Dia Mundial dos Leprosos
No último
Domingo de Janeiro de cada ano é celebrado o Dia Mundial dos Leprosos,
instituído pela ONU em 1954, a pedido de Raoul Follereau, o
Apóstolo dos Leprosos do Século XX.
A Lepra é uma
doença dermatológica, infecciosa, crónica, que atinge as pessoas pelo contágio,
em especial as mais frágeis, que sofrem de desnutrição, falta de água potável e
baixos padrões de higiene.
Raoul Follereau chamava à lepra a filha primogénita
da pobreza. Dedicou 50 anos da sua vida à causa dos Leprosos “os mais pobres
dos pobres”, como ele os definia, orientando a sua acção sob a mensagem
“combater a Lepra e todas as causas de exclusão social”.
Quem foi Raoul Follereau
Raoul Follereau
nasceu a 17 de Agosto de 1903, em Nevers, França, numa família de industriais.
Jovem jornalista e poeta, anti-nazi e defensor de uma França livre, viu-se
perseguido, como tantos outros, pela polícia militar nazi. Morreu em Paris, a
16 de Dezembro de 1977.
Em 1936, tinha
então 33 anos, Follereau toma contacto com os leprosos durante
um safari em África. A partir desse momento, a sua vida mudou. No entanto, não
foi fácil começar a manifestar essa amizade pelos leprosos e a curá-los, pois
logo surgiu a II Guerra Mundial e teve de se esconder num convento de
religiosas em Lyon, onde fazia de jardineiro, embora não soubesse nada de
jardinagem.
Um dia, a Madre
Maria Eugénia, superiora do convento, visitou uma ilha de leprosos na Costa do
Marfim e, impressionada com o que acabava de ver, pensou em construir uma
pequena cidade, onde os leprosos pudessem viver e ser curados. Mas era preciso
dinheiro. Então Raoul disse à religiosa: «Avance com o projecto, que no
dinheiro penso eu».
A SUA OBRA - Decidiu
percorrer o mundo inteiro a fazer conferências para sensibilizar as pessoas
para o problema da lepra. O sonho das religiosas tornou-se realidade. Em 1953
era inaugurada Adzopé, uma cidade onde os leprosos podiam ser tratados e curados. Quando Raoul se aproximava dos leprosos, estes ficavam inicialmente um pouco
desconfiados. Mas depois compreendiam que era apenas o amor dele que o levava
junto deles. Então gritavam de alegria: “Pai Raoul”.
Durante as suas
viagens, contou sempre com o apoio da sua mulher Madalena, para construir
aquilo a que ele chamava “ A civilização do Amor”.
Raoul Follereau faleceu em Paris a 16 de Dezembro de 1977.
FONDATION FOLLEREAU LUXEMBOURG
A "Fondation Follereau Luxembourg" (FFL), fundada em 7 de Dezembro de 1966, por iniciativa do
humanista francês Raoul Follereau e com sede no Luxemburgo, é uma associação sem fins lucrativos,
reconhecida desde 1984 como "Public Utility Establishment".
Durante
suas viagens pela África, Follereau descobriu as condições do local de vida
de muitas pessoas e, tocado pela miséria e dificuldades dos pacientes com lepra, decidiu criar uma rede de solidariedade na luta contra a lepra.
De acordo com o
pensamento de Follereau, a FFL trabalha num espírito de absoluta independência política, religiosa e social. Possui actualmente 35 projectos em nove países, incluindo os três países beneficiários
principais, que são o Benin, o Mali e Madagáscar.
As actividades preferenciais da FFL estão distribuídos em quatro áreas principais:
- Melhoria da comunidade de saúde pública (construção e equipamento de instalações médicas, construção de infraestruturas de água e saneamento, promoção da mulher e oferta de micro-créditos)
- Reforço da formação profissional para jovens desfavorecidos (construção e equipamento de centros de formação).
- Ajuda a crianças carentes (luta contra o tráfico de crianças, apoio a crianças de rua, etc.)
- Suporte para programas de controlo nacionais contra doenças tropicais negligenciadas (lepra, úlcera de Buruli)
A lepra, sendo hoje em dia uma doença curável, nem por isso deixou de ser perigosa, já que existem milhares de doentes que, por falta de recursos materiais e humanos, não têm acesso aos tratamentos necessários.
“A batalha da lepra é: um pouco de dinheiro, muita coragem e infinito amor”;
“Ser feliz é fazer os outros felizes. O tesouro que eu vos deixo é o bem que não fiz, que teria querido fazer e que vós fareis depois de mim.”
(Raoul Follereau)