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BRISTOL BEAUFIGHTER TF Mk X
Quantidade:
17
Utilizador:
Aviação Naval
Entrada
ao serviço: Março de 1945
Data
de abate: 1946
Dados técnicos (versão TF Mk X):
a) Tipo de
Aeronave
Avião bimotor terrestre, de
trem de aterragem convencional retráctil, mono-plano de asa média com roda de
cauda, revestimento metálico, cabina integrada na fuselagem, destinado a
missões de caça-bombardeiro e anti-navio. Tripulação: 2 (piloto e
navegador-bombardeiro).
b) Construtor
Bristol Aeroplane Co.
/Grã-Bretanha.
Sob licença: Department of Aircraft Production / Austrália.
c) Motopropulsor
Motores: 2 motores Bristol
Hércules XVII, de 14 cilindros radiais em dupla estrela arrefecidos por ar, de
1.770 hp.
Hélices: metálicos, de três
pás, de passo variável e posição de bandeira.
d)
Dimensões
Envergadura
…………...........17,62 m
Comprimento…..…………....12,70 m
Altura………….……………......4,20 m
Área alar
……….……............46,73 m²
e) Pesos
Peso vazio……………..….…...7.080
kg
Peso máximo………………..11.550 kg
f)
Performances
Velocidade máxima
……............515 Km/h
Velocidade de cruzeiro
…..........400 Km/h
Tecto de serviço
……………...5.800 m
Raio de acção………………...2.250
Km
g) Armamento
(típico da versão TF Mk X)
4 canhões de 20 mm no nariz
do avião;
4 metralhadoras de 7,7 mm na
asa esquerda;
2 metralhadoras de 7,7 mm na
asa direita;
1 metralhadora móvel, de 7,7
mm, instalada na torre dorsal;
2 bombas de 454 Kg sob as
asas, ou
8 foguetes de 27 Kg.
h) Capacidade
de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
Nos anos críticos de 1935 a 1939 a lacuna mais
importante da Royal Air Force (RAF) era a falta de caças de longo alcance,
equipados com canhões, capazes de escoltar os bombardeiros, tanto de dia como
de noite.
Os engenheiros da fábrica inglesa Bristol vinham
falando de um avião da “família” do Blenheim e do Beaufort, que poderia superar
essa lacuna, mas não podiam avançar por falta de requisição governamental, uma
vez que a posição oficial estava virada para a construção de um caça provido
de torre dorsal equipada com canhão. Convencidos de estarem a analisar a
situação correctamente, os dirigentes da Bristol decidiram correr o risco de
avançar com o seu próprio projecto, iniciando os estudos em 1938.
Apresentaram o protótipo do Bristol Beaufighter,
que realizou o primeiro voo em 17 de Junho de 1939, um novo avião com dois
motores radiais Bristol Hércules, dois tripulantes, veloz, e com armamento
capaz de fazer explodir qualquer avião que nos céus se lhe opusesse. Era uma
aeronave de combate com nariz arrebitado, intensamente robusto,
surpreendentemente manobrável e com bons alicerces para futuros
desenvolvimentos. O Ministério do Ar ficou entusiasmado e ordenou a sua
produção.
Os aviões da primeira série – Beaufighter Mk IF –
começaram a ser fornecidos ao Comando de Caça da RAF em Setembro de 1940,
equipados para missões de caça nocturna, com radar A1MkVII. Simultaneamente, o
Comando Costeiro da RAF recebia aviões da versão Beaufighter Mk IC,
especialmente concebidos como caças diurnos.
A fraca potência dos motores radiais Bristol
Hércules, de cerca de 1.000 hp, não permitia ultrapassar os 480 Km/h, o que
levou à construção de um segundo modelo, designado Beaufighter Mk IIF, também
na versão de caça nocturno, equipado com motores Rolls Royce Merlin XX de 12
cilindros em V, que debitavam 1.280 hp. Esta alteração não obteve os resultados
esperados, sendo construídos apenas 450 aviões. Em consequência, os Beaufighter
voltaram a usar os motores radiais Bristol Hércules, agora com 1.600 hp.
O modelo seguinte foi o Beaufighter Mk VI, do
qual se construíram 1.832 unidades em duas versões: a Mk VIF, para o Comando de
Caça, e a Mk VIC para o Comando Costeiro. Os aviões desta última versão estavam
preparados para transportar foguetes (rockets) e torpedos, tornando este rápido
bimotor num excelente meio de combate a navios de superfície e submarinos.
O último modelo foi produzido em 1943, o
Beaufighter Mk X, do qual foram construídos 2.205 exemplares. Foi especialmente
reservado ao Comando Costeiro, equipado para caça nocturno, repartindo esta
tarefa com os DH Mosquito. A cobertura da antena do radar, em forma de dedal,
colocada no nariz do avião, dava-lhe uma configuração muito peculiar.
O Beaufighter foi um avião de combate de sucesso,
dispondo de grande capacidade de fogo e capaz de executar uma enorme
diversidade de missões, tendo actuado em todas as frentes de batalha, da Europa
ao Extremo Oriente.
O “Beau”, como era conhecido pelos aliados, era
um oponente temido pela Luftwaffe, mesmo a grande distância da costa, no
Atlântico. Os japoneses chamavam-lhe a “morte sussurrante”, devido aos
silenciosos motores Hércules.
Construíram-se um total de 5.562 aviões Beaufighter na Grã-Bretanha, no conjunto dos diversos modelos e versões. A produção terminou em Setembro de 1945. Foram construídos mais 364 na Austrália, que deixou de os produzir em 1946.
Construíram-se um total de 5.562 aviões Beaufighter na Grã-Bretanha, no conjunto dos diversos modelos e versões. A produção terminou em Setembro de 1945. Foram construídos mais 364 na Austrália, que deixou de os produzir em 1946.
Entre 1948 e 1950, cerca de 35 Beaufighter TF Mk
X foram convertidos em rebocadores de alvos.
A RAF manteve os Beaufighter TF Mk X ao serviço
até 1960, ficando na história como um dos últimos aviões com motores
alternativos a operar na Grã-Bretanha.
Para além da Grã-Bretanha, durante a guerra foram
utilizados pela Austrália África do Sul, Estados Unidos e Nova Zelândia.
Percurso em Portugal:
Entre 13 e 28 de Março de 1945 chegaram a
Portugal 16 Bristol Beaufighter TF Mk X, destinados à Esquadrilha B das Forças
Aéreas da Armada (designação, na época, da Aviação Naval), instalada no
Aeroporto da Portela. Tinham os números de série RAF RD 134, RD 148, RD 173, RD
197, RD 199, RD 206, RD 209, RD 216, RD 220, RD 250, RD 252, RD 253, RD 261, RD
289, RD 319 e RD 320.
Faziam parte de um lote de 500 aviões, os últimos
Beaufighter produzidos pela Bristol, não considerando os 10 aviões da série SR
construídos mais tarde.
Segundo a norma da época, a Aviação Naval (AN)
atribuiu-lhes a numeração de BF-1 a BF-16, significando o “BF” Beaufighter.
Estavam poderosamente armados com quatro canhões
de 20 mm instalados no nariz e seis metralhadoras de 7,7 mm instaladas nas asas
e mais uma metralhadora Vickers K, também de 7,7 mm, instalada na torre dorsal.
Para além deste armamento, podiam transportar bombas sob as asas ou um torpedo
sob a fuselagem. Destinaram-se a substituir os obsoletos Bristol Blenheim,
abatidos no ano anterior.
Em 22 de Outubro de 1945 descolaram de Lisboa
três Beaufighter, que voaram para norte, ao longo da costa. Após passagem por
S. Jacinto, gripou um motor do BF-4, obrigando-o a aterragem forçada nas dunas
perto de Ovar. O avião partiu-se a meio e incendiou-se, que que resultou a
morte dos três tripulantes. A avaria foi provocada pela rotura do veio da bomba
de lubrificação do motor, facto inédito que motivou o reforço dessas peças em
todos os motores da Bristol.
Perante a causa que motivou o desastre, a Bristol
ofereceu o 17° Beaufighter, também do modelo TF Mk X, mas com a antena do radar
num dedal no nariz e barbatana dorsal no prolongamento da deriva. Chegou a Portugal
em 1946, tendo descolado da Grã-Bretanha tripulado por portugueses. Foi-lhe
atribuída a matrícula BF-17.
Foram mantidos com a camuflagem de origem, com as
superfícies superiores pintadas a cinzento e verde escuro e as inferiores em
cinzento-mar. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, em ambos os
lados das asas, e as cores nacionais, sem escudo, a toda a altura do leme de
direcção. O número de matrícula estava pintado em pequenos algarismos pretos na
fuselagem, parcialmente sob o estabilizador horizontal. Ostentavam uma âncora
preta, símbolo da AN, no estabilizador vertical.
Os Beaufighter tiveram curta vida em Portugal.
Inexplicavelmente, enquanto a RAF os utilizou até 1960, a AN abateu-os
prematuramente em 1946. O Beaufighter número BF-13 da AN, número de série RAF
RD 253, encontra-se hoje no Royal Air Force Museum de Hendon, Inglaterra.
Outro Beaufighter que serviu na AN foi cedido ao
Museu da Força Aérea Sul-Africana, desconhecendo-se qual. Esta cedência foi
compensada mais tarde, quando este museu ofereceu um Spitfire Mk IX (modelo que
nunca equipou as esquadrilhas portuguesas) ao Museu do Ar, onde se encontra em
exposição.
Lamentavelmente, no inventário dos aviões do
Museu do Ar não consta qualquer Bristol Beaufighter.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo
Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no
Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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