Imagem 1: Airspeed Oxford (Aeronáutica Militar) |
AIRSPEED OXFORD Mk I
AIRSPEED OXFORD Mk II
AIRSPEED OXFORD Mk II
Quantidade: 18 (6 AM + 12 AN)
Utilizadores:
Aviação Naval, Aeronáutica Militar e Força Aérea
Entrada
ao serviço: 26 de Setembro de 1943
Data
de abate: 1960
Dados técnicos:
a) Tipo de
Aeronave
Avião bimotor terrestre, de
trem de aterragem convencional retráctil, mono-plano de asa baixa, revestido a madeira (contraplacado), cabina
integrada na fuselagem, destinado a instrução de tripulações. Tripulação
mínima: 1 (piloto).
b) Construtor
Airspeed Ltd. / Grã-Bretanha.
c) Motopropulsor
Motores: 2 motores Armstrong
Siddeley Cheetah X, de 7 cilindros radiais arrefecidos por ar, de 375 hp.
Hélices: metálicos, de duas
pás, de passo fixo.
d) Dimensões
Envergadura
…………...........16,22 m
Comprimento…..…………......10,49 m
Altura………….……………........3,37 m
Área alar
……….…….............32,02 m²
e) Pesos
Peso vazio……………..…….2.437 kg
Peso máximo………………..3.420 kg
f)
Performances
Velocidade máxima
……..…….300 Km/h
Velocidade de cruzeiro
…….....260 Km/h
Tecto de serviço ……………..5.928
m
Raio de acção………………..1.100 Km
g) Armamento
Torre dorsal de tiro com duas
metralhadoras “gémeas”.
h) Capacidade
de transporte
5 instruendos ou passageiros.
Resumo histórico:
A
origem do Airspeed Oxford remonta a 1930, quando os engenheiros da Airspeed
Ltd, Hessel Tiltman e Nevile Shute Norway decidiram competir com os outros
construtores britânicos no campo da aviação civil e militar, que se mantinha
muito “fechado” pela De Havilland.
Conseguiram o seu intento com a construção de um bimotor ligeiro, o primeiro construído pelos britânicos com trem de aterragem escamoteável.
Designado como AS 6 Envoy, esta atractiva máquina obteve sucesso nas companhias de transporte comercial, o que se reflectiu na razoável quantidade de encomendas verificadas em meados dos anos trinta.
Conseguiram o seu intento com a construção de um bimotor ligeiro, o primeiro construído pelos britânicos com trem de aterragem escamoteável.
Designado como AS 6 Envoy, esta atractiva máquina obteve sucesso nas companhias de transporte comercial, o que se reflectiu na razoável quantidade de encomendas verificadas em meados dos anos trinta.
Entretanto,
a South African Air Force (SAAF) encomendou uma nova versão dos AS 6 Envoy,
convertidos em aviões de patrulha armados.
Com
a perspectiva da eminência de enfrentar uma guerra, o Ministério do Ar
Britânico encomendou o estudo de um avião a partir do Airspeed Envoy, com
fuselagem maior e equipado para todas as formas de instrução de tripulações.
Assim nasceu o Airspeed Oxford que, apesar de ter um visual muito similar ao
Envoy, foi na realidade desenhado como um novo avião.
Os Airspeed Oxford integraram a elite dos aviões de instrução da época. Eram aviões seguros mas nada fáceis de pilotar, exigindo muita atenção e fazendo sobressair a habilidade natural dos pilotos. Contribuíram em larga escala no esforço imposto pela II Guerra Mundial, formando os tripulantes dos bombardeiros que executaram os grandes raids sobre a Alemanha, colocando seis a oito mil homens em voo simultâneamente.
A
versão Oxford Mk I tinha em vista a formação de pilotos de multi-motores,
navegadores, operadores de rádio, bombardeiros e metralhadores, para o que
dispunha dos equipamentos adequados, inclusive uma torre dorsal de tiro.
A
versão seguinte, Oxford Mk II, era destinada exclusivamente à formação de
pilotos. Dada a grande necessidade de pilotos de multi-motores, muitos dos
Oxford Mk I foram transformados em Oxford Mk II, sem torre de tiro. Com a
criação do esquema de treino aéreo do Império, os Airspeed Oxford serviram não
só na Grã-Bretanha, mas também nas escolas instaladas na Austrália, Rodésia,
Canadá e Nova Zelândia.
Os
Oxford que serviram no Canadá receberam a designação de Oxford Mk V. Na
realidade, eram Oxford Mk II com motores de origem americana Pratt & Whitney Wasp e hélices de passo variável, iguais aos que equipavam os
mono-motores North-American AT-6. Foram considerados os aviões mais barulhentos
da época, por fazerem tanto barulho como dois AT-6 em formação cerrada.
A Força Aérea do Exército dos Estados Unidos (USAAF) utilizou os Airspeed Oxford no treino dos seus pilotos estacionados na Grã-Bretanha. No final da II Guerra Mundial alguns Airspedd Oxford foram utilizados como ambulância e transporte ligeiro. A Royal Air Force (RAF) continuou a utilizá-los na instrução de pilotos até 1954.
Terminada
a guerra, os Airspeed Oxford serviram nas forças aéreas de muitos países, entre
os quais a Bélgica, Burma, Ceilão, Congo, Dinamarca, Egipto, França, Grécia,
Holanda, Índia, Irão, Noruega, Portugal e Turquia.
Burma utilizou-os especialmente adaptados para transportar, sob as asas, ninhos de foguetes, bombas e metralhadoras. Muitos foram transformados para uso civil, adoptando a designação de Airspeed Consul. Para além da instalação de cadeiras para passageiros, foi alongado o nariz, para transporte de bagagem.
Burma utilizou-os especialmente adaptados para transportar, sob as asas, ninhos de foguetes, bombas e metralhadoras. Muitos foram transformados para uso civil, adoptando a designação de Airspeed Consul. Para além da instalação de cadeiras para passageiros, foi alongado o nariz, para transporte de bagagem.
Os
Airspeed Consul foram os primeiros aviões de muitas companhias de aviação comercial,
entre elas a então Malayan Airlines, agora a gigantesca Singapore Airlines.
Considerando
todas as versões, foram construídos um total de 5.586 Oxford.
Percurso em Portugal:
a. Aviação
Naval
A Aviação Naval (AN) recebeu
seis Airspeed Oxford Mk I em 26 de Setembro de 1943. Dado que já tinham sido
utilizados pela RAF, apresentavam os números de série LX 417 a LX 422,
recebendo, após a chegada, a numeração de O-1 a O-6, segundo um recente sistema
de numeração introduzido pela AN, em que o “O” significava Oxford. Não possuíam
torre dorsal de tiro. Foram utilizados no treino de pilotos de multi-motores,
inicialmente na Esquadrilha B, no aeroporto da Portela, Lisboa e, mais tarde,
no Centro de Aviação Naval (CAN) de Aveiro.
A aquisição dos Oxford criou
vários problemas na estrutura da AN. Dispondo do CAN do Bom Sucesso, em Lisboa,
só utilizado por hidroaviões, e do CAN de Aveiro, S. Jacinto, cuja pista era
curta para a operação dos bimotores, teve de recorrer às instalações da Portela
de Sacavém, muito precárias, onde os aviões ficavam expostos ao clima. A
aquisição dos Oxford tinha em vista a preparação das tripulações para os
bimotores Bristol Blenheim mas, no entanto, só foram recebidos dois anos
depois.
Em 1944 os Oxford são
transferidos para o CAN de Aveiro, transportados pelo único piloto da AN
treinado para os aterrar em pista de tão reduzidas dimensões. Pouco tempo
depois, o mesmo piloto voltou a trazer os aviões para o Aeroporto de Lisboa,
dado que não podiam ser operados com segurança em S. Jacinto.
Continuando o
reapretrechamento com aviões de base terrestre, a AN recebeu em 1947 mais seis
Oxford Mk II, aos quais foi atribuída a numeração de O-7 a O-12. Tal como os
Oxford destinados à Aeronáutica Militar (AM), chegaram pintados segundo o
esquema de camuflagem da RAF. À medida que os aviões foram sendo submetidos a
grandes inspecções de manutenção, foi mudada para alumínio, uniformizando-os
com os outros aparelhos existentes na AN. As matrículas foram pintadas a preto
nos lados da fuselagem. A Cruz de Cristo, sem círculo branco, foi colocada em
ambos os lados das asas. As cores nacionais, sem escudo, num pequeno rectângulo
no estabilizador vertical, onde também se encontrava uma âncora, a preto. Os
colocados no CAN de Aveiro tinham uma andorinha pintada a preto na fuselagem.
Enquanto camuflados, a andorinha encontrava-se sobre um círculo branco.
b. Aeronáutica
Militar
Os seis Airspeed Oxford Mk I
atribuídos à Aeronáutica Militar (AM), chegaram a Portugal por via marítima em
28 de Setembro de 1943. A AM atribuiu-lhes os números de matrícula 500, 502,
503, 508, 509 e 510.
Foram colocados na Base Aérea
N° 1 (BA1), Sintra, utilizados no treino de bombardeamento e navegação. Eram
aviões novos, desviados de contratos ingleses e, portanto, nunca fornecidos à
RAF. Apesar de serem da versão Oxford Mk I, não tinham a torre dorsal de tiro.
Inicialmente pintados com a
camuflagem usada pela RAF nos aviões de instrução (verde e castanho, com a
superfície inferior a amarelo), em breve tomaram as cores tradicionais dos
aviões de instrução da AM, com a fuselagem em azul escuro e planos em amarelo e
a matrícula nos lados da fuselagem, em algarismos brancos. A Cruz de Cristo,
sobre círculo branco, estava pintada em ambos os lados das asas (superior e
inferior), bem como as cores nacionais,
com escudo sobreposto, num pequeno rectângulo no estabilizador vertical.
c. Força
Aérea
Com a formação da Força Aérea
Portuguesa (FAP) e a extinção das AM e AN, os Airspeed Oxford passaram para o
património do novo Ramo.
A FAP atribuiu-lhes as matrículas de 2101 a 2111, o que leva à conclusão de só ter recebido onze Oxford. Foram distribuídos por diversas Bases Aéreas, onde serviram como aviões de ligação.
A FAP atribuiu-lhes as matrículas de 2101 a 2111, o que leva à conclusão de só ter recebido onze Oxford. Foram distribuídos por diversas Bases Aéreas, onde serviram como aviões de ligação.
Informação segura permite
afirmar que em 1955, a então Base Aérea Nº 5 (BA5), S. Jacinto, dispunha de três Oxford (2108,
2110 e 2111) e a Base Aérea Nº 3 (BA3), Tancos, de outros três (2102, 2104 e 2105). Presume-se
que os restantes se encontravam na BA1, Sintra.
A pintura foi uniformizada em
cor de alumínio e passaram a ostentar a Cruz de Cristo, sobre círculo branco,
no lado superior da asa esquerda, no lado inferior da asa direita e em ambos os
lados da fuselagem. Os números de matrícula, pintados a preto, alternavam com a
insígnia das asas. Em cada um dos lados do estabilizador vertical encontrava-se
um pequeno rectângulo com as cores nacionais, sem escudo e, acima, o número de
matrícula, a preto.
Oficialmente, os Airspeed
Oxford foram abatidos em 1960.
Fontes:
Imagens 1, 3 e 4: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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