Quantidade:
11
Utilizador:
Aeronáutica Militar
Entrada
ao serviço: 10 de Agosto de 1941
Data
de abate: 1946
Dados Técnicos:
a. Tipo de Aeronave
Avião bimotor
terrestre, de trem de aterragem convencional retráctil, mono-plano de asa baixa
com revestimento metálico, monolugar de cabina fechada, destinado a missões de
caça. Tripulação: 1 (piloto).
b. Construtor
Curtiss-Wright Corp. /
USA.
c. Motopropulsor
Motor: 1 motor Wrigth
GR-1820-G205A, de 9 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 1200 hp.
Hélice: Metálico, de três
pás, de passo variável.
d. Dimensões
Envergadura
…………..........11,37 m
Comprimento…..………….…..8,73
m
Altura………….………...……...2,79 m
Área alar
……….……...........21,71 m²
e. Pesos
Peso vazio……………..….….2.060
Kg
Peso máximo………………...3.020
Kg
f. Performances
Velocidade máxima
……..…520 Km/h
Velocidade de cruzeiro
…….421 Km/h
Tecto de serviço
……..……9.960 m
Raio de acção
………….……970 Km
g. Armamento
2 metralhadoras de 7,7 mm
instaladas no nariz do avião, sincronizadas com o hélice;
4 metralhadoras (2+2) de
7,62 mm, instaladas nas asas.
h. Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo
histórico:
O avião de caça Curtiss P-36 Hawk foi
projectado pela fábrica americana Curtiss-Wright Corp. em 1934. O protótipo,
designado por Model 75, realizou o primeiro voo em Maio de 1935, seguindo-se
outro protótipo com a designação YIP-36, que voou em Janeiro de 1937. Ainda
neste ano, o Governo americano, prevendo a possibilidade de uma guerra,
efectuou a encomenda 210 aviões, uma das maiores até então.
Os modelos Curtiss P-36A e P-36C equiparam
algumas unidades de combate americanas nos anos de 1938 e 1939. Coube-lhes a
honra de, a par dos Seversky (mais tarde Republic) P-35, serem os primeiros
caças monoplanos que equiparam a US Army Air Force (USAAF). A sua carreira
operacional não foi notável. Os americanos rápidamente se aperceberam que era
um avião inadequado para operar num teatro de guerra tecnicamente exigente.
Canalizaram o seu interesse para um modelo
baseado no Curtiss P-36 Hawk, com motor de 12 cilindros de dupla linha em V,
que viria a tornar-se famoso nos céus do Extremo Oriente: o Curtiss P-40, nas
versões Tomahawk e Kityhawk.
Não obstante, o destino ainda proporcionou
alguma glória aos Curtiss P-36 Hawk, tanto na Europa, sob a bandeira francesa,
como no Pacífico.
Quando os japoneses atacaram Pearl Harbour, destruíram de imediato os Curtiss P-40 que, surpreendentemente, se encontravam estacionados asa com asa. É então que surge a única reacção aérea do lado americano:
Quando os japoneses atacaram Pearl Harbour, destruíram de imediato os Curtiss P-40 que, surpreendentemente, se encontravam estacionados asa com asa. É então que surge a única reacção aérea do lado americano:
- Quatro
aviões Curtiss P-36 Hawk, velhos e mal armados, que se encontravam em missão de
treino de pilotos recém-formados, operando num aeródromo secundário,
tornaram-se nos primeiros aviões sob a insígnia americana que combateram os
japoneses.
Dos 272 aviões Curtiss P-36A e P-36C
construidos para a USAAF, 103 foram utilizados em operações na China. Em 1942
foram convertidos para missões de fotografia aérea e de reconhecimento.
Uma quantidade significativa foi produzida
para exportação, com alterações ao gosto do cliente. A China operou os
primeiros aviões de exportação. A Argentina e a Tailândia adquiriram aviões
Curtiss Hawk 75 O, com trem de aterragem fixo, obtendo ao mesmo tempo a licença
de fabrico.
O principal comprador foi a França que, a partir de 1938, em pleno esforço de rearmamento, adquiria todo o tipo de aeronaves. Desta forma, encomendou 1.000 Curtiss P-36 Hawk 75A, não obstante custarem o dobro dos modelos franceses equivalentes.
Os aviões começaram a operar em França a partir de Março de 1939, sendo recebidos, no total, cerca de um terço dos encomendados, dado que entretanto a França capitulou perante a Alemanha. Antes disto, estes aviões travaram duros combates entre 1939 e 1940, tendo averbado 230 vitórias confirmadas e 80 prováveis, número superior ao total dos Hawk 75A franceses.
O principal comprador foi a França que, a partir de 1938, em pleno esforço de rearmamento, adquiria todo o tipo de aeronaves. Desta forma, encomendou 1.000 Curtiss P-36 Hawk 75A, não obstante custarem o dobro dos modelos franceses equivalentes.
Os aviões começaram a operar em França a partir de Março de 1939, sendo recebidos, no total, cerca de um terço dos encomendados, dado que entretanto a França capitulou perante a Alemanha. Antes disto, estes aviões travaram duros combates entre 1939 e 1940, tendo averbado 230 vitórias confirmadas e 80 prováveis, número superior ao total dos Hawk 75A franceses.
No dia 18 de Junho de 1940, o Governo
francês de Vichy enviou os aviões P-36 Hawk 75A para o Norte de África.
Entraram em combate com as forças britânicas, pois que o Governo francês
colaboracionista insistia em marter uma força aérea, ainda que drasticamente
reduzida. Os Hawk 75 estiveram muito activos no dia 8 de Novembro de 1942,
quando os Aliados desembaram no Norte de África, na Operação Torche.
Assistiu-se então a aviões americanos
dando combate a aviões americanos. Com o fim da Operação Torche
finalizou também a vida dos Hawk 75 na L'Armée de L'Air. Os poucos
sobreviventes passaram a ser operados pelos Aliados, relegados para missões de
treino e de ligação.
Quando a França capitulou, seguia por via
marítima uma remessa destes aviões. Foram desviados para a Grã-Bretanha onde,
por sua vez, receberam a designação da Royal Air Force (RAF) de Mohawk IV.
Ainda que os franceses os tenham apreciado
favoravelmente, em comparação com a produção nacional, os britânicos - tal como
os americanos – consideraram que tinham grandes limitações operacionais e desfizeram-se
deles rapidamente, cedendo-os à Índia, África do Sul e Portugal. A Finlândia
utilizou muitos dos P-36 Hawk 75 que os alemães capturaram aos franceses.
Argentina, Brasil, Países Baixos, Peru e
Noruega estão entre os utilizadores dos Curtiss P-36 Hawk 75.
Percurso
em Portugal:
Durante a II Guerra Mundial o Governo
Português travou uma dura batalha diplomática no sentido de obter as melhores
contrapartidas pela utilização do Arquipélago dos Açores para a instalação de
Bases britânicas, depois alargada à utilização dos Aliados, particularmente aos
americanos. Neste contexto, Portugal pedia o fornecimento de aviões de caça,
insistindo no Spitfire.
Como estes aviões eram indispensáveis ao esforço de guerra, iam sendo propostos outros aviões para fornecimento. Ao mesmo tempo, a Metrópole não tinha defesa aérea, devido às deslocações das esquadrilhas de Glostre Gladiator para os Açores. É neste cenário que são fornecidos a Portugal 15 Curtiss P-36 Hawk 75 A4 Mohawk IV, da série fabricada para os franceses, que acabaram por ser fornecidos à Grã-Bretanha, que se desfez deles com a maior rapidez.
Como estes aviões eram indispensáveis ao esforço de guerra, iam sendo propostos outros aviões para fornecimento. Ao mesmo tempo, a Metrópole não tinha defesa aérea, devido às deslocações das esquadrilhas de Glostre Gladiator para os Açores. É neste cenário que são fornecidos a Portugal 15 Curtiss P-36 Hawk 75 A4 Mohawk IV, da série fabricada para os franceses, que acabaram por ser fornecidos à Grã-Bretanha, que se desfez deles com a maior rapidez.
O primeiro lote desembarcou em Portugal no
dia 10 de Agosto de 1941, composto por dez unidades com os seguintes números de
série da RAF:
AR 668, AR 669, AX 882, BB 927, BJ 531, BJ 547, BJ 548, BJ 582,
BL 220 e BS 732. Em 10 de Outubro desse ano chegaram as restantes cinco
unidades: AR 642, AR 652, AR 680, AK 886 e BS 789.
Nos trabalhos de montagem dos aviões
chegou-se a conclusão que seis tinham sofrido sérios danos durante o transporte
por via marítima, especialmente corrosão, sendo apenas dois considerados
recuperáveis. Assim, dos 15 aviões P-36 Mohawk fornecidos, só 11 foram aceites
pela Aeronáutica Militar (AM).
Equiparam a Esquadrilha de Caça da Base Aérea N° 2, Ota, constituída em 16 de Dezembro de 1941. Foram registados com a numeração de 480 a 490 inclusive, ficando reservados os números 491 a 494 para a hipótese de recuperação ou reposição dos aviões considerados incapazes para operação.
Equiparam a Esquadrilha de Caça da Base Aérea N° 2, Ota, constituída em 16 de Dezembro de 1941. Foram registados com a numeração de 480 a 490 inclusive, ficando reservados os números 491 a 494 para a hipótese de recuperação ou reposição dos aviões considerados incapazes para operação.
A entrada ao serviço dos Curtiss Mohawk
não foi pacífica. Primeiro, a falta de preparação dos pilotos – os mais aptos
estavam destacados nos Açores com os Gladiator – pouco ou nada habituados a
voar em aviões de trem retráctil, provocou algumas aterragens com o trem recolhido. Juntaram-se as frequentes avarias, que afectavam a prontidão para o voo. Ao fim
de poucos meses de operação, podia concluir-se que os Curtiss Mohawk não eram
os “excelentes e modernos caças”, como os ingleses tinham afirmado nas
conversações governamentais. A afirmação era, evidentemente, falsa, pois que a
RAF nunca os utilizou na Europa. Enviou-os para a África do Sul e Extremo
Oriente, onde realmente prestaram bons serviços até 1944, num ambiente de
guerra diferente do europeu.
Depois, em Abril de 1942, quando uma
formação de seis Curtiss P-36 Mohawk tomou parte de um desfile aéreo para
festejar a reeileição do Presidente da República, General Oscar Carmona, um dos
aviões caiu (provavelmente o 489), resultando a morte do piloto e a destruição
do aparelho.
Como consequência, todos os Mohawk foram proibidos de voar e enviados às Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) para inspecção e reparação do necessário, assim como para a introdução de modificações nos motores.
Como consequência, todos os Mohawk foram proibidos de voar e enviados às Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) para inspecção e reparação do necessário, assim como para a introdução de modificações nos motores.
A reparação nas OGMA foi demorada. O
primeiro a ficar pronto foi o 480, que fez o voo de ensaio em 6 de Março de
1943. Outros se seguiram, ficando operacionais dez aviões, numerados de 480 a
488 e o 490, regressando à Esquadrilha de Caça da BA2. Todos foram ensaiados
pelo mesmo piloto, o novo Comandante da Esquadrilha, Capitão Machado de Barros,
que lhe imprimiu nova dinâmica.
Imagem 3 |
Por sua sugestão, a designação da
Esquadrilha foi alterada para Esquadrilha XY e os aviões indicados por letras
correspondentes à ordem de numeração. As letras da Esquadrilha e de ordem foram
pintadas a branco na fuselagem, ladeando a Cruz de Cristo, pintada sobre
círculo branco.
É muito provável que tenha sido a primeira vez que a Cruz de Cristo foi pintada na fuselagem, bem como as letras da Esquadrilha e de ordem do avião.
É muito provável que tenha sido a primeira vez que a Cruz de Cristo foi pintada na fuselagem, bem como as letras da Esquadrilha e de ordem do avião.
Quando, mais tarde, se constituíram as
Esquadrilhas de Spitfire e Hurricane, a Cruz de Cristo da fuselagem não era
pintada sobre círculo branco.
Em Setembro de 1943 perdeu-se um destes aviões, tendo o piloto saltado de pára-quedas com sucesso. Ainda nesse mês foram transferidos para a Base Aérea N° 3, Tancos, onde se mantiveram até 1944, altura em que foram enviados para o Aeródromo de Rabo de Peixe, em S. Miguel, Açores.
A partir de 14 de Julho de 1944 constituíram a Esquadrilha Expedicionária de Caça N° 3, substituindo a Esquadrilha Expedicionária N° 1 , que regressou ao Continente com os seus velhos Gloster Gladiator.
Em Setembro de 1943 perdeu-se um destes aviões, tendo o piloto saltado de pára-quedas com sucesso. Ainda nesse mês foram transferidos para a Base Aérea N° 3, Tancos, onde se mantiveram até 1944, altura em que foram enviados para o Aeródromo de Rabo de Peixe, em S. Miguel, Açores.
A partir de 14 de Julho de 1944 constituíram a Esquadrilha Expedicionária de Caça N° 3, substituindo a Esquadrilha Expedicionária N° 1 , que regressou ao Continente com os seus velhos Gloster Gladiator.
Não se obteve referências do seu regeresso
ao Continente, o que deixa em aberto a possibilidade de terem sido abatidos ao
serviço nos Açores em 1946.
Mantiveram a pintura de origem do
camuflado tradicional da RAF, em castanho-terra e verde escuro nas superfícies
superiores e cinzento-céu nas inferiores. Nos lados da fuselagem estavam
pintadas a branco as letras da Esquadrilha e de ordem, com a Cruz de Cristo,
sobre círculo branco, a separá-las. As asas também apresentavam a Cruz de
Cristo, sobre círculo branco, em ambos os lados. Os números de matrícula
estavam pintados a branco nos lados da fuselagem, em pequenos algarismos junto
à cauda. O leme de direcção ostentava a bandeira nacional, com escudo, contida
num rectângulo.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea
Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 3: Cortesia de Paulo Alegria - Blog DIGITAL HANGAR.
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 3: Cortesia de Paulo Alegria - Blog DIGITAL HANGAR.
Texto: "Aeronaves Militares
Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa,
2000.
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