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BRISTOL BLENHEIM Mk IV
BRISTOL BLENHEIM Mk V
BRISTOL BLENHEIM Mk V
Quantidade: 25 (13 A.M. e 12 A.N.)
Utilizador: Aeronáutica Militar e Aviação Naval
Entrada ao serviço: Julho de 1941
Data de abate: Finais de 1944
Dados técnicos:
a. Tipo de Aeronave
Avião bimotor terrestre, de trem de aterragem convencional retráctil, com roda de cauda, monoplano de asa média, revestimento metálico, cabina integrada na fuselagem, classificado como bombardeiro ligeiro. Tripulação: 3 (piloto, navegador/bombardeiro e operador de rádio/metralhador).
b. Construtor
Bristol Aeroplane Co. Ltd. / Grã-Bretanha;
Sob licença: A.V. Roe & Co. Ltd. / Grã-Bretanha;
Canadian Vickers Ltd. / Canadá.
c. Motopropulsor
Motores: 2 motores:
Versão Mk IV: Bristol Mercury XV, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 920 hp.
Versão Mk IV: Bristol Mercury XV, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 920 hp.
Versão Mk V: Bristol Mercury XXX, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 950 hp.
Hélices: Metálicos, de três pás, de passo variável.
d. Dimensões
Mk IV Mk V
Envergadura …………..........17,17 m 17,17 m
Comprimento…..……….……12,98 m 13,41 m
Altura………….………...……...3,90 m 3,90 m
Área alar ……….……...........43,14 m² 43,14 m²
e. Pesos
Peso vazio……………..…….4.455 Kg 4.887 Kg
Peso máximo………………..6.265 Kg 7.723 Kg
f. Performances
Velocidade máxima ……..….….427 Km/h 394 Km/h
Velocidade de cruzeiro ……......345 Km/h Desconhecido
Tecto de serviço ………….…..6.700 m 5.420 m
Raio de acção …………….…..2.350 Km 1.760 Km
g. Armamento
Defensivo: 2 metralhadoras Vickers K, de 7,7 mm, móveis, inataladas na torre dorsal;
Ofensivo: 4 metralhadoras Browning, de 7,7 mm, fixas, em posição ventral, sob o porta-bombas;
600 Kg de bombas.
h. Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
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A origem do avião Bristol Blenheim data de 1934: Lord Rothermere, um
magnata da imprensa, pediu à fábrica britânica de aviões Bristol para construir
um avião executivo mais rápido que qualquer outro e capaz de transportar seis
passageiros a 400 Km/h, velocidade bastante superior à dos caças que na época
serviam na Royal Air Force (RAF):
Daqui resultou o Bristol Type
142 Britain First, o primeiro mono-plano moderno de revestimento metálico
construído na Grã-Bretanha, com trem de aterragem retráctil, flaps e hélice de
passo variável importados dos Estados Unidos. O protótipo fez o primeiro voo em
25 de Julho de 1936, surpreendendo o próprio projectista (engenheiro Barnwell),
quando alcançou os 494 Km/h.
A RAF interessou-se pelo
projecto, surgindo o bombardeiro Bristol Type 149 Blenheim, com nova fuselagem,
asa média e compartimento para bombas. Despertou o interesse internacional,
tendo sido exportado para a Finlândia, Turquia, Jugoslávia, Lituânia, Roménia e
Grécia. O Blenheim original sofreu muitas modificações, tendo-lhe sido
atribuídas diversas designações.
Os Bristol Blenheim Mk I
entraram ao serviço do Comando de Bombardeiros da RAF em Janeiro de 1937, sendo
utilizados até 1942, altura em que foram substituídos pelos aviões americanos
Douglas Boston e britânicos DH Mosquito. O Comando Costeiro da RAF operou os
Blenheim Mk I F, transformados em caças nocturnos, equipados com o primeiro
radar operacional do mundo (A1 Mk III).
Os Blenheim Mk IV entraram ao
serviço em 1939 e foram produzidos 3.297, sendo a versão mais usada pela RAF. A
versão Mk IV L era essencialmente orientada para missões de bombardeamento, e a
versão Mk IV F para missões de caça bombardeiro.
Ao deflagrar a II Guerra
Mundial, coube aos Blenheim Mk IV das Esquadras 107 e 110 da RAF, executar a
primeira missão de bombardeamento sobre território inimigo, duas horas após a
Grã-Bretanha ter declarado guerra à Alemanha, facto histórico que ocorreu em 3
de Setembro de 1939.
Em 1940, reconhecendo-se, pela
primeira vez, a sua inferioridade para se confrontar com a dura realidade da
guerra na Europa, os Bristol Blenheim foram desviados para os teatros de
operações do Norte de África, Mediterrâneo e colónias britânicas. Em 1943 foram
retirados das missões de primeira linha, mantendo-se em zonas mais calmas.
Ainda em 1940, a Bristol
apresentou à RAF o projecto de um bombardeiro táctico fortemente armado e
blindado, baseado no Blenheim Mk IV e denominado Bisley. Dois protótipos do
Bisley voaram em Fevereiro e Setembro de 1941, respectivamente, mas o projecto
foi abandonado, uma vez que o Bristol Beaufighter e o Hawker Hurricane,
devidamente adaptados, provaram ser muito mais eficazes no bombardeamento
táctico.
Entretanto, a Bristol
construiu uma nova versão, onde se aplicou algumas das inovações destinadas ao
projecto Bisley, designada por Blenheim Mk V, que lutou no Norte de África e no
Extremo Oriente. Por este facto encontram-se, erradamente, referências aos
Bristol Blenheim Mk V como sendo Bristol Bisley.
Os 676 Blenheim construídos no
Canadá viram a sua denominação alterada para Bolingbroke. O Bolingbroke Mk IV
era uma versão singular de hidroavião de flutuadores.
Terminada a guerra, a RAF
manteve 180 Bristol Blenheim Mk IV ao serviço por mais três anos, espalhados
por esquadras de caça nocturna, de bombardeamento e de cooperação com as forças
terrestres. A produção total dos Bristol Blenheim, nas diferentes versões, é
estimada em cerca de 5.500 unidades. Foram utilizados pelo Canadá, Finlândia,
França, Grã-Bretanha, Grécia, Jugoslávia, Lituânia, Portugal, Roménia e
Turquia.
Percurso em Portugal:
- Aeronáutica Militar
Em Julho de 1941, o Bristol
Blenheim Mk IV L com o número de série RAF Z7366 aterrou de emergência em Faro,
sofrendo danos ligeiros. Foi apreendido, reparado e integrado na Aeronáutica
Militar (A.M.), sendo o primeiro a entrar ao serviço em Portugal.
Em 17 de Novembro de 1942 foi
integrado na AM outro Blenheim, este da versão Mk V (Número de série RAF
BA829), que aterrou em Portugal em condições semelhantes ao anterior. Considerando-se os aviões apreendidos como propriedade do Governo português,
decorreram negociações à margem do acordo com o Governo britânico para a
instalação das bases militares nos Açores, sendo alguns aviões objecto de
trocas, como parece ter sucedido com os Vickers-Armstrong Wellington.
Neste cenário, foram fixados os preços de cada avião, 3.500 libras para o Blenheim Mk I e 7.000 libras para a versão Mk IV. Por certo que os negociadores chegaram a acordo, pois os primeiros 11 Blenheim descolaram da Grã-Bretanha a 30 de Agosto de 1943 e aterraram na Base Aérea Nº 1 (BA1), Sintra, no dia seguinte. Destes, seis destinavam-se à Aviação Naval (A.N.) e os restantes cinco à A.M.
Neste cenário, foram fixados os preços de cada avião, 3.500 libras para o Blenheim Mk I e 7.000 libras para a versão Mk IV. Por certo que os negociadores chegaram a acordo, pois os primeiros 11 Blenheim descolaram da Grã-Bretanha a 30 de Agosto de 1943 e aterraram na Base Aérea Nº 1 (BA1), Sintra, no dia seguinte. Destes, seis destinavam-se à Aviação Naval (A.N.) e os restantes cinco à A.M.
Dos destinados à A.M., quatro eram da versão Mk IV L com o número de
série RAF N 3544, R 2781, R 3830 e V 5883 e um da versão Mk V, com duplo comando
para instrução de pilotos, com o número de série RAF AZ 986.
Em 16 de Setembro de 1943
aterraram na BA1 mais 10 Blenheim, dos quais 6 para a AM, cinco da versão Mk IV
L, número de série RAF T2431, T2434, V5501, V6395 e Z7492, e outro da versão Mk
V, número de série RAF AZ 987. Foram integrados na Esquadrilha ZE da Base Aérea
Nº 2 (BA2), Ota, recebendo os Mk IV L os números de matrícula 261 a 270 e os Mk
V de 271 a 273.
O destino dos três Blenheim é
um dos pontos obscuros da História da Aviação Militar Portuguesa. Segundo
alguns, o apreendido em 1942 ficou na AM e os dois recebidos em 1943 ficaram
pertença da A.N.
Contudo, os três aviões Blenheim Mk V aparecem referidos no inventário da AM com as matrículas 271 a 273, dando consistência a outras fontes, que indicam que os três aviões teriam operado juntos na Esquadrilha ZE. Assim, optou-se pela colocação dos três aviões na AM, por se afigurar mais coerente. Existe ainda a hipótese de dois dos Mk V terem sido inicialmente colocados na A.N. e depois transferidos para a AM, recebendo as matrículas de ambos os utilizadores.
Contudo, os três aviões Blenheim Mk V aparecem referidos no inventário da AM com as matrículas 271 a 273, dando consistência a outras fontes, que indicam que os três aviões teriam operado juntos na Esquadrilha ZE. Assim, optou-se pela colocação dos três aviões na AM, por se afigurar mais coerente. Existe ainda a hipótese de dois dos Mk V terem sido inicialmente colocados na A.N. e depois transferidos para a AM, recebendo as matrículas de ambos os utilizadores.
Num acidente ocorrido em 12 de
Agosto de 1944 deu-se a queda do primeiro avião desta frota, o 261, no Rio
Tejo, provocando a perda total da aeronave e a morte do Comandante da
Esquadrilha, o Capitão Ribeiro Ferreira, cujo avião foi colidido pelo “avião
asa” quando voavam em formação, após ter repreendido o respectivo piloto por
voar muito afastado do “avião chefe”. Este acidente provocou o encerramento da
actividade da Esquadrilha ZE, só retomada em 1947, ao ser equipada com os
Spitfire, então recebidos. Conclui-se, assim, que a vida operacional dos
Bristol Blenheim da AM cessou em finais de 1944.
Os aviões mantiveram a
camuflagem da RAF, com as superfícies superiores em castanho-terra e
verde-escuro e as inferiores em azul-céu. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre
círculo branco em ambas as faces das asas. Na fuselagem apresentavam as letras que designavam a Esquadrilha (ZE) e a letra da ordem do avião na Esquadrilha
pintadas a branco e separadas pela Cruz de Cristo, pintada sobre a camuflagem
(sem círculo branco) e ainda o número de
matrícula da AM, em pequenos algarismos brancos, junto ao estabilizador
horizontal. Em ambos os lados do estabilizador vertical encontravam-se as cores
nacionais, sem escudo, num pequeno rectângulo.
- Aviação Naval
Os aviões Blenheim destinados
à A.N. vieram para Portugal em voo, em conjunto com os da AM. Eram Bristol
Blenheim Mk IV F, caças-bombardeiros, que se diferenciavam da versão Mk IV L,
fornecida à AM, pelo armamento adequado à luta anti-navio, incluindo uma
gôndola, colocada assimetricamente sob o nariz, com quatro metralhadoras fixas
de calibre 7,7 mm, tal como os aviões da versão Mk V, podendo também transportar
um torpedo sob a fuselagem.
No dia 1 de Setembro de 1943
aterraram na BA1 os seis primeiros, com o número de série RAF R 2775(F), V
5429(F), V 5434(F), Z 5760(F), Z 5762(F) e Z 6030(F). Seguiram-se mais quatro,
igualmente da versão Mk IV F, chegados a 16 de Setembro, com os números de
série N 3600(F), R 3623(F), V 5729(F) e Z 3641(F). Em 9 de Novembro de 1943
chegou o número de série Z 5736(F) e o último no dia 30 do mesmo mês, com o
número de série Z 6035(F), ambos da versão Mk IV F.
Foram todos colocados na
Esquadrilha B da Aviação Naval, baseada no Aeroporto da Portela de Sacavém,
Lisboa, destinados a missões anti-navio, tendo recebido as matrículas da A.N.
de B-1 a B-12, cuja letra significava Blenheim, de acordo com o sistema
adoptado na época pela A.N.
Tal como os aviões da AM,
mantiveram as pinturas de origem. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo
branco, em ambos os lados das asas. As cores nacionais, sem escudo, cobrindo
todo o leme de direcção, bem como a matrícula nos lados da fuselagem, em
caracteres brancos. Ostentavam uma pequena âncora preta no estabilizador
vertical.
Os Bristol Blenheim Mk IV F da
A.N. foram desactivados em Agosto de 1944.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Wikipedia, a enciclopédia livre;
Imagem 2: Cortesia de Wikipedia, a enciclopédia livre;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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