15524, 15531, 15546 e 15549) foram retirados de serviço.
     O último voo foi realizado pelo 15521, com pintura alusiva ao facto, que foi entregue ao Museu do Ar, bem como mais alguns exemplares.


Fontes (segunda parte):

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