(continuação)
Imagem 4: Vought TA-7P Corsair II - Cortesia de emfa.pt |
Percurso em Portugal:
Desde 1980, ano em os aviões de
reacção F-86F Sabre foram retirados de serviço da Força Aérea Portuguesa (FAP),
que se vivia na expectativa da chegada de novos aviões de caça que, segundo
tudo levava a crer, seriam os Northrop F-5E Tiger II. Contudo, tal nunca se
concretizou.
Em vez dos caças referidos, os
Estados Unidos propuseram o fornecimento de LTV A-7 Corsair II, com fraca
capacidade para missões de intercepção aérea, mas bem dotados para missões de
interdição e ataque a alvos de superfície.
Estes aviões eram A-7A Corsair II excedentes da US Navy. As células foram reconstruídas pelo fabricante, aplicados motores mais potentes e equipados com aviónicos modernos, englobando alguns componentes do A-7B e outros do A-7E. Dado que esta versão foi específica para Portugal, recebeu a designação de A-7P.
Estes aviões eram A-7A Corsair II excedentes da US Navy. As células foram reconstruídas pelo fabricante, aplicados motores mais potentes e equipados com aviónicos modernos, englobando alguns componentes do A-7B e outros do A-7E. Dado que esta versão foi específica para Portugal, recebeu a designação de A-7P.
As características deste avião
tornavam-no especialmente adequado à dispersão territorial portuguesa. Com
efeito, o A-7P podia descolar do Continente com 3.000 Kg de armamento, atacar
um alvo na área dos Açores e voltar ao Continente.
O primeiro fornecimento foi de 20
unidades, todos A-7P Corsair II. Em 24 de dezembro de 1981 chegaram nove
aviões, em Fevereiro de 1982 mais três, e os restantes até meados desse ano. O
último chegou no dia 29 de Setembro de 1982.
A FAP atribuiu-lhes as matrículas
de 5501 a 5520. A correspondência entre as matrículas da FAP e as da US Navy, entre parêntesis, é
a seguinte: 5501 (154352), 5502 (153200), 5503 (153272), 5504 (153184), 5505
(153190), 5506 (153250), 5507 (153194), 5508 (153219), 5509 (153244), 5510
(153152), 5511 (154360), 5512 (153170), 5513 (153188), 5514 (153215), 5515 (153221),
5516 (153227), 5517 (153228), 5518 (153237), 5519 (153248) e 5520 (153261).
Imagem 5: A-7P na BA5, Monte Real. |
Foram colocados na Esquadra de
Ataque 302 da Base Aérea N° 5 (BA5), Monte Real. A Esquadra 302 tinha como
missão primária a execução de missões de interdição aérea, luta aérea ofensiva
e defensiva e apoio aéreo táctico a operações navais, em condições
“todo-o-tempo” (dia, noite e quaisquer condições meteorológicas).
Alguns pilotos dos A-7P
portugueses fizeram os voos de adaptação ao avião nos Estados Unidos. Dada a
necessidade de adaptação de mais pilotos, a US Navy cedeu, por empréstimo, um
avião bilugar de treino TA-7C, que foi utilizado entre 1982 e 1985, ano em que
a FAP recebeu os seus TA-7P. Durante a sua permanência em Portugal manteve a
pintura e a matrícula da US Navy (154404), mas ostentava a insígnia da Cruz de
Cristo na fuselagem e as cores nacionais no estabilizador vertical.
Em 1983 foram encomendados à LTV
mais 24 aviões A-7P e seis da variante de treino TA-7P. No dia 8 de Outubro de
1984 foram fornecidos os primeiros quatro aviões desta encomenda, seguindo-se
os restantes, num processo que terminou em 30 de Abril de 1986.
Imagem 6: Emblema da Esquadra 302, BA5. |
Com estes novos aviões foi
constituída na BA5 outra esquadra de A-7P, a Esquadra de Ataque 304, à qual
foram atribuídas as mesmas missões da Esquadra 302.
Os seis TA-7P foram distribuídos
pelas duas esquadras, para formação e treino de pilotos. A relação entre as
matrículas da FAP e da US Navy é a seguinte: 5545 (153201), 5546 (153196), 5547
(153224), 5548 (153249), 5549 (153268) e 5550 (154354).
Em 1994 a numeração da frota A-7P
foi alterada para 15501 a 15550.
Alguns LTV A-7P foram perdidos em acidentes nas seguintes datas e locais:
- 5501, em 1 de Julho de 1985 na
Bélgica;
- 5505, na mesma data, na
Bélgica;
- 5510, em 4 de Dezembro de 1989
em Vila Viçosa;
- 5516, em 9 de Março de 1988 no
mar, perto de Peniche;
- 5518, em 7 de Fevereiro de 1985
no mar, em frente à Praia da Vieira;
- 5520, em 13 de Setembro de 1989
perto da BA5;
- 5523, em 29 de Abril de 1992 na
BA6;
- 5525, em 22 de Setembro de 1992
na Alemanha;
- 5530, em 29 de Novembro de 1987
em Mira d’Aire;
- 5533, em 25 de Julho de 1985 em
Beja;
- 5535, em 26 de Maio de 1986 na
Maceira;
- 5541, em 29 de Março de 1987 em
Boticas;
- 5542, em 15 de Março de 1994 na
BA5;
- 5543, em 26 de maio de 1986 na
Maceira;
- 5548, em 13 de Maio de 1994 em
Espanha.
Para além destes, o 5540 nunca
chegou a Portugal, por ter ficado destruído num acidente ocorrido quando ainda
se encontrava nos Estados Unidos, acabando por ser reposto em sobressalentes.
A Esquadra de Ataque 302 foi criada em 21 de Dezembro de 1981. Considerando-se a herdeira da Esquadra 51, dos F-86F Sabre, manteve as tradições e o espírito combativo dos “Falcões”, assim como o distintivo e o lema “Guerra ou Paz tanto nos faz”.
Com a chegada dos General
Dynamics F-16A Fighting Falcon, em Julho de 1994, foi criada na BA5 a Esquadra
201, absorvendo as tradições, o distintivo e o lema da Esquadra 51. Por isto, a
Esquadra 302 optou pelo “nome de guerra” de “Águias Reais”. A Esquadra 302 foi
extinta em Abril de 1996, sendo os aviões, pilotos e técnicos absorvidos pela
Esquadra de Ataque 304.
Por sua vez, a Esquadra 304 –
criada em 4 de Outubro de 1984 – assume-se como herdeira do espírito e dos
símbolos das esquadras dos F-84G Thunderjet, mais especificamente da Esquadra
93, os “Magníficos”, da BA9, Luanda, que, por sua vez, já era uma
“descendência” das Esquadras 20, os “Piratas”, e 21, os “Barretes”.
A Esquadra 304 recuperou para si
a designação de “Magníficos” e o lema “Na paz...pacíficos, na
guerra...terríficos”. O algarismo “1” do distintivo desta esquadra recorda o
facto de os “Magníficos” terem sido a primeira esquadra de jactos portugueses a
entrar em combate.
Imagem 7: Emblema dos A-7P Corsair. |
A Cruz de Cristo, sobre círculo
branco com 37 cm de diâmetro, estava colocada nos lados da fuselagem. A
bandeira nacional, sem escudo, com 50 cm de comprimento, estava colocada em
ambos os lados do estabilizador vertical. Os números da matrícula
encontravam-se sobre a bandeira nacional, em algarismos pretos com 15 cm de
altura.
A Esquadra 304 foi extinta no dia
10 de Julho de 1999. Depois de 18 anos e 64.000 horas ao serviço da FAP, os
últimos seis A-7P Corsair II operacionais (15509, 15521, 15524, 15531, 15546 e
15549) foram retirados de serviço.
O último voo foi realizado pelo 15521, com pintura alusiva ao facto, que foi entregue ao Museu do Ar, bem como mais alguns exemplares.
O último voo foi realizado pelo 15521, com pintura alusiva ao facto, que foi entregue ao Museu do Ar, bem como mais alguns exemplares.
Fontes (segunda parte):
- Imagem 4: Cortesia de EMFA - Estado-Maior da Força Aérea;
- Imagem 5: © Carlos Pedro - Blog Altimagem;
- Imagens 6 e 7: Colecção Altimagem;
- Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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