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GLOSTER GLADIATOR Mk II
Quantidade: 30
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: Setembro de 1938
Data de abate: 1953
Dados técnicos: (versão Mk II)
a. Tipo de Aeronave
Avião mono-motor terrestre, de trem de aterragem convencional fixo, com roda de cauda, biplano, com as asas e os planos de cauda revestidos a tela, bem como quase toda a fuselagem, excepto a parte dianteira, que tinha revestimento metálico, monolugar, cabina coberta, concebido para missões de caça. Tripulação: 1 (piloto).
b. Construtor
Gloster Aircraft Co. Ltd. / Grã-Bretanha.
c. Motopropulsor
Motores: 1 motor Bristol Mercury VIIIA, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 830 hp.
Hélice: Metálico, de três pás, de passo fixo.
d. Dimensões
Comprimento…..…….….8,36 m
Altura…………....………..3,12 m
Área alar ……….……...30,02 m²
e. Pesos
Peso vazio………….…..…1.577 kg
Peso máximo……………..2.155 kg
f. Performances
Velocidade máxima ……..…..406 Km/h
Velocidade de cruzeiro ……desconhecido
Tecto de serviço ………….10.200 m
Raio de acção ………………..660 Km
g. Armamento
2 metralhadoras Browning calibre 0,303 polegadas, instaladas nos painéis laterais da fuselagem, entre a cabina e o motor, sincronizadas com o hélice;
2 metralhadoras Browning calibre 0,303 polegadas instaladas sob as asas inferiores.
h. Capacidade de transporte
Nenhuma.
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Resumo histórico:
Em teoria, a Era dos aviões biplanos de caça terminou em meados dos anos trinta. Na prática, quando em 1939 rebentou a II Guerra Mundial, muitos biplanos foram mantidos na primeira linha até 1940, numa anacrónica coexistência com os novos caças, muito mais rápidos, melhor armados e de motores mais potentes. O Gloster Gladiator resistiu neste cenário até 1941.
Este avião foi a resposta ao desejo formulado em 1930 pelo Ministério do Ar Britânico, para a construção de um caça com grande poder de fogo e que atingisse velocidades da ordem dos 400 Km/h.
O protótipo, designado por SS.37, realizou o primeiro voo em Setembro de 1934 e, após os testes, foi considerado um extraordinário avião de caça.
Ao mesmo tempo que foi o primeiro caça britânico a dispor de cabina fechada - um luxo então muito contestado, sob a alegação de que reduzia a visibilidade do piloto - foi também o último caça britânico biplano e de trem de aterragem fixo.
Em 3 de Abril de 1935 foi considerado apto para equipar as esquadras de caça da Royal Air Force (RAF), adoptando formalmente a designação de Gladiator. Três meses depois, a RAF dispunha de 23 destes aviões, aos quais se seguiram mais 186, entregues em Setembro desse ano.
A produção manteve-se em ritmo acelerado. Quando foi encerrada, na primavera de 1940, tinham saído das linhas de montagem 747 Gladiator de três modelos (Mk I, Mk II e Sea), dos quais cerca de metade foram exportados para a Bélgica, China, Grécia, Iraque, Irlanda, Letónia, Lituânia, Noruega, Portugal, Suécia e, provavelmente, para mais alguns países.
Os Gloster Gladiator do primeiro modelo - os Mk I - mantiveram-se ao serviço da RAF até 1937, sendo substituídos pelos Gladiator Mk II que, em vez dos hélices de duas pás de madeira e passo fixo, tinham hélices metálicos de três pás de passo fixo. Foi a partir deste modelo que se construiu o Sea Gladiator, para operar em porta-aviões, e cujas diferenças se resumiam ao gancho de aterragem, à estrutura reforçada e à instalação de um barco pneumático na parte inferior da fuselagem, junto às pernas do trem de aterragem.
A sua inferioridade em velocidade e armamento face aos modernos caças alemães, levaram a RAF a retirá-los dos céus da Europa em 1940 e a colocá-los no Médio Oriente e Mediterrâneo, onde saíram vitoriosos dos combates com os seus contemporâneos italianos, os Fiat CR.2 Falco.
Pese embora a sua modesta capacidade, cabe a um Gladiator a primeira intercepção, com sucesso, de uma aeronave alemã sobre a Grã-Bretanha.
No Verão de 1940, três Sea Gladiator desembarcados na Ilha de Malta e despojados dos apetrechos necessários à operação em porta-aviões, foram intérpretes de uma gloriosa façanha da história do combate aéreo: A sua acção entre 11 e 21 de Junho de 1940 esteve na origem da interrupção dos bombardeamentos que a aviação italiana estava a efectuar sobre a ilha.
Encontram-se referências de que os três Sea Gladiator estavam baptizados de «Fé», «Esperança» e «Caridade». Na realidade, estes baptismos foram da autoria de um jornalista de Malta, já após os acontecimentos que lhes tinham dado fama.
Fica a convicção de que o Gloster Gladiator não se tornou uma celebridade da aviação de caça, por ter aparecido numa época de espectacular evolução da tecnologia aeronáutica, sendo, na Grã-Bretanha, rapidamente ultrapassado pelos Hurricane e pelos Spitfire.
Percurso em Portugal:
a. Aeronáutica Militar
A Aeronáutica Militar (A.M.) recebeu o primeiro grupo de 15 aviões Gloster Gladiator Mk II em Setembro de 1938, transportados por via marítima e montados nas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), com os quais se formou uma Esquadrilha de Caça na Base Aérea da Ota. Foram numerados de 450 a 464, desconhecendo-se os serial number que a RAF lhes atribuiu.
Em Outubro de 1939 chegaram mais 15 Gloster Gladiator Mk II, que constituíram a Esquadrilha de Caça da Base Aérea de Tancos. Receberam a numeração de 465 a 479. Tinham os serial number da RAF de N 5835 a N 5849.
Aproveitando o grande poder de manobra dos Gloster Gladiator, constituíram-se algumas patrulhas acrobáticas com quatro aviões que deram brado na época, exibindo-se com grande virtuosismo.
Estavam pintados em verde-azeitona na fuselagem e planos superiores das asas, e de azul claro nas superfícies inferiores. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, distribuídas pelo extra-dorso das asas superiores e pelo intradorso das inferiores. A bandeira nacional, com escudo, estava no centro do leme de direcção. A numeração estava pintada lateralmente na fuselagem, em algarismos brancos, e nos no intradorso das asas inferiores, entre a fuselagem e a insígnia da Cruz de Cristo, em algarismos pretos.
Imagem 3: Símbolo da BA3 |
Em 1941, durante a II Guerra Mundial, apresentou-se a necessidade da defesa aérea do Arquipélago dos Açores, sendo esta missão incumbida aos Gladiator.
Assim, a Base de Tancos organizou a Esquadrilha Expedicionária de Caça Nº 1 (EEC1), deslocando os 15 Gladiator para a Ilha de São Miguel, ficando instalados no Aeródromo de Rabo de Peixe a partir de 8 de Junho de 1941. Mantiveram o símbolo da Base de Tancos pintado na fuselagem. (Imagem 3)
Assim, a Base de Tancos organizou a Esquadrilha Expedicionária de Caça Nº 1 (EEC1), deslocando os 15 Gladiator para a Ilha de São Miguel, ficando instalados no Aeródromo de Rabo de Peixe a partir de 8 de Junho de 1941. Mantiveram o símbolo da Base de Tancos pintado na fuselagem. (Imagem 3)
Imagem 4: Emblema da EEC2 |
As missões das Esquadrilhas consistiam, para além do treino operacional, em voos de reconhecimento meteorológico, reconhecimento de navios de guerra e comboios marítimos e de patrulhamento aéreo, estas prevendo a violação do espaço aéreo nacional por aviões alemães. Na realidade, as ilhas foram várias vezes sobrevoadas em voos rasantes, inclusive o Aeródromo das Lajes, por aviões alemães Focke Wulf Fw-200 Condor. Os Gladiator tentaram algumas intercepções, sem sucesso, dadas as suas modestas performances.
A EEC1 regressou a Tancos em Julho de 1944 e a EEC2 regressou à Ota em meados de 1946.
Entre 1948 e 1950 foi retirada de serviço uma quantidade significativa de Gladiator. Os sobreviventes foram utilizados na BA2 e na BA3 para treino de acrobacia dos pilotos de caça.
Em 1952, os Gladiator da BA2 são transferidos para a BA3, formando uma única Esquadrilha. Foram sendo retirados do serviço progressivamente, processo que terminou em 1953.
Os Gloster Gladiator foram os aviões de caça que asseguraram a defesa aérea do território nacional entre 1938 e 1941. Os Curtiss Mohawk, recebidos em 1941, e depois os Spitfire e os Hurricane, vieram relegá-los para segundo plano.
Os pilotos referem com entusiasmo a sua capacidade de manobra, dando a devida ênfase ao facto de permitirem a execução de tonneaux a subir na vertical, o que na época era uma raridade.
b. Força Aérea
Quando foi criada a Força Aérea Portuguesa (FAP), em 1952, restava um número muito reduzido de Gloster Gladiator Mk II na BA3 que ainda não tinha sido abatido ao efectivo.
Apesar disso, a FAP reservou-lhes as matrículas do bloco 4100, que nunca chegou a ser aplicado.
O processo de abate completou-se em 1953, sem que a FAP os tenha utilizado.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto e Imagens 3 e 4: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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