Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

29 outubro 2013

Lockheed P-38G Lightning

Imagem 1

LOCKHEED P-38G LIGHTNING

Quantidade:  1
Utilizador: Aeronáutica Militar
Entrada ao serviço: Outubro de 1943
Data de abate: 1944


Dados técnicos:
a)       Tipo de Aeronave
Avião bimotor terrestre, de trem de aterragem triciclo retráctil, mono-plano de asa média, bi-fuselado com fusos dos motores alongados, formando o conjunto de cauda com duplo estabilizador vertical, revestido a metal, monolugar de cabina com cobertura transparente instalada numa pequena fuselagem colocada entre os motores, destinado a missões de caça e escolta a longa distância. Tripulação: 1 (piloto).
b)       Construtor
Lockheed Aircraft Corp. / USA.
c)       Motopropulsor
Motores: 2 motores Allison V-1710-49/53, sobrealimentado, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido, desenvolvendo 1.250  hp. Hélices: metálicos, de três pás, de passo variável e, provavelmente, com posição de bandeira.
d)       Dimensões
Envergadura …………...........15,85 m                               
Comprimento…..………...…....11,53 m
Altura………….………....……....2,99 m
Área alar ……….……............30,13 m²
e)       Pesos
Peso vazio……………..…….5.797 kg
Peso máximo………………..9.798 kg
f)        Performances
Velocidade máxima ……..….......................….666  Km/h
Velocidade de cruzeiro ……............................467 Km/h
Tecto de serviço ……….....................….…13.410 m
Raio de acção………………...........................764 Km
Raio de acção com tanques auxiliares.........2.000 Km
g)       Armamento
Um canhão Madsen, de 23 mm,  e quatro metralhadoras Browning, de 12,7 mm, colocados  no nariz;
1.451 Kg de bombas  suspensas nas asas.
h)       Capacidade de transporte
Nenhuma.


Imagem 2

Resumo histórico:
     Em Fevereiro de 1937, o Governo dos Estados Unidos abriu concurso para a construção de um avião de grande raio de acção para actuar como caça de escolta e interceptor de grande altitude, capaz de voar a 580 Km/h (360 mph), atingir os 6.000 metros (20.000 pés) de altitude em seis minutos, e a velocidade 467 Km/h (290 mph) ao nível do mar. Muitos dos fabricantes concorrentes desistiram, por considerarem estas especificações irrealistas para a época.
   
     A Lockheed, que até então nunca tinha construído um avião puramente militar, agarrou o projecto através dos seus engenheiros H. L. Hubbard e Clarence “Kelly” Johnson, que aceitaram o desafio e criaram um caça revolucionário, repleto de inovações mas, também, de riscos técnicos.
     Considerado muito original, gerou grande controvérsia. Em vez da tradicional fuselagem, tinha uma pequena cabina central com o posto de pilotagem. Dispunha de dois motores Allison de 12 cilindros em V, cujos fusos se prolongavam para a retaguarda e terminavam nos estabilizadores verticais, ligados entre si pelo estabilizador horizontal, formando o conjunto estabilizador de cauda. Os motores – ainda não devidamente experimentados – eram sobrealimentados, com os turbo-compressores instalados a meio dos fusos, arrefecidos por duas grandes entradas de ar colocadas em ambos os lados. Os hélices giravam em sentidos inversos, o que anulava o efeito de torque. O trem de aterragem era do tipo triciclo retráctil. No nariz estavam colocadas quatro metralhadoras Browning de 12,7 mm e um canhão Madsen de 23 mm.

     O protótipo, designado por XP-38, fez o primeiro voo em 27 de Janeiro de 1939, não começando da melhor forma: na rolagem caiu numa vala e partiu o trem e, duas semanas após o primeiro voo, voltou a partir o trem numa aterragem. Rapidamente recuperou a imagem de avião excepcional quando, em 11 de Fevereiro desse ano atravessou os Estados Unidos de costa a costa em 7 horas e 2 minutos, com duas escalas para reabastecimento, o que na época se afigurava inacreditável para um avião que se apresentava com a configuração prevista para a sua produção normal. Infelizmente, durante a aterragem em Mitchell Field, Nova Iorque, o avião acidentou-se, ficando totalmente destruído.

      Dois meses depois deste voo foi iniciada a produção dos Lockheed P-38, mantendo a estrutura do protótipo, agora armado com um canhão de 37 mm, em vez do de 23 mm. Este revolucionário avião despertou a atenção dos britânicos, que encomendaram 143 exemplares, com um canhão Hispano de 20 mm e as quatro metralhadoras originais, a que deram o nome de Lockheed Lightning Mk I. Entretanto, os americanos proibiram a exportação dos motores Allison F2, equipando os aviões com motores menos potentes e sem turbo-compressor. O resultado foi desastroso e a Royal Air Force (RAF), recusou os aviões, que vieram a ser utilizados pelos americanos, depois de novamente equipados com motores Allison F2.
       Em 1941 apareceu a versão Lckheed P-38D com notáveis melhoramentos aerodinâmicos e, em Novembro desse ano, a versão Lockheed P-38Ea primeira que adoptou a designação inglesa de Lightning – com motores mais potentes e armado com um canhão Hispano de 20mm e quatro metralhadoras de 12,7mm.
       No início de 1942 já voavam os aviões da versão P-38F, que foi a construída e utilizada em maior escala.

      A Lockheed continuou a construir os P-38 Lightning até Setembro de 1945, em várias versões, algumas para fins específicos. Para além de caças de longo alcance, actuaram desarmados em missões de reconhecimento fotográfico, rebocaram planadores, operaram com skis, foram bombardeiros, caças nocturnos, lançadores de cortinas de fumo e até efectuaram evacuações sanitárias.
     Como bombardeiros, as formações voavam normalmente conduzidas por aviões das versões P-38J ou P-38L, com o nariz transparente e com visor de bombardeamento, onde se instalava o navegador.

     A última versão foi a dos Lockheed P-38M, caças nocturnos bi-lugares equipados com radar, com o posto do operador de radar atrás e ligeiramente elevado em relação ao do piloto.

    Durante a II Guerra Mundial actuaram na Europa, Norte de África e Pacífico com resultados excelentes.
Minutos depois da Alemanha, em solidariedade com o Japão, ter declarado guerra aos Estados Unidos, em 11 de Dezembro de 1941, um P-38E Lightning da U.S. Army Air Corp (USAAC) estacionado na Grã-Bretanha abateu um Fw-200 Condor perto da Islândia.
            Em 18 de Abril de 1943, no Pacífico, uma esquadra de 16 P-38 Lightning abateu a 850 Km da sua base em Guadalcanal, o avião que transportava o Almirante Yamamoto, principal chefe das forças japonesas, que tinha planeado e comandado o ataque de surpresa a Pearl Harbor. A missão tinha o nome de código “Vengeance”.
            Os P-38 Lightning são apontados como tendo sido os aviões americanos que abateram mais aviões japoneses.
Os Lockheed P-38 Lightning, produzidos em massa entre 1940 e 1945, num total de 9.923 unidades, foram uma arma crucial no arsenal dos Estados Unidos.


Percurso em Portugal:
     Na sequência do desembarque das Forças Aliadas no Norte de África, em 8 de Dezembro de 1942, foram transferidas grandes quantidades de aviões americanos da Grã-Bretanha para o Norte de África, em voos com cerca de 1.500 km. Muitos sobrevoaram indevidamente o território português e alguns, por avaria ou falta de combustível, foram forçados a aterrar em Portugal, quase todos no Aeroporto de Lisboa. Os tripulantes eram detidos e os aviões passaram a ser propriedade do Estado Português.

   Foi neste cenário que no dia 15 de Novembro de 1942 aterraram no Aeroporto da Portela, com poucas horas de intervalo dois Lockheed P-38 Lightning, ambos da 94° Esquadra de Caça do 1° Grupo de Caça do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). O primeiro a aterrar foi o Lockheed P-38 Lightning com o serial number 41-7587, com o combustível quase esgotado.              Conseguiu descolar e evadir-se para Gibraltar em condições rocambolescas: Depois das formalidades oficiais de internamento do piloto e do avião, um oficial piloto português pediu ao piloto americano para lhe fornecer as indicações essenciais para o habilitar a voar no avião, com a intenção de o transportar para uma base militar. Com o avião abastecido de combustível, o piloto americano sentou-se aos comandos e foi explicando como se punham os motores a funcionar, com o piloto português a observar sobre a asa. Aproveitando a oportunidade oferecida “de bandeja”, o americano acelerou os motores e começou a rolar para a pista, de nada valendo os protestos do piloto português, que teve de saltar para o chão e ficar a ver o avião rolar até à pista e descolar de seguida. Passados 14 dias, este conjunto avião/piloto averbou a sua primeira vitória nos céus da Tunísia.

       O segundo P-38 a aterrar era da versão P-38G e tinha o serial number 42-12738. Aterrou com um motor parado, por avaria. É evidente que o piloto deste avião não teve as facilidades do anterior!
   
       Este P-38G foi entregue à Aeronáutica Militar e colocado na Esquadrilha OK da Base Aérea N° 2, Ota, equipada com Bell P-39/P-400 Airacobra, também apreendidos. O P-38 Lightning recebeu a letra de código “T”. Devido à falta de sobressalentes quase não foi utilizado. Facto curioso é o de ter sido conhecido como “o avião dos generais”, não porque estes o utilizassem, mas porque só era retirado do hangar e colocado na placa de estacionamento quando a Base era visitada por altas patentes.
     Inicialmente foi-lhe atribuída a matrícula nacional número 335. Em Outubro de 1943 recebeu a matrícula definitiva número 300, sendo esta a data registada como a entrada oficial ao serviço.
 
     Encontrava-se pintado no verde-azeitona habitual dos aviões americanos, com as superfícies inferiores em azul claro. Existe a possibilidade de lhe terem sido pintadas manchas de castanho escuro, de forma a assemelhar-se à pintura usada pelos Airacobra, o que carece de fundamento.
      A Cruz de Cristo, sobre círculo branco, foi aplicada em ambos os lados das asas e nas faces exteriores dos fusos, entre as letras brancas da esquadra (OK + T). Também nos fusos, perto da cauda, estava escrito o número de matrícula, em pequenos algarismos brancos. As faces exteriores dos estabilizadores verticais ostentavam as cores nacionais, com escudo, num pequeno rectângulo.
        Solitário e sem sobresselentes, o Lockheed P-38 Lightning foi abatido em 1944, praticamente sem ter voado, integrado na Aeronáutica Militar.


Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de  Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000. 

Sem comentários:

Enviar um comentário