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LOCKHEED P-38G LIGHTNING
Quantidade: 1
Utilizador:
Aeronáutica Militar
Entrada
ao serviço: Outubro de 1943
Data
de abate: 1944
Dados técnicos:
a) Tipo de
Aeronave
Avião bimotor terrestre, de
trem de aterragem triciclo retráctil, mono-plano de asa média, bi-fuselado com fusos
dos motores alongados, formando o conjunto de cauda com duplo estabilizador
vertical, revestido a metal, monolugar de cabina com cobertura transparente
instalada numa pequena fuselagem colocada entre os motores, destinado a missões
de caça e escolta a longa distância. Tripulação: 1 (piloto).
b) Construtor
Lockheed Aircraft Corp. /
USA.
c) Motopropulsor
Motores: 2 motores Allison
V-1710-49/53, sobrealimentado, de 12 cilindros em V arrefecidos por líquido,
desenvolvendo 1.250 hp. Hélices:
metálicos, de três pás, de passo variável e, provavelmente, com posição de bandeira.
d) Dimensões
Envergadura
…………...........15,85 m
Comprimento…..………...…....11,53 m
Altura………….………....……....2,99 m
Área alar
……….……............30,13 m²
e) Pesos
Peso vazio……………..…….5.797 kg
Peso máximo………………..9.798 kg
f)
Performances
Velocidade máxima
……..….......................….666 Km/h
Velocidade de cruzeiro
……............................467 Km/h
Tecto de serviço ……….....................….…13.410
m
Raio de acção………………...........................764
Km
Raio de acção com tanques
auxiliares.........2.000 Km
g) Armamento
Um canhão Madsen, de 23
mm, e quatro metralhadoras Browning, de
12,7 mm, colocados no nariz;
1.451 Kg de bombas suspensas
nas asas.
h) Capacidade de transporte
Nenhuma.
Em Fevereiro de 1937, o
Governo dos Estados Unidos abriu concurso para a construção de um avião de
grande raio de acção para actuar como caça de escolta e interceptor de grande
altitude, capaz de voar a 580 Km/h (360 mph), atingir os 6.000 metros (20.000
pés) de altitude em seis minutos, e a velocidade 467 Km/h (290 mph) ao nível do
mar. Muitos dos fabricantes concorrentes desistiram, por considerarem estas
especificações irrealistas para a época.
A Lockheed, que até então nunca tinha construído um avião puramente militar, agarrou o projecto através dos seus engenheiros H. L. Hubbard e Clarence “Kelly” Johnson, que aceitaram o desafio e criaram um caça revolucionário, repleto de inovações mas, também, de riscos técnicos.
Considerado muito original, gerou grande controvérsia. Em
vez da tradicional fuselagem, tinha uma pequena cabina central com o posto de
pilotagem. Dispunha de dois motores Allison de 12 cilindros em V, cujos fusos
se prolongavam para a retaguarda e terminavam nos estabilizadores verticais,
ligados entre si pelo estabilizador horizontal, formando o conjunto
estabilizador de cauda. Os motores – ainda não devidamente experimentados – eram
sobrealimentados, com os turbo-compressores instalados a meio dos fusos,
arrefecidos por duas grandes entradas de ar colocadas em ambos os lados. Os
hélices giravam em sentidos inversos, o que anulava o efeito de torque. O trem
de aterragem era do tipo triciclo retráctil. No nariz estavam colocadas quatro
metralhadoras Browning de 12,7 mm e um canhão Madsen de 23 mm.
O protótipo, designado por XP-38, fez o primeiro voo em
27 de Janeiro de 1939, não começando da melhor forma: na rolagem caiu numa vala
e partiu o trem e, duas semanas após o primeiro voo, voltou a partir o trem
numa aterragem. Rapidamente recuperou a imagem de avião excepcional quando, em
11 de Fevereiro desse ano atravessou os Estados Unidos de costa a costa em 7
horas e 2 minutos, com duas escalas para reabastecimento, o que na época se
afigurava inacreditável para um avião que se apresentava com a configuração
prevista para a sua produção normal. Infelizmente, durante a aterragem em
Mitchell Field, Nova Iorque, o avião acidentou-se, ficando totalmente
destruído.
Dois meses depois deste voo foi iniciada a produção dos
Lockheed P-38, mantendo a estrutura do protótipo, agora armado com um canhão de
37 mm, em vez do de 23 mm. Este revolucionário avião despertou a atenção dos
britânicos, que encomendaram 143 exemplares, com um canhão Hispano de 20 mm e
as quatro metralhadoras originais, a que deram o nome de Lockheed Lightning Mk
I. Entretanto, os americanos proibiram a exportação dos motores Allison F2,
equipando os aviões com motores menos potentes e sem turbo-compressor. O
resultado foi desastroso e a Royal Air Force (RAF), recusou os aviões, que
vieram a ser utilizados pelos americanos, depois de novamente equipados com
motores Allison F2.
Em 1941 apareceu a versão Lckheed P-38D com notáveis melhoramentos
aerodinâmicos e, em Novembro desse ano, a versão Lockheed P-38E – a primeira
que adoptou a designação inglesa de Lightning – com motores mais potentes e
armado com um canhão Hispano de 20mm e quatro metralhadoras de 12,7mm.
No início de 1942 já voavam os aviões da versão P-38F,
que foi a construída e utilizada em maior escala.
A Lockheed continuou a construir os P-38 Lightning até
Setembro de 1945, em várias versões, algumas para fins específicos. Para além
de caças de longo alcance, actuaram desarmados em missões de reconhecimento
fotográfico, rebocaram planadores, operaram com skis, foram bombardeiros, caças
nocturnos, lançadores de cortinas de fumo e até efectuaram evacuações
sanitárias.
Como bombardeiros, as formações voavam normalmente conduzidas
por aviões das versões P-38J ou P-38L, com o nariz transparente e com visor de
bombardeamento, onde se instalava o navegador.
A última versão foi a dos Lockheed P-38M, caças nocturnos bi-lugares equipados com radar, com o posto do operador de radar atrás e ligeiramente elevado em relação ao do piloto.
Durante a II Guerra Mundial actuaram na Europa, Norte de
África e Pacífico com resultados excelentes.
Minutos depois da Alemanha, em solidariedade com o Japão, ter declarado guerra aos Estados Unidos, em 11 de Dezembro de 1941, um P-38E Lightning da U.S. Army Air Corp (USAAC) estacionado na Grã-Bretanha abateu um Fw-200 Condor perto da Islândia.
Minutos depois da Alemanha, em solidariedade com o Japão, ter declarado guerra aos Estados Unidos, em 11 de Dezembro de 1941, um P-38E Lightning da U.S. Army Air Corp (USAAC) estacionado na Grã-Bretanha abateu um Fw-200 Condor perto da Islândia.
Em 18 de Abril de 1943, no Pacífico, uma esquadra de 16
P-38 Lightning abateu a 850 Km da sua base em Guadalcanal, o avião que
transportava o Almirante Yamamoto, principal chefe das forças japonesas, que
tinha planeado e comandado o ataque de surpresa a Pearl Harbor. A missão tinha
o nome de código “Vengeance”.
Os P-38 Lightning são apontados como tendo sido os aviões
americanos que abateram mais aviões japoneses.
Os Lockheed
P-38 Lightning, produzidos em massa entre 1940 e 1945, num total de 9.923
unidades, foram uma arma crucial no arsenal dos Estados Unidos.
Percurso em
Portugal:
Na sequência do desembarque
das Forças Aliadas no Norte de África, em 8 de Dezembro de 1942, foram
transferidas grandes quantidades de aviões americanos da Grã-Bretanha para o
Norte de África, em voos com cerca de 1.500 km. Muitos sobrevoaram
indevidamente o território português e alguns, por avaria ou falta de
combustível, foram forçados a aterrar em Portugal, quase todos no Aeroporto de
Lisboa. Os tripulantes eram detidos e os aviões passaram a ser propriedade do
Estado Português.
Foi neste cenário que no
dia 15 de Novembro de 1942 aterraram no Aeroporto da Portela, com poucas horas
de intervalo dois Lockheed P-38 Lightning, ambos da 94° Esquadra de Caça do 1°
Grupo de Caça do Corpo Aéreo do Exército dos Estados Unidos (USAAC). O primeiro
a aterrar foi o Lockheed P-38 Lightning com o serial number 41-7587, com o
combustível quase esgotado. Conseguiu descolar e evadir-se para Gibraltar em
condições rocambolescas: Depois das formalidades oficiais de internamento do
piloto e do avião, um oficial piloto português pediu ao piloto americano para
lhe fornecer as indicações essenciais para o habilitar a voar no avião, com a
intenção de o transportar para uma base militar. Com o avião abastecido de
combustível, o piloto americano sentou-se aos comandos e foi explicando como se
punham os motores a funcionar, com o piloto português a observar sobre a asa.
Aproveitando a oportunidade oferecida “de bandeja”, o americano acelerou os
motores e começou a rolar para a pista, de nada valendo os protestos do piloto
português, que teve de saltar para o chão e ficar a ver o avião rolar até à
pista e descolar de seguida. Passados 14 dias, este conjunto avião/piloto
averbou a sua primeira vitória nos céus da Tunísia.
O segundo P-38 a aterrar
era da versão P-38G e tinha o serial number 42-12738. Aterrou com um motor
parado, por avaria. É evidente que o piloto deste avião não teve as facilidades
do anterior!
Este P-38G foi entregue à Aeronáutica Militar e colocado na Esquadrilha OK da Base Aérea N° 2, Ota, equipada com Bell P-39/P-400 Airacobra, também apreendidos. O P-38 Lightning recebeu a letra de código “T”. Devido à falta de sobressalentes quase não foi utilizado. Facto curioso é o de ter sido conhecido como “o avião dos generais”, não porque estes o utilizassem, mas porque só era retirado do hangar e colocado na placa de estacionamento quando a Base era visitada por altas patentes.
Inicialmente foi-lhe
atribuída a matrícula nacional número 335. Em Outubro de 1943 recebeu a
matrícula definitiva número 300, sendo esta a data registada como a entrada
oficial ao serviço.
Encontrava-se pintado no verde-azeitona habitual dos aviões americanos, com as superfícies inferiores em azul claro. Existe a possibilidade de lhe terem sido pintadas manchas de castanho escuro, de forma a assemelhar-se à pintura usada pelos Airacobra, o que carece de fundamento.
A Cruz de Cristo, sobre
círculo branco, foi aplicada em ambos os lados das asas e nas faces exteriores
dos fusos, entre as letras brancas da esquadra (OK + T). Também nos fusos,
perto da cauda, estava escrito o número de matrícula, em pequenos algarismos
brancos. As faces exteriores dos estabilizadores verticais ostentavam as cores
nacionais, com escudo, num pequeno rectângulo.
Solitário e sem
sobresselentes, o Lockheed P-38 Lightning foi abatido em 1944, praticamente sem
ter voado, integrado na Aeronáutica Militar.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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