Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

18 novembro 2012

Junkers Ju-52 / 3m (terceira parte)

(Continuação: terceira parte)

Ver  Junkers Ju-52/3m (primeira parte)


Imagem 6
  1. Força Aérea
      Em 1952, os Junkers Ju-52/3m ge e Ju-52/3m g8e são absorvidos pela Força Aérea Portuguesa (FAP) e quase todos reunidos na Base Aérea Nº 3 (B.A.3), Tancos, tendo em vista a colaboração com os pára-quedistas, na altura em formação.
     A Base Aérea Nº 1 (B.A.1), Sintra, operou dois Ju-52, equipados para instrução de navegadores e de radio-telegrafistas, enquanto que a Base Aérea Nº 2 (B.A.2), Ota, manteve outros dois, para missões de transporte. Mantiveram as matrículas de quatro dígitos e a camuflagem original. Passaram a ostentar a insígnia da Cruz de Cristo, sobre círculo branco, no intradorso da asa esquerda e no extra-dorso da asa direita, alternando com a matrícula, esta em algarismos pretos. Sendo o algarismo da mesma cor que a superfície inferior das asas, foram colocados sobre um rectângulo cinzento. A Cruz de Cristo, sobre círculo branco, foi aplicada também nos lados da fuselagem. A bandeira nacional, sem escudo, foi colocada num pequeno rectângulo em ambos os lados do estabilizador vertical, encimada pelos algarismos pretos da matrícula. 
   
Imagem 8: Emblema da BA2

Imagem 7: O Galgo, símbolo
da BA3



      Os aviões da B.A.3 ostentavam, sob a janela da cabina de pilotagem, o tradicional galgo amarelo (Imagem 7), enquanto que os da B.A.2 ostentavam, na mesma posição, o distintivo da Unidade (Imagem 8).

     Em meados dos anos 50 a manutenção da frota Junkers Ju-52/3m debatia-se com grandes dificuldades para assegurar a operacionalidade dos motores BMW 132A-2, dada a falta de sobressalentes. Os engenheiros das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca, estudaram a instalação dos motores americanos Pratt & Whitney R-1340-AN-1 Wasp, excedentes dos North-American T-6. Este empreendimento - pensa-se que, até então, único no Mundo - obteve êxito e, em 1959, começaram a chegar à B.A.3 os primeiros aviões com os motores modificados.
Imagem 9: Emblema da BA3

      A partir de 1960 foi-lhes aplicado o esquema de pintura da FAP para os aviões de transporte, em alumínio com o dorso em branco, mantendo as insígnias e as matrículas nas posições anteriores.


Os Ju-52/3m colocados na B.A.3 ostentavam, sob a janela da cabina de pilotagem, o distintivo da Base no formato completo, com fundo azul, substituindo o tradicional galgo amarelo. (Imagem 9)

      Com a formação do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas (BCP), em Maio de 1955, que ficou instalado no Polígono Militar de Tancos, junto da B.A.3, os Ju-52/3m encetaram uma nova actividade.
No dia 15 de Outubro de 1955, elementos do BCP realizaram os primeiros saltos em Portugal, transportados em dois Junkers Ju-52/3m da B.A.3.

      Em 1961 foram adquiridos à Força Aérea Francesa 15 aviões Amiot A.A.C. 1 Toucan, a designação dos Junkers Ju-52/3m construídos em França nos Ateliers Aéronautiques de Colombes (A.A.C.). Foram transportados em voo da Argélia para a B.A.3, onde chegaram em Novembro e Dezembro de 1960. (Imagem 10)

Imagem 10

      Foram aumentados à carga da FAP com data de 27 de Fevereiro de 1961 e receberam a numeração de 6310 a 6324. Os Toucan não apresentavam alterações significativas em relação aos Ju-52/3m de origem alemã. No entanto, tinham as rodas do trem de aterragem com jantes de menor diâmetro e pneus mais largos, apropriados para pistas de terreno macio e porta de carga no lado direito da fuselagem, tal como os Ju-52/3m g8e, ainda que de menores dimensões.
     Estavam equipados com os motores BMW 132T, de 600 hp, que a FAP nunca substituiu. A pintura que possuíam, em alumínio com o dorso a branco, não foi alterada. Receberam as insígnias portuguesas. Os Amiot Toucan foram baptizados pelo pessoal de «Ju argelino».
      Em 1964, a distribuição dos Ju-52/3m e Toucan era a seguinte:

  • B.A. 1: 6304, 6307, 6315, 6316 e 6319;
  • B.A. 2: 6309 e 6320;
  • B.A. 3: 6300 a 6303, 6305, 6306, 6310, 6312 a 6314, 6317, 6318, 6321 a 6324;
  • B.A. 5: 6311.
       O 6308 da B.A.3, acidentado em 1956, foi abatido ao efectivo no ano seguinte. Da reduzida lista de acidentes com estes aviões, consta um pouco vulgar: -  No dia 31 de Agosto de 1969, os Ju-52/3m 6300 e 6310 colidiram no ar durante um voo de formação, do qual não resultaram estragos maiores que chapas ligeiramente amolgadas.
      Em 1955, os Ju-52/3m da B.A.3 estavam colocados na Esquadra de Ligação e Treino (ELT), que mudou sucessivamente de designação: em 1957 passou para Esquadra de Transporte de Pára-quedistas (ETP), em 1959 para Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem e Navegação em Aviões Pesados (EICPNAP), em fins de 1963 era a Esquadra de Treino e Transporte de Tropas Pára-quedistas (ETTTP) e, a partir de 1971, foi designada por Esquadra 32. A sucessora foi a Esquadra 502, transferida para a BA1 quando a BA3 foi encerrada em 1993.

      O abate da frota dos JU-52/3m foi um processo lento que demorou seis anos, sendo concluído em 1972.
      Ainda que surpreendente, o certo é que estes valiosos aviões, depois de concluídos os processos de abate, foram desmantelados. Salvaram-se muito poucos, alguns deles oferecidos a municípios que os colocaram em exposição. Muitos destes aviões acabaram por ser novamente adquiridos pelo Museu do Ar, por troca com outras aeronaves. Salvaram-se também o 6316, que se encontra no Imperial War Museum de Duxford, na Grã-Bretanha, em exposição ao ar livre, pintado com as cores e as insígnias da Luftwaffe. O 6309, que se encontra no Musée de l’Armée, em Bruxelas-Bélgica. E o 6320, propriedade da Luftwaffe, que se encontra na Base Aérea de Hohn, Alemanha.
      O Museu do Ar é detentor dos 6300, 6301, 6304, 6311 e 6315. Ainda que pareça inacreditável, todos estes Junkers J-52/3m foram desmantelados antes de se tornarem propriedade do Museu do Ar. Nem um ficou em condições de ser exposto ao público. Para remediar esta situação, o Museu do Ar mandou recuperar o 6304 na Bodo Aviation Historical Society, Noruega, com a finalidade de ser exposto, mas o trabalho é de molde a que o avião tenha de permanecer em recinto fechado. Como contrapartida, os noruegueses receberam o 6306.
      O Ju-52 é recordado com saudade, mercê da sua extraordinária segurança e durabilidade.

Ver  Junkers Ju-52/3m (primeira parte)


Fontes (terceira parte):
Imagens 6 e 10: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagens 7, 8 e 9: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000; - "História da Força Aérea Portuguesa", Volume III, Coronel Piloto-Aviador Edgar Pereira da Costa Cardoso, Edição Cromocolor, Lda, Lisboa, 1984.

Sem comentários:

Enviar um comentário