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20 dezembro 2013

Republic F-84G Thunderjet (segunda parte)

Ver  Republic F-84G Thunderjet (primeira parte)

(continuação)

Imagem 3: F-84G com a pintura usada pelos «Dragões» em 1958


Percurso em Portugal:
      Os primeiros Republic F-84G Thunderjet da Força Aérea Portuguesa (FAP) chegaram ao porto de Lisboa no dia 25 de Janeiro de 1953, a bordo do porta-aviões americano “Tripoli”. Eram aviões novos, que nunca tinham sido utilizados. O primeiro destes aviões fez o voo de experiência no dia 2 de Fevereiro desse ano, pilotado por um americano.
     Receberam a numeração da FAP de 5101 a 5125. A correspondência destas matrículas com os números de série (n/s) da USAF era a seguinte: 5101 (USAF n/s 51-10999), 5102 (51-11115), 5103 (51-11111), 5104 (51-11047), 5105 (51-11025), 5106 (51-11112), 5107 (51-11082), 5108 (51-10900), 5109 (51-11100), 5110 (51-11002), 5111 (51-11092), 5112 (51-11020), 5113 (51-11104), 5114 (51-11061), 5115 (51-11067), 5116 (51-10994), 5117 (51-11063), 5118 (51-11068), 5119 (51-10928), 5120 (51-11114), 5121 (51-11053), 5122 (51-11012), 5123 (51-10991), 5124 (51-11070) e 5125 (51-11103).

Imagem 4: Emblema da
Esquadra 20, BA2.

     Foram entregues à Base Aérea N° 2 (BA2), Ota, constituindo a Esquadra 20, inaugurada em 15 de Maio de 1953, a primeira unidade de combate da FAP equipada com aviões a reacção (ver imagem 4).
     A Esquadra 20 adoptou o vermelho como cor da esquadra e como distintivo um F-84G preto, entrelaçado no número 20, a vermelho.
     Em 1954 foram fornecidos mais 25 Republic F-84G Thunderjet, com os quais foi formada a Esquadra 21 que, inicialmente, adoptou como distintivo um rato de capa vermelha e de espada em riste e, como cor de esquadra, o verde. Pouco depois mudou o distintivo, adoptando o barrete verde de campino e mantendo a mesma cor de esquadra. (ver imagem 5).
     Os aviões receberam a numeração de 5126 a 5150. A correspondência entre as matrículas da FAP e os números de série da USAF era a seguinte: 5126 (51-1076A), 5127 (51-11199A), 5128 (51-11219A), 5129 (51-11231A), 5130 (51-16645A), 5131 (51-16672A), 5132 (51-16684A), 5133 (51-10468), 5134 (51-16651), 5135 (51-11175), 5136 (51-10440), 5137 (51-11216), 5138 (51-11245), 5139 (desconhecido), 5140 (51-16674), 5141 (51-11203), 5142 (51-11190), 5143 (51-11212), 5144 (51-16650), 5145 (51-11223), 5146 a 5149 (desconhecidos), 5150 (51-16643A).
     Integrados nas Forças da NATO, tinham como missão primária a defesa do espaço aéreo nacional. Tendo em vista a preparação para o desempenho da missão, as Esquadras empenharam-se em rigorosos programas de treino operacional, praticando voos de navegação em formação a baixa altitude, voo sem visibilidade, acrobacia aérea, tiro ar-chão com metralhadoras, foguetes e bombas e ainda treino de combate aéreo (dog fight) o que, para além das manobras de combate, incluía fogo real de metralhadoras para um alvo rebocado por um avião do mesmo tipo.

Imagem 5: Emblemas da Esquadra 21 (BA2), original
e definitivo, respectivamente.

     No dia 1 de Julho de 1955 aconteceu uma grande tragédia, tanto para a BA2 como para a FAP: durante as comemorações do Dia da Força Aérea, oito aviões de uma formação de doze F-84G Thunderjet da Esquadra 21 colidiram com a Serra dos Carvalhos, Poiares, perto de Coimbra, em condições meteorológicas desfavoráveis, vitimando os respectivos pilotos.

     Em 1956 uma formação de oito F-84G, com pilotos das duas esquadras, voou da BA2 para a BA4, Açores, regressando sem problemas. Ainda em 1956, outros oito F-84G repetiram a viagem aos Açores, onde participaram no exercício “Estorninho”. Os Açores situavam-se no limite da autonomia dos aviões, pelo que os mesmos foram assistidos por bimotores Locheed PV-2 Harpoon. Ainda que todos os aviões tenham regressado à BA2 sem percalços, alguns pilotos referiram que, tanto à ida como no regresso, aterraram com combustível para poucos minutos de voo.

Imagem 6
     Em 1958 foi criada na BA2 o Grupo Operacional 201, tendo a Esquadra 20 alterado a designação para Esquadra 22 e mudando o distintivo para o desenho de um pirata (ver imagem 6). Manteve o vermelho como cor de esquadra.
     Entre 1956 e 1958 a FAP recebeu mais 75 aviões Republic F-84G Thunderjet, provenientes da Alemanha Federal, Bélgica, Estados Unidos, França, Holanda e Itália. Matriculados de 5151 a 5225, tinham a seguinte correspondência com os números de série da USAF: 5151 (51-16653A), 5152 (51-10461A), 5153 (51-16669A), 5154 e 5155 (desconhecidos), 5156 (51-1092), 5157 (51-10384), 5158 (desconhecido), 5159 (51-1178A), 5160 (51-1216A), 5161 (51-9846), 5162 (51-10414), 5163 (51-10617), 5164 (51-11120), 5165 a 5167 (desconhecidos), 5168 (51-16648A), 5169 e 5170 (desconhecidos), 5171 (51-10678), 5172 (51-10878), 5173 (desconhecido), 5174 (51-9840), 5175 (51-9857), 5176 (51-9957), 5177 (51-9962), 5178 e 5179 (desconhecidos), 5180 (51-10473), 5181 e 5182 (desconhecidos), 5183 (51-9924), 5184 (51-9930), 5185 (desconhecido), 5186 (51-9871), 5187 (51-9928), 5188 (51-9955), 5189 (desconhecido), 5190 (51-9896), 5191 a 5193 (desconhecidos), 5194 (51-9716), 5195 (51-9983), 5196 a 5198 (desconhecidos), 5199 (51-10038), 5200 (51-10188), 5201 e 5202 (desconhecidos), 5203 (51-10238), 5204 e 5205 (desconhecidos), 5206 (51-10267), 5207 (51-16745), 5208 (51-10099), 5209 a 5211 (desconhecidos), 5212 (51-10800), 5213 (51-109041), 5214 (51-8423), 5215 (51-10563), 5216 (51-10838), 5217 (51-11094), 5218 (51-16730), 5219 a 5220 (desconhecidos), 5221 (51-8420), 5222  e 5223 (desconhecidos), 5224 (51-8446) e 5225 (51-8464).

     No total, a FAP recebeu 125 F-84G Thunderjet. É provável que tenham sido recebidos mais alguns, que não se tornaram operacionais nem receberam matrículas, servindo para fornecimento de peças sobressalentes.
    Estes magníficos aviões foram um marco da história da FAP, definindo a era da aviação a reacção em Portugal e possibilitando uma prestigiada actuação no âmbito das forças da NATO. Ambas as esquadras praticavam acrobacia em formações de dois a quatro aviões, manobras incluídas no treino operacional, sustentando salutar rivalidade.

Imagem 7 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/


Imagem 8: Emblema da
Patrulha Acrobática
«Dragões».
     Embora tivesse sido a patrulha acrobática da Esquadra 20 a primeira a participar em festivais internacionais, actuando no Festival Internacional de Madrid em 1954, foi a patrulha acrobática da Esquadra 21 que recebeu o estatuto de Patrulha Acrobática Nacional, conferido pelo Secretário de Estado da Aeronáutica, com a denominação de “Dragões de Portugal”. Actuavam com quatro aviões, mantendo um de reserva. Os “Dragões” fizeram a presentação oficial em 30 de Novembro de 1954, quando o Presidente da Grécia visitou Portugal.


     Mais tarde, por iniciativa do Comandante da BA2, a patrulha acrobática “Dragões” passou a incluir pilotos das duas esquadras. Nas suas 40 exibições nacionais e internacionais salienta-se a participação no Festival Aéreo de Bruxelas, realizado em 29 de Junho de 1958 onde, em competição com 12 patrulhas de países da NATO, conquistaram o segundo lugar, a cinco pontos da patrulha italiana “Diavoli Rossi”, que utilizava aviões Republic F-84F Thunderstreak. Uma semana depois, nas comemorações dos 45 anos da Força Aérea Alemã, obtiveram um prestigiante terceiro lugar.

Imagem 9 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/

     Inicialmente, a pintura dos F-84G dos “Dragões” pouco diferia dos outros aviões da Esquadra 21, inteiramente em metal polido, com a entrada de ar em verde e flechas verdes ao longo dos depósitos das pontas das asas.
     Nas comemorações do Dia da Força Aérea, no Porto em 1957, apresentaram-se com a entrada de ar circundada a vermelho escuro metalizado e amarelo. Nos lados da fuselagem, entre as asas e o nariz, uma figura semelhante a metade de uma seta, em amarelo e orlada a preto, que se repetia em menores dimensões nas faces exteriores dos depósitos das pontas das asas que, por sua vez, se encontravam pintados em vermelho escuro metalizado. O estabilizador vertical e a parte da fuselagem que se encontrava no seu enfiamento estavam pintados em xadrez, a preto e amarelo. Note-se que o leme de direcção manteve a pintura em alumínio. Os aviões que se apresentaram com esta pintura no Porto tinham os números 5145, 5172, 5178 e 5186.

Imagem 10 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/

     A partir de Junho de 1958 apresentaram-se com uma faixa encarnada e verde envolvendo a fuselagem em espiral. Mantinham a fuselagem em metal polido, bem como as marcas e insígnias da FAP, segundo o padrão em uso.


(continua)


Fontes (segunda parte):
Imagem 3: © Carlos Pedro - Blog Altimagem;
Imagens 7, 9 e 10: Cortesia de  Paulo Alegria - Blog Digital Hangar;
Texto e Imagens 4, 5, 6 e 8: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000;

1 comentário:

Unknown disse...

Sendo filho de um dos pioneiroa (Manuel Vieira) da Esquadra 21 agradeço profundamente o trabalho publicado. Bem hajam.

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