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15 novembro 2013

Boeing B-17 Flying Fortress (segunda parte)

Ver  Boeing B-17 Flying Fortress (primeira parte)

(continuação)

Imagem 3

Percurso em Portugal:


a.                  Aeronáutica Militar
     No início de Março de 1947 chegaram à Base Aérea N° 4 (BA4), Lajes, Açores, vindos dos Estados Unidos, quatro aviões Boeing B-17 Flying Fortress, originalmente um da versão B-17F e três da versão B-17G, agora uniformizados na versão SB-17G, equipados para missões de busca e salvamento marítimo, podendo transportar um barco salva-vidas sob a fuselagem.

     Com estes aviões foi constituída a Esquadrilha de Busca e Salvamento, conhecida também por Esquadrilha de Reconhecimento e Socorro. A Aeronáutica Militar (AM) atribuiu-lhes os números de matrícula de 275 a 278 com a seguinte correspondência com os números de série da USAF: 275 (número de série 44-85619), 276 (44-83712), 277 (44-85548) e 278 (44-85519). Foram baptizados de “Faial”, “Flores”, “Pico” e “Graciosa”, em homenagem ao Arquipélago dos Açores.

     Estes aviões desempenharam valiosas missões de carácter humanitário, não só na busca e salvamento em coordenação com as Forças Americanas estacionadas na Base das Lajes, mas também em apoio à população civil. Desempenharam, igualmente com sucesso, missões de reconhecimento meteorológico, conhecidas pelos “voos de tempo”. Eram voos que, do princípio ao fim, se revestiam de condições muito específicas, voando sobre o Oceano Atlântico com a finalidade de determinar a localização dos ciclones.
     A pintura dos B-17 Flying Fortress da AM nunca foi alterada. Manteve-se inteiramente em alumínio, com o dorso e estabilizador vertical em branco. As pontas das asas estavam pintadas em amarelo. Uma cinta amarela orlada a preto envolvia a fuselagem junto à raiz do conjunto estabilizador da cauda. Um rectângulo, também amarelo orlado a preto, encontrava-se em cada lado da secção do nariz.
A Cruz de Cristo, sobre círculo branco, era visível em ambos os lados das asas, bem como as cores nacionais no estabilizador vertical. Os números de matrícula encontravam-se pintados a preto nos lados da fuselagem.


b.                  Força Aérea
     Absorvidos em 1952 pela Força Aérea Portuguesa (FAP), os SB-17G receberam a numeração de 7401 a 7404. Mantiveram-se sempre na Base Aérea N° 4, continuando a executar missões de busca e salvamento e de reconhecimento meteorológico.

     A FAP operou um quinto avião B-17G, que foi obtido de forma pouco vulgar. O destacamento da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) na Base das Lajes recebeu um B-17G (número de série 44-102732) destinado aos voos de reconhecimento meteorológico, bastante mal equipado, sem radar, sem sistema de degelo e sem depósitos de combustível para voos de longa duração. Por estas razões o avião não era utilizado, acabando por estar praticamente, abandonado. Aproveitando-se da situação, os portugueses estabeleceram um pacto informal com os americanos, que lhes permitiu utilizar o avião como fonte de peças sobressalentes. Algum tempo depois, talvez em 1953, a USAF vendeu à FAP este B-17G por um dólar!
     Quando os mecânicos portugueses inspeccionaram o avião, concluíram que se encontrava em bom estado, especialmente as estruturas das asas e da fuselagem, colocando-se, então, a possibilidade de o aprontar para o voo. Na realidade, este B-17G foi colocado a voar e está provado – por depoimentos de pilotos que o voaram – que usava a matrícula 7404 que, logicamente, já estaria atribuída a um dos quatro SB-17G recebidos inicialmente. Também não se dispõe de documentação que garanta ou negue a existência de um avião com a matrícula 7405. Por outro lado, existem depoimentos que referem que uma equipa de técnicos da USAF deslocou-se dos Estados Unidos aos Açores para inspeccionar os quatro SB-17G recebidos em 1947, tendo em vista avaliar se o seu estado de conservação era compatível com a execução de uma grande inspecção de manutenção (IRAN – Inspect and Repair as Necessary). Os técnicos americanos consideraram que um dos aviões apresentava um grau de deterioração que não justificava o IRAN.
     Ainda que não devidamente fundamentada, a hipótese que se afigura mais provável é a de que o avião recusado para o IRAN teria sido o 7404, ex-278 da AM, que terá sido abatido ao efectivo, sendo a sua matrícula atribuída ao B-17 adquirido pela FAP. Esta hipótese é reforçada com outro depoimento, que afirma que o “novo” 7404 foi submetido ao IRAN, efectuado nos Estados Unidos.

     Em 1954, três Boeing SB-17 partiram da Ilha Terceira para Lourenço Marques, Moçambique, fazendo escalas na Ilha do Sal (Cabo Verde), S. Tomé e Luanda (Angola), com regresso pela mesma rota. A viagem foi programada e executada com precisão matemática, passando quase despercebida à maior parte dos historiadores, uma vez que foi considerada como uma missão de rotina.

     Os SB-17 foram progressivamente substituídos pelos Douglas C-54 Skymaster, mais modernos e versáteis, acabando por ser abatidos em 1960.
     Sem qualquer alteração na pintura, passaram a usar a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, na parte superior da asa esquerda e inferior da asa direita, alternado com os algarismos da numeração. Também os lados da fuselagem passaram a ostentar a Cruz de Cristo, sobre círculo branco. No estabilizador vertical, a bandeira nacional, sem escudo, estava encimada pelo número de matrícula.




Fontes (segunda parte):
Imagem 3: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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