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CURTISS SB2C-5 HELLDIVER
Quantidade:
24
Utilizadores:
Aviação Naval e Força Aérea
Entrada
ao serviço: 1950
Data de abate: 1956
Dados técnicos:
a.
Tipo de Aeronave
Avião
monomotor terrestre, de trem de aterragem retráctil, apto para operar em porta-aviões,
de asa baixa dobrável para melhor
acomodação nos porta-aviões, totalmente revestido a metal, com freios de picada
a todo o comprimento do bordo de fuga das asas, bilugar de cabina fechada,
destinado a missões de bombardeamento. Tripulação: 2 (piloto e
navegador-radarista-metralhador).
b.
Construtor
Curtiss-Wrigth
Corp. / USA.
Sob
licença: Fairchild Aircarft Ltd. / Canadá;
Canadian Car and Foundry Company Ltd. / Canadá.
c.
Motopropulsor
Motor:
1 motor Wrigth GR-2600-20 Cyclone, de 14 cilindros radiais em dupla estrela, arrefecidos por ar, de 1.900 hp.
Hélice:
metálico, de quatro pás, de passo variável .
d.
Dimensões
Envergadura
…………...........14,80 m
Comprimento…..…………....11,20
m
Altura………….……………....3,10
m
Área
alar ……….……............39,20 m²
e.
Pesos
Peso
vazio……………..…….4.050 kg
Peso
máximo………………..7.540 kg
f.
Performances
Velocidade
máxima ……..…452 Km/h
Velocidade
de cruzeiro …desconhecido
Tecto
de serviço ………..7.650 m
Raio
de acção……………1.780 Km
g.
Armamento
Defensivo:
2 metralhadoras acopladas, de 12,7 mm, operadas
pelo observador.
Ofensivo:
2 canhões de 20 mm, instalados no plano central
das asas;
907 Kg de bombas, transportadas no
interior da fuselagem;
4 foguetes (rockets) em cada asa.
h.
Capacidade de transporte
Nenhuma.
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Resumo histórico:
A fábrica norte-americana Curtiss-Wrigth
Corporation começou a planear a “família Helldiver” em 1933. Como o próprio
nome indica, tinha em vista a construção de bombardeiros “a picar”. O primeiro
protótipo, designado XF12C-1, de asa alta, não obteve sucesso.
Em 9 de Dezembro de 1935 voou o segundo
protótipo, o XSBC-2, agora configurado em biplano, que foi aprovado e produzido
com um motor mais potente e designado operacionalmente por Curtiss SBC-3
Helldiver. Em breve entrou em actividade o SBC-4, com motor ainda mais potente,
melhor capacidade de carga e melhores performances.
Quando do ataque surpresa dos japoneses a Pearl
Harbour em 7 de Dezembro de 1941, a Marinha dos Estados Unidos (US Navy) tinha
ao serviço 69 SBC-3 e 117 SBC-4, dos quais poucos sobreviveram.
Em Maio de 1939 a US Navy avalizou a construção
de um novo protótipo, o SB2C Helldiver, que voou pela primeira vez em 18 de
Dezembro de 1940. Tratava-se de um avião bombardeiro, moderno e com motor mais
potente, mono-plano de asa baixa e com capacidade para operar em porta-aviões,
equipado com gancho de aterragem e asas dobráveis. Demoras burocráticas
originaram que os Curtiss SB2C-1 Helldiver só entrassem ao serviço em 11 de
Novembro de 1942.
Sucedeu-se o SB2C-3, do qual foram construídas
2.054 unidades. A variante SB2C-4 distinguia-se das anteriores pela instalação
de porta-bombas no interior da fuselagem e calhas sob as asas para lançamento
de foguetes, bem como pelo equipamento para operações nocturnas, dispondo de
radar, cuja antena era transportada sob uma das asas, contida num invólucro
semelhante a uma bomba média.
Ainda que não fosse a sua especialidade, também
executaram com êxito missões de torpedeamento.
A Força Aérea do Exército dos Estados Unidos
(USAAF) interessou-se pelo avião. Em Abril de 1941 encomendou 978, com a
designação de Curtiss A-25 Shrike, equivalentes aos SB2C-1. Não corresponderam
às expectativas da USAAF, pelo que muitos foram transferidos para os Fuzileiros
(US Marine Corps), com a designação de SB2C-1A Helldiver.
A versão final, o Curtiss SB2C-5 Helldiver,
equipado como o seu directo antecessor e dispondo de maior autonomia, entrou ao
serviço na primeira metade de 1945. Devido a uma disputa entre a US Navy e o US
Marine Corps, esta versão sofreu pequenas alterações, introduzidas nos aviões
fabricados no Canadá pela Fairchild Aircraft Limited e pela Canadian Car and
Foundry Company Limited, de cujas linhas de montagem saíram, respectivamente,
300 e 894 unidades.
Quando os SB2C-1 Helldiver e versões seguintes
entraram ao serviço, os pilotos apelidaram-nos de “Beast” (besta ou bruto), por
serem pesados e difíceis de manobrar. Apesar disto, foram bem aceites pela sua
robustez e segurança. Dos aviões que, na época, operavam a partir de
porta-aviões, eram os de maior capacidade para transportar armamento e,
simultâneamente, maior autonomia.
Tiveram um papel importante na II Guerra Mundial,
particularmente no Pacífico, onde se notabilizaram no ataque aos porta-aviões
nipónicos. Os franceses ainda os utilizaram na Indochina, actual Vietname.
A Curtiss construiu cerca de 7.200 Helldiver das
diversas versões dos SB2C, tendo a US Navy mantido os remanescentes a voar até
1950.
Percurso em Portugal:
a. Aviação
Naval
A Aviação Naval (AN) recebeu
24 aviões Curtiss SB2C-5 Helldiver, fornecidos ao abrigo do Mutual Assistance
Pact (MAP). Ainda que fossem essencialmente bombardeiros, vieram para Portugal
destinados a operações de luta anti-submarino. Foram-lhes retirados os ganchos
para aterragem em porta-aviões, assim como as metralhadoras do lugar do
navegador.
A AN atribuiu-lhes a numeração
de AS 1 a AS 24 (“AS” de anti-submarino). Colocados na Base Naval de S.
Jacinto, constituíram a primeira Esquadra Operacional Anti-Submarino.
É provável que um pequeno
número tenha sido colocado na Base Naval do Montijo e também no destacamento da
AN instalado no Aeroporto de Lisboa, para fins de instrução e treino de
pilotos.
Mantiveram a pintura de
origem, inteiramente em azul escuro. Apresentavam a Cruz de Cristo, sem círculo
branco, na parte superior da asa esquerda e na parte inferior da asa direita.
As cores nacionais, sem escudo, cobriam todo o leme de direcção. A matrícula
encontrava-se pintada a branco em ambos os lados da fuselagem, entre a cabina e
os painéis do motor.
b. Força
Aérea
Após a sua constituição, em
1952, a Força Aérea Portuguesa (FAP) recebeu da AN os Curtiss SB2C-5 Helldiver,
cuja situação não sofreu alterações significativas.
Em 1954 foram substituídos na
função operacional pelos bimotores Lockheed PV-2 Harpoon. A partir daqui, os
Helldiver passaram a ser utilizados para treino de pilotos. Alguns foram
colocados na Base Aérea N° 6 (BA6), Montijo, na Esquadra de Treino, juntamente
com os Grumman G-44 Widgeon e os North-American T-6.
Foi nestes SB2C-5 Helldiver
que muitos dos pilotos recém-formados na Base Aérea N° 1 (BA1), Sintra, nos
anos de 1954 e 1955, fizeram os primeiros voos como “pilotos encartados”.
A Esquadra Mista da BA7, em S.
Jacinto, manteve alguns Helldiver, utilizando-os também no treino de pilotos
que, na sua maioria, já os tinham voado no Montijo, e que aguardavam a
transição para os aviões de reacção.
A FAP atribuiu o bloco 4500
para as suas matrículas, que nunca chegaram a ser aplicadas, mantendo as
atribuídas pela AN até serem retirados do serviço.
Mantiveram-se totalmente
pintados de azul escuro. Passaram a apresentar a Cruz de Cristo, sobre círculo
branco, na parte superior da asa esquerda, na parte inferior da asa direita e
nos lados da fuselagem. As cores nacionais, sem escudo, foram reduzidas a um
pequeno rectângulo em ambos os lados do estabilizador vertical. A matrícula foi
inscrita a branco nas asas, alternando com a insígnia, e no estabilizador
vertical, sobre as cores nacionais.
Os Helldiver eram, sem dúvida,
excelentes aviões para missões de bombardeamento, particularmente nas missões
de apoio próximo.
Foram retirados de serviço em
1956, prematuramente, segundo a opinião de alguns aviadores.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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