Imagem 1 |
REPUBLIC F-47D THUNDERBOLT
Quantidade:
50
Utilizadores:
Aeronáutica Militar e Força Aérea
Entrada
ao serviço: Janeiro de 1952
Data
de abate: 1956
Dados técnicos:
a.
Tipo de Aeronave
Avião
mono-motor terrestre, de trem de
aterragem convencional retráctil, asa baixa, revestimento metálico, monolugar
de cabina coberta em bolha transparente, destinado a missões de caça.
Tripulação: 1 (piloto).
b.
Construtor
Republic
Aviation Corp. / USA.
c.
Motopropulsor
Motor:
1 motor Pratt & Whitney Double Wasp R-2800-59, de 18 cilindros em dupla
estrela arrefecidos por ar, de
2.300 hp. Hélice: metálico, de quatro pás,
de passo variável.
d.
Dimensões
Envergadura
…………...........12,42 m
Comprimento…..…………....11,03
m
Altura………….……....…...…....4,30
m
Área
alar ……….……..............27,87 m²
e.
Pesos
Peso
vazio……………..….….4.853 kg
Peso
máximo………………..8.800 kg
f.
Performances
Velocidade
máxima ……..…...….693 Km/h
Velocidade
de cruzeiro ……...desconhecido
Tecto
de serviço ……………...12.800 m
Raio
de acção………………......1.530 Km
Raio
de acção com depósitos suplementares ........3.060 Km
g.
Armamento
Oito
metralhadoras Colt-Browning M-2 de 0,50 polegadas,
instaladas
no interior das asas (4+4);
Carga
externa (depósito suplementar, bombas ou foguetes) até 1.134 Kg.
h.
Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
Os Republic P-47 Thunderbolt produzidos pela
fábrica americana Republic Aviation Corp., são o culminar de uma linha de
aviões convencionais, que começou com o Seversky P-35.
Em Agosto de 1939 a Força Aérea do Exército dos
Estados Unidos (USAAF) estava interessada num caça moderno, robusto e potente.
Depois de vários ensaios não muito bem sucedidos, em Novembro de 1939
realizaram-se testes com protótipos, designados por XP-47 e XP47A, ambos com
motores Allison de cilindros em linha arrefecidos por líquido, que geraram
alguma expectativa.
Antes de entrarem na II Guerra Mundial, os militares americanos foram observando e compilando dados sobre os resultados dos combates aéreos na Europa. Depressa concluíram que o avião que estavam a testar necessitava de melhorar o armamento, as performances e a potência do motor.
Sob a direcção do projectista chefe da Republic, engenheiro Alexander Kartveli, os antigos projectos foram rapidamente substituídos, tendo em vista um caça bem maior e mais potente. O motor adoptado foi o mais potente disponível, o Pratt & Whitney Double Wasp de 2.000 hp., com cilindros dispostos em dupla estrela e sobrealimentado com um turbo-compressor accionado pelos gases de escape. A colocação do compressor criou dificuldades técnicas, que acabaram por ser resolvidas, instalando-o na secção traseira da fuselagem. Em Junho de 1940 a USAAF aceitou a proposta sem reservas.
O protótipo XP-47B realizou o primeiro voo no dia 6 de Maio de 1941. Foram encomendados 772 aviões de produção de série, designados por P-47A Thunderbolt, que começaram a sair das linhas de fabrico em Março de 1942.
Seguiu-se a produção de mais 170 aviões da versão
P-47B e 602 aviões da versão P-47C, ao mesmo tempo que já se ensaiava o
protótipo destinado a ser a versão P-47E, com cabina pressurizada.
Imagem 3 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt |
Os P-47 entraram na guerra em Janeiro de 1943, ao
serviço do 56° Grupo de Caça da 8ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos,
baseada na Grã-Bretanha. Imediatamente mostraram as suas excelentes capacidades
de combate, voando a altas velocidades, subindo a razões superiores a 1.000
metros por minuto, dispondo de grande poder de fogo, para além de serem
excepcionalmente seguros e robustos, resistindo muito bem aos danos que sofriam
em combate.
Foram de notável eficiência na escolta aos
bombardeiros pesados B-17 Flying Fortress e B-24 Liberator, nas suas incursões
sobre a Alemanha, utilizando depósitos de combustível suplementares
“descartáveis”, o que possibilitava a escolta a longas distâncias. O uso de
depósitos de combustível suplementares veio transformar um grande caça num
terrível bombardeiro táctico de longo alcance, com devastador poder de fogo.
Formações de P-47 Thunderbolt metralharam e bombardearam em todos os teatros de
guerra, tanto na Europa como no Pacífico, a grande distância das suas bases.
A produção atingiu o zénite com a versão P-47D Thunderbolt, a primeira com cobertura de cabina em bolha totalmente transparente, permitindo a visão do piloto em 360 graus. Foram construídas 16.602 unidades, a maior quantidade de qualquer subtipo de avião de caça.
A última versão, o Republic P-47N Thunderbolt,
totalmente concebido para operar no Pacífico, com motores de 2.800 hp, maior
poder de fogo e maior raio de acção, não ficou pronta a tempo de entrar em
grande quantidade no conflito, sendo construídos unicamente 1.800 exemplares.
A produção dos Thunderbolt terminou em 1945. Na
totalidade das versões foram construídos 15.683 exemplares.
Durante a guerra, para além da USAAF, os P-47
foram usados pelas forças aéreas da Grã-Bretanha, União Soviética, México,
Brasil e unidades da França Livre. Quando a guerra terminou continuaram a
operar nas forças aéreas de mais de 15 países, entre os quais Portugal.
Não restam dúvidas que os Republic P-47
Thunderbolt foram magníficos aviões de combate que muito contribuíram para a
consolidação do poder aéreo dos Aliados.
Com a criação da Força Aérea dos Estados Unidos
(USAF), em 1947, a designação destes aviões foi alterada de “P” (pursuit) para
“F” (fighter), pelo que passaram a ser designados por Republic F-47
Thunderbolt.
Percurso em Portugal:
a. Aeronáutica Militar
Em Janeiro de 1952 chegaram a
Portugal 50 aviões de caça Republic F-47D Thunderbolt, fornecidos pelos Estados
Unidos. Eram aviões recuperados dos sobreviventes da II Guerra Mundial. Foram
entregues à Aeronáutica Militar (AM) que, praticamente, não chegou a
utilizá-los. Foram transferidos para a Força Aérea Portuguesa (FAP), constituída
oficialmente em 1 de Julho de 1952.
b. Força
Aérea
A FAP recebeu os F-47D
Thunderbolt e com eles formou as Esquadras 10 e 11 da Base Aérea N° 2 (BA2),
Ota. (ver imagem 3).
Receberam a numeração de 4401 a 4450, cuja correspondência com os números de série da USAF, que se indica entre parêntesis, era a seguinte:
Receberam a numeração de 4401 a 4450, cuja correspondência com os números de série da USAF, que se indica entre parêntesis, era a seguinte:
4401 (44-20588), 4402 (44-20848), 4403
(44-32677), 4404 (44-32693), 4405 (44-32822), 4406 (44-32846), 4407 (44-32864),
4408 (44-32873), 4409 (44-32889), 4410 (44-32893), 4411 (44-32897), 4412 (44-32917),
4413 (44-33275), 4414 (44-20835), 4415 (44-32675), 4416 (44-32690), 4417 (44-32701),
4418 (44-32825), 4419 (44-32860), 4420 (44-32871), 4421 (44-32874), 4422 (44-32890),
4423 (44-32895), 4424 (44-32904), 4425 (44-33187), 4426 (44-33612), 4427 (44-33790),
4428 (44-90122), 4429 (44-90125), 4430 (44-90133), 4431 (44-90137), 4432 (44-90152),
4433 (44-90207), 4434 (44-90251), 4435 (44-90257), 4436 (44-90263), 4437 (44-90268),
4438 (44-90273), 4439 (44-90275), 4440 (44-89981), 4441 (44-90124), 4442 (44-90128),
4443 (44-90136), 4444 (44-90146), 4445 (44-90200), 4446 (44-90212), 4447 (44-90261),
4448 (44-90266), 4449 (44-90271) e 4450 (44-90283).
Em 1953 foram todos agrupados
na Esquadra 10, sendo extinta a Esquadra 11. Ainda nesse ano foram transferidos
para a Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos, onde se mantiveram até 1956, ano em que
foram retirados de serviço. (ver imagem 4).
Ainda que tenham equipado as
Esquadras de Caça, a missão mais importante dos Thunderbolt da FAP foi a
adaptação dos pilotos a um avião rápido e relativamente moderno, tendo em vista
a transição para os caças a reacção, que deveriam chegar a curto prazo.
Imagem 4 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt |
Não se pode dizer que tenham
tido um bom início de carreira na FAP. Uma série de trágicos acidentes não lhes
deu boa fama. O primeiro acidente fatal com um F-47 ocorreu em Setembro de
1952. Uma avaria no motor sobre Lisboa levou o piloto a recusar saltar de
pára-quedas, prevendo o que sucederia se o avião caísse desgovernado sobre a
cidade. Ao tentar aterrar no Aeroporto de Lisboa, o avião despenhou-se já muito
perto da pista, causando-lhe a morte.
Outros acidentes fatais foram atribuídos à falta de preparação dos pilotos. Esta ideia é reforçada pelo facto de, nos últimos anos da vida operacional dos F-47, portanto com pilotos melhor preparados, terem ocorrido poucos acidentes.
Outros acidentes fatais foram atribuídos à falta de preparação dos pilotos. Esta ideia é reforçada pelo facto de, nos últimos anos da vida operacional dos F-47, portanto com pilotos melhor preparados, terem ocorrido poucos acidentes.
Mantiveram o aspecto com que
foram recebidos, em metal polido, com a secção da fuselagem em frente da cabina
em verde-azeitona anti-reflexo.
Apresentavam a Cruz de Cristo,
sobre círculo branco, no extradorso da asa esquerda, no intradorso da asa direita
e nos lados da fuselagem. A numeração dos quatro algarismos pretos estava
pintada nos lugares opostos. Em ambos os lados do estabilizador vertical
encontravam-se os rectângulos com as cores nacionais, sem escudo, com os
algarismos da matrícula por cima.
Quando colocados na BA3,
ostentavam nos painéis laterais dos motores o símbolo de Tancos – o galgo
amarelo sobre o lema “res non verba” e, por cima, os dois últimos algarismos da
matrícula.
Os F-47D Thunderbolt foram os
últimos aviões de caça alternativos a servirem na FAP, sendo retirados de
serviço em 1956.
Tal como aconteceu com outros
aviões, não foi preservado nenhum para o Museu do Ar. Um sobrevivente, que se
manteve alguns anos na Base Aérea Nº 1 (BA1) (ver imagem 5) para instrução de alunos mecânicos, acabou por ser
vendido como sucata.
Imagem 5 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt |
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagens 3, 4 e 5: Cortesia de Paulo Alegria - Blog Digital Hangar;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
Sem comentários:
Enviar um comentário