(continuação)
Durante alguns anos, o Dakota
número 6150, transferido da AM em 1952, foi o único avião deste tipo a operar
na Força Aérea Portuguesa (FAP).
Foi transferido da BA1 para a Base Aérea nº 4 (BA4), Lajes, Açores, provavelmente ainda em 1952. Utilizou então uma faixa
amarela ao longo da fuselagem, enquadrando as janelas da cabina de passageiros,
que terminava em raio perto das janelas da cabina de pilotagem.
Foi mais tarde colocado na Esquadrilha Autónoma de Transporte, instalada no Aeródromo-Base N° 1, em Lisboa.
No dia 11 de Abril de 1959, após a descolagem de Lisboa com destino a Angola, integrado no Exercício Himba, um acidente provocou a sua queda no Rio Tejo, resultando a destruição do avião e a morte de todos os ocupantes.
Foi mais tarde colocado na Esquadrilha Autónoma de Transporte, instalada no Aeródromo-Base N° 1, em Lisboa.
No dia 11 de Abril de 1959, após a descolagem de Lisboa com destino a Angola, integrado no Exercício Himba, um acidente provocou a sua queda no Rio Tejo, resultando a destruição do avião e a morte de todos os ocupantes.
Imagem 6 |
A partir de
1958 a FAP adquiriu mais 28 aviões Dakota, provenientes de diversas origens e
de vários modelos, numerados de 6151 a 6178, inclusive. De uma forma muito
resumida, a história dos Dakota na FAP é a seguinte:
· Dakota 6151, de origem C-53D Skytrooper com o
número de construção 11.765. Foi recebido dos Transportes Aéreos Portugueses
(TAP) em 30 de Outubro de 1958, onde voou com a matrícula CS-TDC. Colocado na
Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões Pesados (EICPAP) na
BA2, Ota (Imagem 6), foi mais tarde transferido para a BA12, Bissau, Guiné, onde lhe foi
adaptado um sistema rudimentar para largada de bombas, tendo realizado algumas
missões de bombardeamento nocturno. Terminada a Guerra do Ultramar, foi
entregue ao Governo da Guiné-Bissau em 1975;
· Dakota 6152, de origem C-53D Skytrooper com o
número de construção 11.668. Pertenceu aos Transportes Aéreos Portugueses (TAP) e tinha a matrícula civil
CS-TDD. Foi recebido em 25 de Novembro de 1958. Colocado no AB1, ficou
destruído num acidente em 25 de Novembro de 1959 na Ilha do Fogo, quando se
encontrava destacado no Arquipélago de Cabo Verde;
· Dakota 6153, de origem C-53D Skytrooper com o
número de construção 11.675, era o CS-TDE da frota dos TAP, recebido a 12 de
Novembro de 1958. Sabe-se que se deslocou a Angola em 1959, integrado no
Exercício Himba. Em 1960 estava colocado na EICPAP da BA2 (Imagem 6). Em 15 de Outubro de
1968 sofreu um acidente na Ilha das Flores, Açores, do qual foi recuperado, o
que leva a admitir que estivesse, então, colocado na BA4. Foi vendido para os
Estados Unidos em Julho de 1976, onde recebeu a matrícula N9984Q;
· Dakota 6154, um C-47A com o número de construção
10.049, era o CS-TDH da frota dos TAP e foi recebido em 19 de Fevereiro de
1959. Tomou parte no Exercício Himba e, em 1960 fazia parte da frota da EICPAP,
da BA2. Colocado na BA9, Luanda, Angola, ficou destruído num brutal acidente ocorrido no
Chitado, Angola, em 10 de Novembro de 1961, e no qual faleceram os 18
ocupantes;
· Dakota 6155, um C-47B com o número de construção
32.675. Foi adquirido pela FAP em 1961 à Israel Aircraft Industries (IAI) e foi
colocado na BA12, Bissau. Em 1965 recebeu nas Oficinas Gerais de Material
Aeronáutico (OGMA) a adaptação para transportar 6 bombas de 50 Kg sob as asas e
lançar bombas de 15 KG e granadas iluminantes através de tubos colocados na
cabina, assim como um visor de bombardeamento. Ficou assim transformado em
bombardeiro, executando muitas missões de bombardeamento nocturno na Guiné.
Terminada a Guerra do Ultramar, foi entregue ao Governo da Guiné-Bissau;
· Dakota 6156, do modelo C-47B, com o número de
construção 33.093, foi também adquirido em 1961 à IAI. Provisoriamente colocado
na Esquadra 81 do AB1, Lisboa, foi mais tarde integrado na BA12. Em 1975 foi
entregue ao Governo da Guiné-Bissau;
· Dakota 6157, do modelo C-47A, com o número de
construção 19.755. Fazia parte dos excedentes da Força Aérea dos Estados Unidos
na Europa (USAFE). Foi recebido em 19 de Maio de 1961. Inicialmente colocado no
AB1, foi depois transferido para a BA1, Sintra, onde foi adaptado para missões
de fotografia aérea. Depois de ser retirado de serviço foi entregue ao Museu do
Ar;
· Dakota 6158, do mesmo modelo e origem do
anterior, com o número de construção 19.818, foi recebido na mesma data. Foi
utilizado pela Esquadra 801 do AB8 (Imagem 7), Lourenço Marques, Moçambique. Foi equipado
e utilizado em missões de pulverização química. Em 1973, na execução de uma
destas missões na região de Cahora Bassa, foi alvejado por armas ligeiras, de
que resultou a morte do radio-telegrafista. Desconhece-se o destino deste
avião;
Imagem 7: Emblemas da Esquadra 801 (AB8) e EICAP (BA2) |
· Dakota 6159, era outro C-47A que tinha sido
operado pela USAFE e igualmente recebido em 19 de Maio de 1961. Tinha o número
de construção 20.111. Operou em Moçambique, integrado na Esquadra 801 do AB8.
Em 1970 foi preparado para acção psicológica, sendo equipado com um sistema
sonoro com 36 altifalantes colocados num painel instalado no lugar da porta de
carga. Foi entregue ao Governo de Moçambique em 1975;
· Dakota 6160, do modelo C-47A, com o número de
construção 20.587, transformado em VC-47A, para transporte de VIP`s. Da mesma
proveniência do anterior, foi recebido na mesma data. Inicialmente colocado na
EICPAP, na BA2, foi depois transferido para o AB1, Lisboa, onde executou
missões de transporte de VIP`s. Desconhece-se o seu destino;
· Dakota 6161, um C-47A com o número de construção
10.076, proveniente da USAFE e registado na FAP em 25 de Maio de 1961. Foi
igualmente transformado em VC-47A. Executou missões de transporte de VIP`s em
Moçambique, integrado na Esquadra 801 do AB8, em Lourenço Marques. Foi entregue
ao Governo de Moçambique em 1975;
· Dakota 6162, do modelo C-47A com o número de
construção 25.579. Proveniente da USAFE, foi integrado na FAP em 4 de Maio de
1961 e integrado na Esquadra 801 do AB8 (Imagem 7). Sofreu um acidente em 8 de Janeiro de
1974 quando descolava em Vila Cabral, ficando em estado irrecuperável;
· Dakota 6163, do modelo C-47B com o número de
construção 26.144 e proveniente da USAFE. Foi recebido em 19 de Maio de 1961.
Colocado na BA12, foi entregue ao Governo da Guiné-Bissau em 1975;
· Dakota 6164, do modelo C-47B com o número de
construção 26.468 Era proveniente da
USAF e foi recebido em 4 de Maio de 1961. Foi colocado em Angola e foi entregue
ao Governo angolano em 1975;
· Dakota 6165, do modelo C-47B com o número de
construção 26.667. Fornecido pela USAF, foi incluído na FAP em 2 de Junho de
1961. Foi colocado na Esquadra 801 do AB8. Ficou destruído em 10 de Maio de
1968, quando se incendiou dentro do hangar do AB8;
· Dakota 6166, do modelo C-47A com o número de
construção 25.522, recebido da USAF em 1961. Desconhecem-se outros dados;
·
Dakota 6167, do modelo C-47A com o número de
construção 13.018. Operou na Divisão de Exploração de Transportes Aéreos
(DETA), Moçambique, com a matrícula CR-AFR, sendo entregue à FAP em 31 de
Dezembro de 1967. Integrado na Esquadra 801 do AB8, ficou destruído num
acidente ocorrido em 11 de Março de 1968 em Mueda;
·
Dakota 6168, outro C-47A com o número de
construção 20.173. Fez parte da frota da Divisão de Transportes Aéreos (DTA),
Angola, com a matrícula CR-LCC, que o entregou à FAP em data desconhecida.
Operou em Angola, integrado na Esquadra 403 do AB4, em Henrique de Carvalho,
permanecendo em destacamento na BA9, Luanda. Desconhece-se o seu destino final;
Imagem 8: Emblema da Esquadra 403 (AB4) |
· Dakota 6169, do modelo DC-3D com o número de
construção 42.968. É provável que tenha sido levado para Angola em Julho de
1967, por mercenários que tinham actuado no Zaire. Colocado na Esquadra 403 do
AB4, sofreu um acidente em Março de 1973, a norte de Cuito Cuanavale, quando
transportava pára-quedistas. O piloto fez uma perfeita aterragem de barriga na
savana, não havendo vítimas. Apesar do avião ter sofridos poucos estragos, o
local era de difícil acesso, pelo que foi decidido destruí-lo onde estava;
· Dakota 6170, do modelo C-53D com o número de
construção 11.698. Pertenceu à DETA, onde tinha a matrícula CR-ABJ. Foi
transferido para a FAP nos primeiros meses de 1971, sendo integrado na Esquadra
801 do AB8. Foi entregue ao Governo de Moçambique em 1975;
· Dakota 6171, do modelo C-47B com o número de construção
33.532. Ao serviço da USAF, foi recebido pela FAP em 16 de Junho de 1970.
Esteve colocado na Base das Lajes (BA4), Açores, até 1969. Desconhecem-se mais
deslocações ao serviço da FAP, sendo provável que tenha permanecido na BA4. É
referida a sua participação no filme sobre a II Guerra Mundial “A Bridge Too Far”.
Foi vendido em 1976, com a matrícula americana N9983Q;
· Dakota 6172, do modelo C-47A com o número de
construção 13.140. Operou nos TAP como CS-TDG e, a partir de 1958 na DETA, com
a matrícula CR-AGC. Desconhece-se a data em que foi transferido para a FAP, bem
como a sua colocação, sendo plausível que tivesse sido integrado na Esquadra
801 do AB8. Desconhece-se igualmente o seu destino;
· Dakota 6173, do modelo C-53D com o número de
construção 11.763. Foi operado pela DETA com a matrícula CR-ABK. Transferido
para a FAP em data desconhecida, é também muito provável que tenha pertencido à
Esquadra 801 do AB8. Em 1975 passou para os Transportes Aéreos da Guiné-Bissau
(TAGB);
· Dakota 6174, do modelo C-47A com o número de
construção 12.760. Pertencente à DETA, tinha a matrícula CR-ABQ. É possível que
tenha sido entregue à FAP em 1972. Desconhece-se como e onde a FAP utilizou
este avião. Foi vendido ao Zaire em 1977;
· Dakota 6175, do modelo C-47A com o número de
construção 19.393. Foi o primeiro avião dos TAP, ostentando, na altura, a
matrícula CS-TDA. Em 1958 foi adquirido pela DETA, onde operou com a matrícula
CR-AGD. Recebido pela FAP em 1971, foi colocado na Esquadra 801 do AB8. No dia
6 de Maio de 1974 foi atingido por um míssil terra-ar “Strella”, no norte de Moçambique,
quando transportava um grupo de adidos militares. Com um motor em chamas e uma
asa seriamente danificada, aterrou em Nacatári, uma pequena pista de recurso
nos arredores de Mueda. Graças à perícia e sangue frio do piloto não houve
vítimas a lamentar. O avião foi abandonado no local da aterragem;
· Dakota 6176, do modelo C-47A com o número de
construção 9.948. Voou na DETA com a matrícula CR-AHB. Havendo notícia de que
se encontrava em Maputo (ex-Lourenço Marques) em 1975, presume-se que a FAP o
tenha operado em Moçambique, integrado na Esquadra 801 do AB8;
· Dakota 6177, do modelo C-47A com o número de construção 18.977. Recebido na FAP em 1972, não há a certeza quanto à sua
proveniência ou a sua utilização. Foi vendido ao Zaire em 1977, em conjunto com
o 6174;
·
Dakota 6178, do modelo C-47A com o número de
construção 12.066. Foi recebido da África do Sul em 1972. Não se conhecem
outros elementos. Sabe-se que em 1977 estava estacionado no Aeroporto de
Luanda.
Poucos foram os Dakota da FAP que não foram colocados no Ultramar. Operaram na Guiné, Angola e Moçambique, onde tiveram uma actuação intensa e meritória. Terminada a Guerra do Ultramar, grande parte destes aviões foram abatidos sem regressarem à Metrópole. Alguns foram entregues aos novos países africanos, que pouco ou nada os aproveitaram. 1976 é referido como o ano da retirada de serviço dos C-47 Dakota da FAP.
Imagem 9 |
Poucos foram os Dakota da FAP que não foram colocados no Ultramar. Operaram na Guiné, Angola e Moçambique, onde tiveram uma actuação intensa e meritória. Terminada a Guerra do Ultramar, grande parte destes aviões foram abatidos sem regressarem à Metrópole. Alguns foram entregues aos novos países africanos, que pouco ou nada os aproveitaram. 1976 é referido como o ano da retirada de serviço dos C-47 Dakota da FAP.
Toda a
frota de C-47 se apresentava pintada segundo o padrão da FAP para os aviões de
transporte, em alumínio, com o dorso e o estabilizador vertical em branco, com
estas cores separadas por um filete azul que se estendia ao longo da fuselagem,
sob as janelas. A secção à frente do pára-brisas encontrava-se pintada a preto
anti-reflexo.
A
insígnia da Cruz de Cristo, sobre círculo branco contornado por fino traço
azul, encontrava-se na face inferior da asa direita, na face superior da asa
esquerda e em ambos os lados da fuselagem, a meia distância entre o bordo de
fuga das asas e o bordo de ataque dos estabilizadores horizontais. Os
rectângulos com as cores nacionais, sem escudo, estavam colocados em ambos os
lados do estabilizador vertical, à altura da charneira central do leme de
direcção. Os números de matrícula encontravam-se pintados nas asas, alternando
com a insígnia e sobre os rectângulos com as cores nacionais, em algarismos
pretos. Esta pintura foi mantida sem alterações durante todo o tempo que
serviram na FAP.
Como
referido acima, o Douglas C-47A Dakota com o número 6157 foi entregue ao Museu
do Ar.
Fontes (segunda parte):
Imagens 6 e 9: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagens 7 e 8 e Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
Fontes (segunda parte):
Imagens 6 e 9: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagens 7 e 8 e Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
3 comentários:
O Dakota 6164, do modelo C-47B, estava em 1974 no AB4, Esq 403 e em 1975, foi para a BA9 onde ficou tendo sido entregue ao então Governo de Angola pela Independência - fui seu mecânico ainda no AB4 em 1975 e voei nele pela última vez já pela BA9, Esq 92 em 20 de Agosto de 1975em voo local.
Obrigado, Sr. Manuel Vieira, pelo seu comentário, que acrescentou mais alguns elementos históricos do Dakota 6164. Bem haja!
O 6157, nele voei pela BA1 como MMA em 1975 e em 1976, tendo realizado o último voo em 09jul76, pela Esq 401 de Fotografia Aérea num voo local de 3h00.
Entregue ao Museu do Ar, infelizmente "jaz" na Placa Sul, sem asas e sem deriva, ... ... ...
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