A Última Ceia na História
A Última Ceia é
o nome dado à última refeição que, de acordo com os cristãos, Jesus dividiu com os seus apóstolos em Jerusalém antes da sua crucificação. A Última Ceia é a base das sagradas escrituras para
a instituição da Eucaristia, também conhecida como "Comunhão".
Nome e utilização - O termo
"Última Ceia" não se encontra no Novo Testamento. No entanto, por tradição, muitos cristãos referem-se ao episódio da última refeição de
Jesus por este termo. É provável que o evento seja o relato de uma última refeição
de Jesus juntamente com os seus primeiros seguidores, tornando-se um ritual de
lembrança.
Os anglicanos e
os presbiterianos utilizam o termo "Ceia do Senhor", defendendo que o
termo "última" sugere que esta foi uma entre muitas ceias, e não
"a ceia". A Igreja Ortodoxa utiliza ainda o termo "Ceia
Mística", que se refere tanto ao episódio quanto à celebração eucarística
dentro da liturgia.
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"Última Ceia", meados do Séc. XVI, pintura de Teófanes,
o Cretense (1490-1559),
Mosteiro de Stavronikita, Monte Athos, Grécia.
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Narrativa bíblica - A Última Ceia é
relatada pelos quatro evangelhos canónicos: Mateus 26:17-30, Marcos 14:12-26, Lucas
22:7-39 e João 13:1 até João 17:26.
A Primeira
Epístola aos Coríntios (I Coríntios 11:23-26) que, possivelmente, foi escrita
antes dos evangelhos, inclui uma referência ao episódio, mas enfatiza a sua
base teológica sem fazer um relato detalhado do evento e do seu contexto.
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"Última Ceia", entre 1304 e 1306, fresco do pintor
italiano Giotto di Bondone (c.1266-1337),
Capela de Scrovegni, Pádua, Itália.
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Contexto, localização
e data - A narrativa
geral dos eventos que levaram à Última Ceia, partilhada pelos quatro
evangelhos, é a de que, após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, no início da
semana (tradicionalmente chamado de "Domingo de Ramos") e o encontro,
diversas pessoas e os anciãos judeus, Jesus e seus discípulos dividiram uma
refeição mais para o final da semana. Depois dela, Jesus é traído, preso, julgado
e crucificado.
Os eventos chave
desta refeição são a preparação dos discípulos para a partida de Jesus, as
previsões sobre a iminente traição e sobre a negação de Pedro e a instituição
da Eucaristia.
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Imagem do Cenáculo, em Jerusalém (foto de Marco Plassio, Wikimedia Comons) |
O Cenáculo (do
latim Cenaculum) é o termo usado para o sítio ou local onde ocorreu a Última Ceia, de acordo
com os cristãos, e onde actualmente se encontra um grande
templo, em Jerusalém, Israel. A palavra é um derivado da palavra latina “cena”, que significa
"jantar".
No Novo
Testamento a data da Última Ceia é muito próxima da data da crucificação
de Jesus (e daí o nome). Os estudiosos estimam que a crucificação
tenha ocorrido por volta de 30–36 d.C..
O estudioso da Bíblia e físico britânico Colin Humphreys (n. 1941) descarta o ano 36 por razões astronómicas e apresenta outros argumentos para defender que a crucificação teria ocorrido na tarde de 3 de Abril de 33, dia 14 de Nisan no calendário oficial judaico daquele ano.
O estudioso da Bíblia e físico britânico Colin Humphreys (n. 1941) descarta o ano 36 por razões astronómicas e apresenta outros argumentos para defender que a crucificação teria ocorrido na tarde de 3 de Abril de 33, dia 14 de Nisan no calendário oficial judaico daquele ano.
Em 2011 Humphreys afirmou no seu
livro "O Mistério da Última Ceia" que a Última Ceia ocorreu na quarta-feira
(Quarta-feira Santa), e não como tradicionalmente considerado, na quinta-feira
(Quinta-feira Santa). As discrepâncias de tempo aparentes (Nisan 15 ou 14)
entre os evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas contra o evangelho de João, estão enraizados no
uso de diferentes calendários pelos escritores: o primeiro grupo usou um
calendário judaico mais antigo enquanto no evangelho de João foi utilizado um calendário lunar. A Última Ceia, ao ser datada na quarta-feira, iria permitir mais tempo para o interrogatório e
apresentação a Pilatos, antes da crucificação, do que o tempo dado na visão tradicional.
Humphreys propôs que a data real para a Última Ceia deveria ser 1 de Abril de 33.
"A Última Ceia", 1325-28, tempera e ouro sobre
madeira do pintor italiano Ugolino di Nerio (c.1280-1349),
Metropolitan Museum
of Art, Nova Iorque, Estados Unidos.
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Instituição da
Eucaristia - A Eucaristia, "que
já era celebrada pelas primeiras comunidades cristãs em Jerusalém e por São
Paulo na sua visita a Troas", foi instituída por Jesus (Actos 20:7). A
instituição é relatada pelos evangelhos sinópticos e na epístola de Paulo aos
coríntios. As palavras utilizadas possuem pequenas diferenças entre os três
relatos, reflectindo duas tradições: uma, baseada em Marcos (que foi a base de Mateus,
juntamente com a chamada fonte Q) e outra, paulina (base de Lucas). Além disso, Lucas
22:19-20 é um texto disputado por alguns, que não aparece nos primeiros manuscritos
de Lucas. Alguns académicos acreditam que seja uma interpolação posterior,
enquanto que outros argumentam que é o texto original.
A Última Ceia na Pintura Universal
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"A Comunhão dos Apóstolos", 1440/41, Fra Angélico
(1390-1455),
Museu de São Marco, Convento de São Marco, Florença, Itália.
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A Última Ceia na Pintura Universal
Este tema foi amplamente retratado na cultura universal, tanto na escultura como na pintura e outras artes.
Na Pintura Universal é quase interminável a lista de pintores que ilustraram o tema da Última Ceia.
Sem pretender ser demasiado exaustivo, na passagem desta Quinta-feira Santa destaco alguns pintores, associados por épocas ou correntes da História da Pintura Universal (a negro, os autores dos quadros aqui representados):
Na Pintura Universal é quase interminável a lista de pintores que ilustraram o tema da Última Ceia.
Sem pretender ser demasiado exaustivo, na passagem desta Quinta-feira Santa destaco alguns pintores, associados por épocas ou correntes da História da Pintura Universal (a negro, os autores dos quadros aqui representados):
1a - Arte Bizantina (Séc. VI - Séc. XV):
Teófanes, o Cretense (1490-1559), grego.
1b - Pré-Renascimento (Séc. XI - Séc. XV):
Giotto di Bondone (c.1266-1337), italiano;
Agnolo Gaddi (1350-1396), italiano.
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"Última Ceia", c.1412, óleo sobre madeira do
pintor catalão Jaume Huguet (c.1412-1492),
Museu Nacional de Arte da Catalunha,
Barcelona, Espanha.
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1c - Gótico (Séc XII - Séc. XVI):
"AÚltima Ceia", 1475-1480, óleo sobre painel do
pintor alemão Mestre de Housebook,
Museus Estatais de Berlim, Alemanha.
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Pietro Lorenzetti (c.1280-1348), italiano;
Taddeo Gaddi (c.1300-1366), italiano;
Jaume Serra (?-c.1405), catalão;
Lorenzo Monaco (c.1370-1425), italiano;
Fra Angélico (1390-1455), italiano;
Stefano di Giovanni (1392-1450), italiano;
Mariotto di Nardo (1394-1424), italiano;
Dirk Bouts (c.1410/20-1475), flamengo;
Jaume Huguet (c.1412-1492), catalão;
Mestre de Housebook, alemão.
1d - Gótico Internacional (Séc. XIV - Séc. XV):
Duccio di Buoninsegna (1255-1319), italiano.
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"AÚltima Ceia", 1445/1450, fresco do pintor
italiano Andrea del Castagno (1421-1457),
Convento de Santa Apolónia, Florença,
Itália.
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"Ultima Ceia", 1481/82, fresco do pintor italiano
Cosimo Rosselli (1439-1507), Capela Sistina, Vaticano.
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2a - Renascimento (Séc. XV - Séc.
XVI):
Fra Angélico (1390-1455), italiano;
Dirk Bouts (c.1410/20-1475),
flamengo;
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"Última Ceia", 1501/1506, óleo sobre painel
do
pintor flamengo Francisco Henriques
(?-1518), Políptico da Capela-mor da
Sé de
Viseu, Museu Nacional
Grão Vasco, Viseu, Portugal.
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Jaume Baçó Jacomart (1411-1461),
espanhol;
Andrea del Castagno (1421-1457),
italiano;
Cosimo Rosselli (1439-1507),
italiano;
Francisco Henriques (?-1518),
flamengo;
Luca Signorelli (1445-1523),
italiano;
Pietro Perugino (c.1448-1523),
italiano;
Domenico Ghirlandaio (1449-1494),
italiano;
Leonardo da Vinci (1452-1519),
italiano;
Albrecht Dürer (1471-1528), alemão;
Jörg Ratgeb (1480-1526), alemão;
Franciabigio (1482-1525), italiano;
Andrea del Sartro (1486-1530),
italiano;
Hans Holbein, o Jovem
(c.1497-1543), alemão;
Pieter Coecke van Aelst
(1502-1556), belga;
Vicente Juan Masip (Juan de Juanes)
(1507-1579), espanhol;
Jacopo Bassano (1510-1592),
italiano;
Lucas Cranach, o Jovem (1515-1586),
alemão;
Tintoretto (c.1518-1594), italiano;
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"Última Ceia", 1480, fresco do pintor italiano
Domenico Ghirlandaio (1449-1494),
Igreja de Ognissanti (Todos-os-Santos),
Florença, Itália.
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Pieter Pourbus (1523-1584), flamengo;
Fray Nicolás Borrás (1530-1610), espanhol;
Dirck Barendsz (1534-1592), holandês;
El Greco (1541-1614), espanhol;
Alonso Vázquez (1564-1608), espanhol;
Frans Pourbus, o Jovem (1569-1622), flamengo.
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"A Última Ceia", 1495/98, fresco do pintor
italiano Leonardo da Vinci (1452-1519),
Convento de Santa Maria delle Grazie,
Milão, Itália.
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"A Última Ceia", c. 1562, óleo sobre painel do
pintor espanhol Vicente Juan Masip (Juan de Juanes) (1507-1579),
Museu do
Prado, Madrid, Espanha.
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2b - Maneirismo (Séc. XVI - Séc XVII):
Tintoretto (c.1518-1594), italiano;
Giovanni Battista Moroni (c.1520-1578), italiano;
Paolo Veronese (1528-1588), italiano;
Benedetto Caliari (1538-1598), italiano;
Otto van Veen (c.1556-1629), flamengo;
Leandro Bassano (1557-1622), italiano;
Daniele Crespi (1590-1630), italiano.
2c - Academicismo (Séc. XVI - Séc. XIX):
Pascal Dagnan-Bouveret (1852-1929), francês.
2d - Barroco (Séc XVII - Séc. XVIII):
Peter Paul Rubens (1577-1640), flamengo;
Simon Vouet (1590-1649), francês;
Valentin de Boulogne (1591-1632), francês;
Daniele Crespi (1598-1630), italiano;
Philippe de Champaigne (1602-1674), francês;
Gerbrand van den Eeckhout (1621-1674), holandês;
Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770), italiano.
2e - Rococó (Séc XVIII - Séc. XIX):
Francesco Fontebasso (1707-1769), italiano;
Franz Anton Maulbertsch (1724-1796), austríaco.
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"Última Ceia", 1569, óleo sobre tela do pintor
italiano
Giovanni Battista Moroni (c.1520-1578), Igreja
Paroquial de Santa
Maria Assunta e S. Giacomo,
Romano di Lombardia, Itália.
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Giovanni Battista Moroni (c.1520-1578), italiano;
Paolo Veronese (1528-1588), italiano;
Benedetto Caliari (1538-1598), italiano;
Otto van Veen (c.1556-1629), flamengo;
Leandro Bassano (1557-1622), italiano;
Daniele Crespi (1590-1630), italiano.
2c - Academicismo (Séc. XVI - Séc. XIX):
Pascal Dagnan-Bouveret (1852-1929), francês.
2d - Barroco (Séc XVII - Séc. XVIII):
Peter Paul Rubens (1577-1640), flamengo;
Simon Vouet (1590-1649), francês;
Daniele Crespi (1598-1630), italiano;
Philippe de Champaigne (1602-1674), francês;
Gerbrand van den Eeckhout (1621-1674), holandês;
2e - Rococó (Séc XVIII - Séc. XIX):
Francesco Fontebasso (1707-1769), italiano;
Franz Anton Maulbertsch (1724-1796), austríaco.
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"Última Ceia", c.1590, pintura de Daniele Crespi
(1590-1630),
Pinacoteca de Brera, Milão, Itália.
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"A Última Ceia", do pintor francês Pascal
Dagnan-Bouveret (1852-1929),
Abadia de Saint-Vaast, Museu de Belas Artes
de Arras, França.
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"A Última Ceia", 1631-32, óleo sobre tela do
pintor flamengo Peter Paul Rubens (1577-1640),
Pinacoteca de Brera, Milão,
Itália.
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"Última Ceia", c.1750, óleo sobre tela do pintor
italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770),
Museu Nacional de Varsóvia,
Polónia.
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"A Última Ceia", 1762, óleo sobre tela do pintor
italiano Francesco Fontebasso (1707-1769),
Museu Nacional do Hermitage, São
Petersburgo, Rússia.
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3. PINTURA CONTEMPORÂNEA
3a - Pintura Histórica:
3a - Pintura Histórica:
Carl Heinrich Block (1834-1890), dinamarquês.
3b - Vanguardismo (1905-1960):
Salvador Dali (1904-1989), espanhol.
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"O Sacramento da Última Ceia", 1955, óleo sobre
tela do pintor espanhol Salvador Dali (1904-1989),
National Gallery of Art,
Washington D.C., Estados Unidos.
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OUTROS:
Arte russa:
Simon Ushakov (1626-1686), russo.
- Códice Bíblico: Codex Purpureus Rossanensis (Séc. VI), Manuscrito Iluminado Bizantino, Museu Diocesano, Rossano, Itália;
- Mestres Italo-Bizantinos da Abadia de Sant'Angelo in Formis, Capua, Itália.
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"Última Ceia", Séc. VI, Codex Purpureus
Rossanensis, Manuscrito Iluminado Bizantino,
Museu Diocesano, Rossano, Itália;
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"A Última Ceia", c.1100, fresco dos Mestres Italo-Bizantinos,
Abadia de Sant'Angelo in Formis, Capua, Itália;
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Arte russa:
Simon Ushakov (1626-1686), russo.
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