Imagem 1 |
SUD-AVIATION SE 3130 ALOUETTE II
Quantidade:
7
Utilizador:
Força Aérea
Entrada
ao serviço: Janeiro de 1958
Data
de abate: 1976
Dados técnicos:
a. Tipo de Aeronave
Helicóptero
mono-turbina terrestre, de trem de aterragem quadriciclo fixo ou de patim, rotor
de três pás, revestimento metálico, cabina transparente em bolha, destinado a
missões de transporte ligeiro.
Tripulação: 1 (piloto).
b. Construtor
Sud-Aviation
/ França.
c. Motopropulsor
Motor:
1 motor de turbina Turbómeca Artouste II, de 400 hp.
Rotor
principal: de três pás;
Rotor
de cauda: de duas pás.
d. Dimensões
Comprimento........................................9,70
m
Altura…………..............................…......2,75
m
Área
do círculo rotórico ….....................28,83 m²
e. Pesos
Peso
vazio…………….........……825 Kg
Peso
máximo.......................1.600 Kg
f. Performances
Velocidade
máxima ……...............180 Km/h
Velocidade
de cruzeiro..................170 Km/h
Tecto
de serviço ……................2.300 m
Raio
de acção………...............…..700 Km
g. Armamento
Sem
armamento.
h. Capacidade de transporte
4
passageiros ou o equivalente de carga;
ou
duas macas e assistente.
Resumo histórico:
A história dos Alouette II começa com o Sud-Est
SE 3101, o primeiro helicóptero totalmente francês. Tratava-se de um monolugar
experimental que realizou o primeiro voo em Junho de 1948, propulsionado por um
motor alternativo de 85 hp.
Perante os bons resultados obtidos, foi produzido
o SE 3110, dois lugares, propulsionado por um motor de 200 hp. Seguiu-se de imediato
a versão de três lugares, o SE 3120, a primeira designada de Alouette, que fez o
primeiro voo em 31 de Julho de 1952. No ano seguinte estabeleceu um recorde ao
voar 13 horas e 56 minutos sem interrupção.
Em 12 de Março de 1955 voou o primeiro dos dois protótipos do SE 3130 Alouette II, propulsionado por um motor de turbina Turboméca Artouste I, de 360 hp. Devido à utilização deste motor, o desenho inicial teve de ser ligeiramente alterado. Foi o primeiro helicóptero propulsionado por motor de turbina.
Três meses após o voo do protótipo, um SE 3130
Alouette II provava as suas excepcionais capacidades, subindo a 8.209 metros, o
que foi mais um recorde na sua classe de helicópteros.
O Alouette II mantinha a configuração geral dos helicópteros ligeiros da época, com cabina transparente em feitio de bolha, com quatro lugares, trem de aterragem de patim, motor colocado sobre a fuselagem, sem coberturas, accionando o rotor principal de três pás e o rotor de cauda, de duas pás.
Em 1956 juntaram-se aos dois SE 3130 Alouette II
iniciais, mais três de pré-série. Em 2 de Maio de 1957 obtiveram a certificação
francesa para operações aéreas.
Foi também em 1957 que a Sud-Est foi absorvida
pela Sud-Aviation que, algum tempo depois, produzia em Marselha o Sud-Aviation
SA 313B Alouette II, de cinco lugares.
Em 1958 os militares franceses utilizaram 19 Alouette II na Argélia, o que muito contribuiu para que fossem conhecidos em todo o mundo pelo seu bom desempenho.
Em 9 de Junho de 1958 um Alouette II voltou a
estabelecer o máximo de altitude para helicópteros de peso entre os 1.000 e os
1.750 Kg, subindo a 10.984 metros.
Foi o primeiro helicóptero de fabrico estrangeiro
a conseguir a homologação para operar nos Estados Unidos.
Apesar das suas pequenas dimensões, era ideal para missões de ligação, observação, ambulância e treino. As versões militares – com motores de 400 e 530 hp – chegaram a ser equipadas com mísseis ou torpedos.
A produção dos Alouette II terminou em 1975, com
mais de 1.300 helicópteros construídos, utilizados por 126 operadores civis e
militares de 46 países.
Percurso em Portugal:
Os sete helicópteros Sud-Aviation SE 3130
Alouette II da Força Aérea Portuguesa (FAP) foram recebidos em 1958 e, com data
de 21 de Janeiro, aumentados à carga da Base Aérea N° 6 (BA6), no Montijo. Mais
tarde foram transferidos para a Base Aérea N° 3 (BA3), em Tancos, destinados à
instrução de pilotos, exclusivamente ministrada por pilotos-instrutores
portugueses.
É provável que um Alouette II tenha operado na Base Aérea Nº 4 (BA4), Ilha Terceira, Açores, para avaliação das suas capacidades para operar naquela região.
A FAP atribuiu-lhes as matrículas de 9201 a 9207. A correspondência entre a numeração da FAP e os números de construção, entre parêntesis, era a seguinte: 9201 (1082), 9202 (1107), 9203 (1108), 9204 (1738), 9205 (1739), 9206 (1740) e 9207 (1754). Os três primeiros estavam equipados com rodas e os restantes com patim.
A Guerra do Ultramar tornou necessária a sua
presença em África. Assim, em 1961 foram transferidos para a 2ª Região Aérea,
Angola, onde operaram a partir da Base Aérea Nº 9 (BA9), Luanda, e do Aeródromo-Base N° 3 (AB3),
Negage. Notabilizaram-se nas missões de evacuação sanitária, transportando os
evacuados em duas macas cobertas com lona, instalados no exterior da fuselagem,
uma de cada lado.
As reduzidas capacidades operacionais dos Alouette II levaram à sua substituição por helicópteros com melhores capacidades operacionais. Em 1963, os Alouette III começaram a operar em Angola. Assim, os Alouette II foram transferidos para a Guiné, onde começaram a operar a partir de Novembro de 1965. Foram atribuídos à Base Aérea Nº 12 (BA12), Bissalanca, onde se notabilizaram nas missões de evacuação sanitária. Realizaram também as primeiras missões de colocação de tropas em locais de combate, transportando os Comandos, as tropas especiais do Exército Português.
Em Janeiro de 1966 os Alouette II são transferidos para a 3ª Região Aérea, Moçambique, e colocados no AB5, Nacala. Começaram a ser montados em Fevereiro e realizaram o primeiro voo operacional em Moçambique em 3 de Março de 1965, numa missão de evacuação sanitária na região de Mueda.
Novamente as suas limitações mostraram que eram
aeronaves inadequadas para operar em regiões de altitudes significativas e,
simultaneamente, cobrir extensas áreas, como era o caso dos sectores de Vila
Cabral, Marrupa e Mueda, no norte de Moçambique. Por isto, foram substituídos
pelos Alouette III durante o segundo semestre de 1967, tendo regressado à BA3, Tancos. Voltaram às missões de instrução de pilotos, integrados na Esquadra 33,
que passou a ser a única a operar Alouette II.
A primeira baixa da frota deu-se em 17 de Junho de 1960, causada por um acidente no Aeroporto da Portela, que provocou a destruição do 9201. Em 6 de Fevereiro de 1963 ficou destruído o 9204, num acidente ocorrido em Luanda. Em 26 de Março de 1964, na Guiné, um acidente destruiu o 9202, provocando a morte dos seus dois tripulantes.
O 9205 sofreu um grave acidente no Arrepiado em
13 de Março de 1969, do qual não foi recuperado.
Os SE 3130 Alouette II estavam inteiramente pintados em verde-azeitona. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados da fuselagem, bem como os números de matrícula, a branco, sob a porta da cabina. Foram retirados de serviço em 1976.
Para que não se estabeleçam dúvidas em relação à quantidade de Alouette II que operaram na FAP, convém referir que em 1984 chegaram a Portugal, vindos da Alemanha, 11 helicópteros SA 313B Alouette II, que nunca fizeram parte do efectivo da FAP, embora tenham recebido as matrículas de 9208 a 9218. Os SA 313B com os números 9208 a 9211 foram destinados à Guarda Nacional Republicana (GNR) que, não dispondo de instalações adequadas nem de técnicos habilitados, estacionavam no Aeródromo de Trânsito N° 1 (AT1), no Aeroporto de Lisboa, sendo mantidos e operados por pessoal da FAP. Encontravam-se inteiramente pintados de branco, com as letras GNR pintadas a verde nos locais onde os helicópteros da FAP ostentavam as insígnias militares. A numeração encontrava-se sob as portas laterais, em algarismos verdes.
Operaram durante pouco tempo. Postos à venda,
foram adquiridos por uma empresa nacional de aviação, que os vendeu para
França.
Os outros SA 313B Alouette II com a numeração de
9212 a 9218 foram armazenados nas OGMA com tratamento anti-corrosão.
Os números 9212 a 9215 foram depois vendidos a
uma empresa francesa que, ao que se julga, os utilizou como fonte de
sobressalentes para helicópteros Lama, a versão civil dos Alouette II, muito
utilizados em África.
O Museu do Ar recebeu três destas aeronaves: 9216
(número de construção 1638), 9217 (1640) e 9218 (1267).
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século
XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
3 comentários:
Esta é a verdade... a reposição da mesma fica ao critério do autor deste site.
http://aerodino.no.sapo.pt/aero107.html
Aniceto Carvalho
Senhor Aniceto Carvalho
Li com interesse o seu artigo sobre os helicópteros no link que enviou. Respeito a sua opinião, publicando a sua mensagem. Obrigado pela sua excelente colaboração!
As minhas desculpas, Senhor Carlos Pedro: Não é uma opinião. Grato pela sua atenção.
Enviar um comentário