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CONSIDATED B-24D LIBERATOR
Quantidade:
6
Utilizador:
Aeronáutica Militar
Entrada
ao serviço: 1944
Data de abate: 1945
Dados técnicos:
a) Tipo de
Aeronave
Avião quadrimotor terrestre,
de trem de aterragem triciclo retráctil, mono-plano de asa média, duplo
estabilizador vertical, revestimento metálico, cabina integrada na fuselagem,
destinado a missões de bombardeamento estratégico. Tripulação: 8 a 10
elementos.
b) Construtor
Principal: Consolidated Aircraft
Corp. / USA.
Outros: Douglas Aircarft
Corp. / USA;
Ford Corp. / USA;
Convair Division of
General Dynamics / USA;
North-American Aviation / USA.
c) Motopropulsor
Motores: 4 motores Pratt
& Whitney R-1830-43 Twin Wasp, de 14 cilindros radiais em dupla estrela arrefecidos
por ar, de 1.250 hp. Hélices: metálicos,
de três pás, de passo variável e posição de bandeira.
d)
Dimensões
Envergadura
…………...........33,53 m
Comprimento…..…………....20,21 m
Altura………….…………..…....5,48 m
Área alar ……….……............97,36
m²
e) Pesos
Peso vazio……………..….….15.420 kg
Peso máximo………………..28.580 kg
f)
Performances
Velocidade máxima
……..…….487 Km/h
Velocidade de cruzeiro
……....desconhecido
Tecto de serviço …………….8.540
m
Raio de acção……………….4.585 Km
g) Armamento
10 metralhadoras Browning de
0,50 pol. Operadas electricamente, assim distribuídas:
2 na torre do nariz; 2 na
torre dorsal; 2 na torre de cauda;
2 na torre retráctil ventral;
2 (1+1) nos postos simples nos lados da fuselagem.
3.630 Kg de bombas nos
compartimentos internos, ou
2 bombas de 1.815 Kg
suspensas nas asas.
h) Capacidade
de transporte
Equivalente ao peso do
armamento.
Resumo histórico:
Antes do Boeing B-29 Superfortress se tornar
operacional, os bombardeamentos estratégicos realizados pelos americanos
durante a II Guerra Mundial basearam-se nos Boeing B-17 Flying Fortress e nos
Consolidated B-24 Liberator.
O
B-24 Liberator foi, sem dúvida, um avião com peso na História da Aviação.
Possuía uma curiosa silhueta, especialmente devido à sua delgada asa média
colocada sobre os dois compartimentos das bombas. Esta asa – então conhecida
por “asa Davis”, e com desenho inovador para a época – era extraordinariamente
eficiente em voo de cruzeiro e, combinada com a grande capacidade dos depósitos
de combustível, conferia-lhe maior alcance que qualquer outro avião da sua
época. O trem de aterragem era longo e robusto, accionado por motores
eléctricos. Aliás, quase tudo a bordo era accionado electricamente, o que na
época causava complicações técnicas, mas que deixava antever como seriam os
aviões do futuro.
Foi
o primeiro bombardeiro pesado construído nos Estados Unidos com trem de
aterragem triciclo.
A
estabilidade longitudinal não era boa – talvez devido ao duplo estabilizador
vertical – tornando-se insuportável para os pilotos menos experientes. Nunca
alcançou a popularidade do Boeing B-17 Flying Fortress. Apesar de tudo, foi o
bombardeiro que os Estados Unidos produziu em maior quantidade: 19.203 unidades
nas diversas versões.
O
estudo do Liberator teve início em 1939. Em 29 de Dezembro desse ano o
protótipo realizou o primeiro voo, sendo de imediato encomendadas sete versões
do modelo básico.
Curiosamente,
os primeiros aviões a saírem da linha de montagem de S. Diego não se destinavam
aos Estados Unidos, mas sim a França. Com a rendição deste país em Junho de
1940, a encomenda foi transferida para a Grã-Bretanha, que os recebeu sob a
designação LB-30A (Liberator build to British specifications). O nome Liberator
foi dado pelos britânicos e rapidamente adoptado pela US Army Air Force (USAF).
A primeira versão produzida em larga escala foi a B-24D, Entre 1940 e 1941
foram construídos 2.738 destes aviões, com o esforço de produção distribuído
pelas fábricas Ford, Douglas, Convair e North-American Aviation.
A
evolução dos B-24 Liberator nunca foi interrompida, sucedendo-se as versões com
alterações nos motores, nos hélices, no armamento e no equipamento para missões
específicas. Do B-24E foram construídos 791 exemplares, todos em 1942.
Perto
do fim de 1942 iniciou a actividade a linha de montagem de Dallas da
North-American Aviation que, após produzir alguns aviões do modelo B-24D,
fabricou um total de 430 B-24G, versão caracterizada pela instalação no nariz
de uma torre de tiro operada electricamente.
Da
versão B-24H foram construídos 3.110 exemplares, um número não apurado dos
quais foi transferido para a RAF, equipando cerca de 30 esquadras, desde a
Europa ao Oriente. As quatro torres de tiro da versão H – nariz, dorsal,
ventral e cauda – provinham todas de fábricas diferentes, respectivamente,
Emerson, Martin, Sperry e Consolidated. Por sua vez, à chegada à Grã-Bretanha,
a torre da cauda era substituída por uma torre com quatro metralhadoras de
calibre 0,303 polegadas, fabricada pela Boulton Paul.
A
versão B-24J foi a construída em maior quantidade – 6.678 exemplares – ocupando
cerca de um terço da produção total.
A
versão B-24N apresentou-se com um único estabilizador vertical, numa tentativa
de melhorar a estabilidade longitudinal, o que não resultou.
As
últimas versões foram as B-24L e B-24M, das quais se produziram 1.667 e 2.593
unidades, respectivamente. Os Consolidated B-24 Liberator deixaram de ser
produzidos em 31 de Maio de 1945.
Durante
a II Guerra Mundial operaram principalmente no Mediterrâneo e no Pacífico. No
Norte da Europa era, no entanto, preterido em favor do B-17, devido a
deficiências na blindagem e no armamento defensivo e também porque se mostrava
propenso a incendiar-se com relativa facilidade, mesmo quando recebia danos
ligeiros, em combate.
É-lhes
atribuído o feito de, em três anos, no teatro de guerra do Pacífico, terem
largado 635.000 toneladas de bombas e destruído 4.189 aviões inimigos.
Sete
B-24 Liberator acompanharam as 87 B-17 Flying Fortress no primeiro grande
bombardeamento diurno realizado pelos Aliados no território da Alemanha em 7 de
Janeiro de 1943.
Para
além de bombardeiros pesados, foram utilizados em missões de reconhecimento
fotográfico (B-24F-7), de treino (TB-24), de avião-cisterna (KC-109), de
transporte (C-87), etc., etc. Fotografias obtidas durante a II Guerra Mundial
mostram que também foram utilizados com skis. A Marinha dos Estados Unidos (US
Navy) utilizou-os na luta anti-submarino, numa versão especialmente equipada
para esse fim, inicialmente designada por RY-3 e depois por PB4-Y Privateer.
No total, a US Navy recebeu 997 Liberator.
No total, a US Navy recebeu 997 Liberator.
O
Comando de Bombardeiros e o Comando Costeiro da RAF utilizaram-nos nas versões
que designaram por Liberator Mk III, Mk IIIA e Mk V. Alguns foram convertidos
em aviões de transporte de carga, após remoção das torres de tiro.
Nos
anos do conflito mundial foram utilizados pelos Estados Unidos (Exército,
Marinha e Fuzileiros), África do Sul, Austrália, Brasil, Canadá, China,
Checoslováquia, França, Grã-Bretanha, Índia, Portugal e Turquia.
Depois
da guerra, para além de serem usados por outros países como avião militar,
alguns B-24 Liberator foram transformados e utilizados em transporte civil.
Percurso em Portugal:
Durante
o ano de 1943 aterraram de emergência no aeroporto de Lisboa seis quadrimotores
Consolidated B-24D Liberator da US Army Air Force (USAAF), que foram
apreendidos e entregues à Aeronáutica Militar (AM) em 1944.
Dois
destes bombardeiros pertenciam ao efectivo do 480° Grupo Anti-Submarino,
estacionado no Norte de África, em Port Lyautey. Em contraste com os outros
B-24, classicamente pintados em verde-azeitona acastanhado (olive drab),
apresentavam uma curiosa camuflagem, com as superfícies superiores em tons de verde azeitona e as
superfícies inferiores, metade inferior da fuselagem e bordos de ataque dos
estabilizadores verticais a branco, com a linha de separação ondulada. Este
estranho aspecto valeu-lhes a alcunha de “vacas”.
Dado
que eram aviões equipados para a luta anti-submarina, há quem lhes atribua a
designação PB4-Y, da US Navy, enquanto que outros lhes atribuem a designação
B-24D “Modificado”, uma versão rara utilizada pela USAAF na luta
anti-submarino, com uma torre de metralhadora no nariz.
Não
havendo interesse por parte da AM em utilizar os B-24 Liberator como
bombardeiros, foi-lhes retirado o armamento, inclusive as torres de tiro, e
usados como aviões de transporte. Foram colocados na Secção de Transportes da
AM, recém-criada e instalada no Aeroporto de Lisboa. Em Abril e Maio de 1944
fizeram alguns voos de longo curso, deslocando-se à Ilha do Sal, Cabo Verde e
à Base das Lajes, na altura BA5, nos Açores.
Em Julho de 1944, um destes
B-24 despenhou-se no Aeroporto de Lisboa, causando a perda de vidas.
A
AM manteve as pinturas originais. A Cruz de Cristo, sobre círculo branco, foi
pintado em ambos os lados das asas e sobre uma larga faixa encarnada e verde
que envolvia a fuselagem. As cores nacionais, com escudo, estavam também
presentes nas faces exteriores dos estabilizadores verticais, dentro de um
rectângulo. A matrícula encontrava-se pintada na fuselagem, sob os
estabilizadores horizontais, a preto. Quanto às matrículas, o procedimento
aplicado não foi o usual.
A AM atribuiu-lhes as matrículas de L-1 a L-6 (“L” de Liberator). Levantam-se algumas dúvidas sobre se estas matrículas chegaram a ser pintadas nos aviões. Dada a falta de sobressalentes, apesar de um dos aviões ter sido “canibalizado” para fornecer peças aos restantes, a operação dos B-24 Liberator tornou-se problemática, acabando por ser retirados de serviço em 1945 e desmantelados em 1946.
A AM atribuiu-lhes as matrículas de L-1 a L-6 (“L” de Liberator). Levantam-se algumas dúvidas sobre se estas matrículas chegaram a ser pintadas nos aviões. Dada a falta de sobressalentes, apesar de um dos aviões ter sido “canibalizado” para fornecer peças aos restantes, a operação dos B-24 Liberator tornou-se problemática, acabando por ser retirados de serviço em 1945 e desmantelados em 1946.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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