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02 fevereiro 2016

Festa da Candelária


Imagem de um candelabro com velas
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Etimologia
     O nome “Candelária” deriva de candelabro ou vela, que se refere à luz: a luz sagrada que orienta para o caminho certo e para a redenção, avivando a fé em Deus.
     A palavra "Candelária" expressa o significado desta festa: Cristo, a Luz do Mundo, apresentado pela sua Mãe no Templo, vem iluminar todos como uma vela ou uma candeia.



Festa da Candelária
     No dia 2 de Fevereiro de cada ano procede-se à bênção das velas (candeias ou candelas) em muitas igrejas. Em muitas paróquias, antes da celebração da Santa Missa organiza-se a procissão solene, em que são levadas as velas acesas, símbolo de Jesus Cristo que, ao ser apresentado a Deus no Templo de Jerusalém pelo santo velho Simeão, foi saudado como a Luz que veio para iluminar os povos.

"Canto de louvor de Simeão", 1631, óleo sobre madeira do pintor holandês
Rembrandt (1606-1669). Museu Mauritshuis, Haia, Holanda.

Origem
     Esta festa já era celebrada em Jerusalém, no Século IV. Chamava-se “Festa do Encontro”, “hypapántè”, em grego. Em 534, a festa estendeu-se a Constantinopla. No tempo do Papa Sérgio chegou a Roma e ao Ocidente. Em Roma, a festa incluía uma procissão até à Basílica de Santa Maria Maior. No Século X começaram a benzer-se as velas.
     Segundo alguns investigadores, esta festa teve origem na Roma Antiga, onde a procissão das velas fazia parte integrante da Festa de Lupercália, um festival pastoril romano celebrado a XV Kalendas Martias, que corresponde hoje ao dia 15 de Fevereiro. Realizavam-na na na Gruta de Lupercal, no monte Palatino (uma das sete colinas de Roma). Teria sido onde, segundo a lenda e a tradição, - também chamado Fauno Luperco (o que protege do lobo), em cuja honra se fazia a festa - tomou a forma duma loba e amamentou os gémeos Rómulo e Remo.
     Em 494 d.C., o Papa Gelásio I proibiu e condenou oficialmente esta festa pagã. Numa tentativa de cristianizá-la, substituiu-a pelo dia 14 de Fevereiro, dia dedicado a São Valentim (hoje, conhecido como o “dia dos namorados”).

Quadro que representa a imagem original da Virgem da Candelária. Foi realizado no Século XVIII,
em pleno apogeu das peregrinações marianas, pelo pintor espanhol (de Tenerife) Cristóbal Hernandez de Quintana (1651-1725), que foi um destacado pintor do Barroco. Museu de Arte de Ponce, Porto Rico.


Nomes diferentes para a mesma festa
A Festa da Candelária também é conhecida e celebrada sob diversos nomes. Eis alguns:
  • Apresentação de Jesus no Templo;
  • Apresentação do Senhor;
  • Purificação da Virgem Maria;
  • Festa da Candelária;
  • Festa das Candeias;
  • Festa da Luz;
  • Festa da Nossa Senhora da Luz;
  • Festa da Nossa Senhora da Candelária;
  • Festa da Nossa Senhora das Candeias;
  • Festa da Nossa Senhora da Purificação;
  • Festa da Nossa Senhora da Apresentação;
  • Festa da Virgem da Candelária;
  • Festa da Nossa Senhora da Glória;
  • Festa da Nossa Senhora do Bom Sucesso.
A Bênção das Velas:
     É um costume antiquíssimo que nesta data sejam abençoadas velas e distribuídas ao povo. O Beato João Paulo II certa vez disse:
"Hoje também nós, com as velas acesas, vamos ao encontro d'Aquele que é ‘a Luz do mundo' e acolhemo-l'O na sua Igreja com todo o impulso da nossa fé baptismal.(...). Na tradição polaca, assim como na de outras Nações, estas velas benzidas têm um significado especial porque, levadas para casa, são acendidas nos momentos de perigo, durante os temporais e os cataclismos, em sinal da entrega de si, da família e de quanto se possui à protecção divina. Eis por que, em polaco, estas velas se chamam ‘gromnice', isto é, velas que afastam os raios e protegem contra o mal, e esta festividade é chamada com o nome de Candelária."

"Ainda mais eloquente é o costume de colocar a vela, benzida neste dia, entre as mãos do cristão, no leito de morte, para que ilumine os últimos passos do seu caminho rumo à eternidade. Com esse gesto quer-se afirmar que o moribundo, seguindo a luz da fé, espera entrar nas moradas eternas, onde já não se tem ‘necessidade da luz da lâmpada nem da luz do sol, porque o Senhor Deus o iluminará'" (cf. Ap 22, 5). (HOMILIA DO PAPA JOÃO PAULO II NA SOLENIDADE DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR NO TEMPLO E FESTA DE NOSSA SENHORA DA CANDELÁRIA - 2 de Fevereiro de 1998)
(Cortesia de Gaudiumpress.org)


Imagem da Virgem da Candelária da Basílica de Nossa Senhora da Candelária,
em Candelaria, Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias


História:
     De acordo com uma lenda, registada por Fray Alonso de Espinosa em 1594, uma estátua da Virgem Maria carregando uma criança numa mão e uma vela verde na outra, foi descoberto na praia de Chimisay (Güímar, Ilhas Canárias, Espanha) por dois pastores Guanche em 1392. Este acontecimento foi antes da conquista espanhola da ilha (a ilha não foi totalmente conquistada até 1496).
     Um dos pastores tentou atirar uma pedra para a estátua, mas o braço ficou paralisado. O outro tentou esfaquear a estátua, mas acabou esfaqueando-se a si mesmo. Os pastores advertiram o rei Guanche local e voltaram para a imagem mas, desta vez, com reverência e temor. A imagem foi transferida para a Cueva de Chinguaro, a residência do rei aborígene.
     Após o aparecimento da Virgem nas Canárias e a sua identificação iconográfica com este evento bíblico, a festa começou a celebrar-se com um carácter mariano em 1497, quando o conquistador de Tenerife, Alonso Fernández de Lugo, realizou o primeiro Festival das Candeias (como Nossa Senhora da Candelária), coincidindo com a Festa da Purificação. Após a cristianização da ilha, a imagem da Virgem foi deslocada para a Cueva de Achbinico, localizada na actual cidade de Candelaria, em Santa Cruz de Tenerife, nas Ilhas Canárias.

     O primeiro grande santuário em honra da Virgem Morena foi impulsionado pelo bispo das Canárias, Bartolomé García Jiménez em 1668 e concluído em 1672. Era espaçoso, três naves com uma torre alta. A construção deste templo desapareceu como resultado de um incêndio que ocorreu em 15 de Fevereiro de 1789.
     Mais tarde, esta devoção mariana e a sua festa seriam levadas para várias nações americanas pelas mãos de trabalhadores emigrantes das Ilhas Canárias.

Basílica de Nossa Senhora da Candelária em Candelaria, Santa Cruz de Tenerife, Ilhas Canárias


Celebração e veneração
     A devoção mariana da  Virgem da Candelária é celebrada um pouco por todo o mundo, principalmente nos seguintes países:
Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, El Salvador, Espanha, Equador, Estados Unidos da América, Filipinas, Guatemala, Honduras, Itália, Israel, México, Nicarágua, Panamá, Peru, Porto Rico, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.


Imagem de Maria Santíssima da Candelária de Aracena, Espanha

Este artigo mereceria apontamentos mais detalhados sobre a Virgem da Candelária, exactamente pela extensão do culto mariano pelo mundo, mas, para não se tornar demasiado extenso, faço referência apenas a três países: Espanha (país de origem da devoção), Brasil e Portugal:


Espanha
     Em Espanha, a Festa da Candelária é celebrada em várias cidades, vilas  e localidades, como Jerez de la Frontera (Cádiz), Aracena, Colmenar (Málaga), El Rocio (Huelva), Sevilha e Barcelona, entre outras.

     A Virgem da Candelária é a patrona das Ilhas Canárias e é venerada na Basílica de Nossa Senhora da Candelária, em Tenerife, cuja história é narrada acima.

Cúpula da Basílica de Nossa Senhora da Candelária (Tenerife) com os Escudos
das sete ilhas das Canárias


Como hoje é a festa de Nossa Senhora da Candelária vale a pena ver a sua magnífica procissão na Semana Santa de Sevilha. De realçar o realismo da imagem, quando Nossa Senhora parece estar caminhando.





     É admirável a beleza da imagem e do andor, que percorrem um longo trajecto pelas ruas de Sevilha levados nas costas pelos membros da irmandade (por isso o singular balanço do andor). Como esses conjuntos podem pesar de 1 a 2 toneladas, às vezes são necessárias 60 pessoas para suportá-los. A procissão pode durar 10 horas, com centenas de pessoas, chamadas de costaleros, se revezando na função do transporte do andor.

Imagem de Maria Santíssima da Candelária de Sevilha, Espanha

     Vale a pena dar uma olhada na página da Irmandade da Candelária, Sevilha, com cerca de 100 anos.
Muitos membros da irmandade desfilam com túnicas: são os chamados nazarenos. Nas procissões das irmandades maiores podem sair até 3.000 nazarenos.


Brasil
A Igreja de Nossa Senhora da Candelária é um templo católico localizado localizado no centro da cidade do Rio de Janeiro.

Altar da Igreja de Nossa Senhora da Candelária, Rio de Janeiro, Brasil (foto de Claudio Lara)

Segundo conta a história - semi-lendária - sobre a origem da igreja, no início do Século XVII uma tempestade quase fez naufragar um navio chamado "Candelária", no qual viajavam os portugueses António Martins Palma e Leonor Gonçalves. O casal teria feito a promessa de edificar uma Ermida dedicada à Nossa Senhora da Candelária se escapassem com vida. A nau teria finalmente aportado ao Rio de Janeiro e o casal teria mandado construir uma pequena ermida,no local da actual Igreja da Candelária, em 1609.




Igreja de Nossa Senhora da Candelária, Rio de Janeiro, Brasil

Portugal
Em Portugal o nome " Nossa Senhora da Candelária" é geralmente conhecido pelos nomes "Nossa Senhora da Luz", "Nossa Senhora das Candeias" ou "Nossa Senhora da Purificação", com excepção da Região Autónoma dos Açores, onde existem duas freguesias da Candelária: no Concelho da Madalena (Ilha do Pico) e no Concelho de Ponta Delgada (Ilha de São Miguel).

Nossa Senhora da Luz:
Nossa Senhora da Luz é a Santa Padroeira em freguesias dos concelhos de: Arcos de Valdevez, Beja, Crato, Lagoa, Lagos, Leiria, Lisboa, Miranda do Douro, Mourão, Paços de Ferreira, Santarém, Tavira, Torres Vedras, Vagos, Viseu, Ponta Delgada (São Miguel, Açores), Nordeste (São Miguel, Açores), Santa Cruz da Graciosa (Açores), Horta (Açores), Santa Cruz (Madeira) e Ponta do Sol (Madeira).


Igreja de Nossa Senhora da Luz em Lagoa, Algarve, Portugal


Nossa Senhora das Candeias:
Nossa Senhora das Candeias é a Santa Padroeira em freguesias dos concelhos de: Aveiro, Ferreira do Zêzere, Figueira de Castelo Rodrigo, Fronteira, Guarda, Lamego, Mourão, Paços de Ferreira, Penacova, Póvoa de Varzim, Soure, Madalena (Pico, Açores), Ponta Delgada (São Miguel, Açores), Vila do Porto (Santa Maria, Açores).


Igreja de Nossa Senhora das Candeias, freguesia da Candelária, concelho de Ponta Delgada,
Ilha de São Miguel, Açores, Portugal

Nossa Senhora da Purificação:
Nossa Senhora da Purificação é a Santa Padroeira em freguesias dos concelhos de: Aguiar da Beira, Arcos de Valdevez, Azambuja, Barcelos, Bombarral, Cadaval, Cartaxo, Loures, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Montemor-o-Novo, Mora, Murça, Oeiras, Ourém, Palmela, Penela, Pinhel, Santarém, São Pedro do Sul, Sobral de Monte Agraço, Tomar, Torres Novas, Vale de Cambra, Vila Franca de Xira e Angra do Heroísmo (Terceira, Açores) e Vila do Porto (Santa Maria, Açores).


Igreja de Nossa Senhora da Purificação, na freguesia de Santo Espírito,
concelho de Vila do Porto, Ilha de Santa Maria, Açores.


Altar-mor da Igreja de Nossa Senhora das Candeias, freguesia da Candelária,
concelho da Madalena, Ilha do Pico, Açores, Portugal


Evocação e expansão do culto em Portugal
A Nossa Senhora das Candeias era invocada, tradicionalmente, pelos cegos (como afirma o Padre António Vieira no seu "Sermão do Nascimento da Mãe de Deus": «Perguntai aos cegos para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para a Senhora das Candeias [...]», e tornou-se particularmente venerada em Portugal a partir do início do Século XV.

Segundo a tradição, deve-se a um português, Pedro Martins, muito devoto de Nossa Senhora, que descobriu uma imagem da Mãe de Deus por entre uma estranha luz, no sítio de Carnide, no termo de Lisboa. Aí se fundou de imediato um convento e igreja a ela dedicada (existente ainda hoje), que conheceu grande incremento devido à acção mecenática da Infanta D. Maria, filha de D. Manuel I e sua terceira esposa, D. Leonor de Áustria.

A partir daí, a devoção à Senhora das Candeias cresceu e, com a expansão do Império Português, também se dilatou pelas regiões colonizadas, com especial destaque para o Brasil.


Fontes:
Wikipedia, a enciclopédia livre;
Cortesia de:

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