Ver Lockheed Martin F-16 MLU (primeira parte)
Imagem 4: F-16 da Força Aérea Portuguesa |
Resumo histórico (continuação):
Dos aviões F-16
deslocados para a Guerra do Golfo (Operação "Tempestade no Deserto", Janeiro de
1991), muitos estavam optimizados para missões de ataque ao solo. O seu
desempenho no ataque às viaturas blindadas iraquianas foi surpreendente,
suplantando os Fairchild A-10 Thunderbold II, de cuja experiência resultou o
estudo de nova versão, ou “bloco”, equipada com iluminador laser, visão nocturna
e outros melhoramentos operacionais.
A sua capacidade
de resposta às múltiplas solicitações operacionais a que tem sido sujeito,
motivaram o estudo de um novo programa em 1991, similar e, talvez, a continuação
do MSIP de 1980, designado por MLU (Mid-Life-Update), que tem em vista o
prolongamento da vida operacional dos F-16A e F-16B, uma vez que o conjunto
célula-motor tem uma perspectiva de vida útil até 2010 e poderá ser prolongada
para além de 2020.
Outra
justificação para a implementação do MLU reside nas cerca de 1.500 aeronaves
F-16A e F-16B das séries iniciais de produção, serem potencialmente elegíveis
para o programa.
À data do
lançamento, o novo programa envolvia 130 aviões americanos e cerca de 400 dos
restantes utilizadores (EPG - European Participating Governments). Os
sucessivos cortes orçamentais decretados pelo Congresso norte-americano
impediram a modernização dos aviões dos EUA no âmbito do MLU. A USAF intervém
na gestão, acompanhamento e financiamento do programa, cedendo um F-16 como
plataforma experimental dos sistemas a instalar.
Os números de
meados de 1996, no que diz respeito aos F-16 a modificar, compreendem 136
holandeses, 61 dinamarqueses, 56 noruegueses e 48 belgas, estes últimos com
possibilidade de totalizarem 90.
Adicionalmente,
Taiwan encomendou a actualização de 120 a 150 aviões de uma versão híbrida, o
F-16T, que já dispõe de alguns dos “blocos” previstos no âmbito do MLU.
Sendo o F-16
originariamente concebido como avião de combate aéreo a curta distância, uma
das intenções do programa MLU consiste precisamente em dotá-los de capacidade
efectiva de combate “para além do alcance visual” (BVR - Beyond Visual Range),
que vem sendo progressivamente introduzida nas séries de produção mais
recentes.
As modificações
são propostas numa forma global, podendo os países, segundo as suas
necessidades, utilizar apenas algumas das capacidades disponíveis. Mais de 20
anos depois do voo do primeiro protótipo, o F-16 continua a ser dos aviões de
combate mais sofisticados desta época.
Com estes
projectos e os que, naturalmente, se seguirão, é imprevisível o que será o F-16
dos próximos anos, sendo igualmente imprevisível quando terminará a sua vida
operacional. Em Fevereiro de 2010 o total de F-16 construídos
englobando todas as versões e variantes atinge o número 4.426, utilizados em 26 países.
Percurso em Portugal:
Portugal iniciou
a Era F-16 com o processo de aquisição de 17 aviões General Dynamics F-16A
Fighting Falcon (monolugar) e 3 General Dynamics F-16B Fighting Falcon
(bilugar) para a Força Aérea Portuguesa (FAP), foi iniciado em Agosto de 1990,
com a assinatura da “carta de oferta e aceitação” (Letter of Offer and
Acceptance) que implementou o programa «Peace Atlantis I». Além do fornecimento
de 17 F-16A e 3 F-16B, previa peças de substituição, equipamento de suporte e
apoio, manuais de pilotagem e manutenção, instrução de pilotos e equipes de
manutenção, participação da FAP no Grupo de Coordenação Técnica do F-16, e no
Programa Integrado da Estrutura do Avião. Os aviões eram de construção nova no
padrão block 15OCU, o que os tornava quase idênticos ao F-16ADF, a única coisa
que os diferencia é a inexistência das antenas AIFF (Advanced Indentication
Friend or Foe) na frente da canopy. Acrescenta-se que a versão Portuguesa possui algumas melhorias, entre as quais um giroscópio laser Wide-Angle HUD, motores Pratt & Whitney
F100-PW-220E e capacidade de disparo do míssil AIM-120 AMRAAM.
A escolha de Portugal recaiu nos F-16A/B Fighting Falcon, pertencentes ao chamado “Bloco 15” Fighting Falcon, com capacidade OCU (Operational Capability Upgrade), como mais tarde passaram a ser conhecidos que, de forma definitiva, viriam a “revolucionar” a operação e gestão de meios aéreos na FAP, possibilitando de forma inovadora e até então nunca antes conseguida, elevados níveis de eficiência, fiabilidade e segurança, de um meio aéreo sofisticado e exigente como o F-16.
Imagem 7: Lockheed Martin F-16B Block 15AT OCU, da Esquadra 201 da BaseAérea nº 5 (Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/ ) |
A entrega oficial dos 20 F-16 à FAP aconteceu em 21 de Fevereiro de 1995, na Base Aérea Nº 5 (BA5), Monte Real, passando a equipar a Esquadra de Caça 201 - “Falcões”, que se assume como a herdeira do espírito e tradições da extinta Esquadra 51, equipada com os F-86F Sabre, adoptando o distintivo, com pequenas alterações, e o lema «Guerra ou Paz, tanto nos faz». A sua missão primária é a defesa do espaço aéreo nacional, através de missões de caça e intercepção. Além disso, a Esquadra 201 está atribuída à NATO como uma unidade IRF (Immediate Reaction Force).
Imagem 8: Brasão da Base Aérea nº 5 (BA5) |
Imagem 9: Emblema da Esquadra 201 da BA5 |
Devido à crise do Kosovo, em 21 de Janeiro de 1999 o Governo Português autorizou a deslocação de três F-16 para a Base Aérea de Aviano, Itália, para integrarem a Operação Allied Force. Ao destacamento, apelidado de «Falcão Peregrino», foram, essencialmente, atribuídas missões de CAP (Combat Air Patrol), muitas delas com uma duração superior a sete horas de voo, nas quais se chegaram a efectuar vários reabastecimentos em voo. O destacamento terminou em 5 de Julho de 1999, tendo realizado 281 missões, num total de 1.050 horas de voo.
Os F-16A receberam a numeração de 15101 a 15117 e os F-16B de 15118 a 15120. Estão pintados no esquema característico destes aviões, com as superfícies superiores em dois tons de cinzento e as inferiores em cinzento azulado.
Imagem 10: F-16 da FAP equipado com mísseis AIM-9 Sidewinder e tanques de combustível externos. |
Ostentam a Cruz
de Cristo, sobre círculo branco, no extra-dorso da asa esquerda, no intradorso
da asa direita e nos lados da fuselagem, em tamanho reduzido. As cores
nacionais, sem escudo, estão colocadas dentro de um rectângulo nos lados do
estabilizador vertical. Os números de matrícula encontram-se a preto no
extra-dorso da asa direita e no intradorso da asa esquerda, alternando com a
insígnia, e também sobre os rectângulos com as cores nacionais do estabilizador
vertical.
(continua)
Fontes (segunda parte):
Imagem 4 e 8: Cortesia de EMFA - Estado-Maior da Força Aérea;
Imagens 5, 6 e 10: Cortesia de Wikipedia, a enciclopédia livre;
Imagem 7: Cortesia de Paulo Alegria - digitalhangar.blogspot.pt
Imagens 5, 6 e 10: Cortesia de Wikipedia, a enciclopédia livre;
Imagem 7: Cortesia de Paulo Alegria - digitalhangar.blogspot.pt
Texto:
- "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000;
- Cortesia de MAIS ALTO - Revista da Força Aérea Portuguesa: - Revistas números 350, 393, 398, 399 e 406, de Julho/Agosto de 2004, Setembro/Outubro de 2011, Julho/Agosto de 2012, Setembro Outubro de 2012 e Novembro/Dezembro de 2013, respectivamente;
- Cortesia de OPERAÇÕES - Arquivo de Imprensa do Pássaro de Ferro.
- "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000;
- Cortesia de MAIS ALTO - Revista da Força Aérea Portuguesa: - Revistas números 350, 393, 398, 399 e 406, de Julho/Agosto de 2004, Setembro/Outubro de 2011, Julho/Agosto de 2012, Setembro Outubro de 2012 e Novembro/Dezembro de 2013, respectivamente;
- Cortesia de OPERAÇÕES - Arquivo de Imprensa do Pássaro de Ferro.