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20 dezembro 2013

Republic F-84G Thunderjet (terceira parte)

Ver  Republic F-84G Thunderjet (primeira parte)



(continuação)

Imagem 11

(...Percurso em Portugal - continuação)

     A chegada dos North-American F-86F Sabre, em 1958, provocou a extinção da patrulha devido à transferência dos pilotos para estes aviões. Entretanto, a Esquadra 22 manteve sempre activa a sua patrulha acrobática.

Imagem 12: Emblema da
Patrulha Acrobática
«S. Jorge»

     Com a extinção dos “Dragões”, a partir de 1958 a representação nacional foi entregue à patrulha da Esquadra 22, denominada «S. Jorge» (note-se a rivalidade e ironia. Segundo a lenda, S. Jorge matou o dragão...) (ver imagem 12).
     Os «S. Jorge» actuavam com quatro aviões F-84G Thunderjet, mantendo um quinto avião em reserva. Fizeram a estreia internacional no Festival de Sevilha, em 19 de Outubro de 1958. A última actuação foi em Julho de 1960.
     Os “S. Jorge” apresentaram-se inicialmente com a última pintura usada pelos “Dragões”. Adoptaram depois uma mais vistosa, com todas as superfícies superiores a preto e as inferiores a vermelho separadas por um filete longitudinal a preto metalizado, sobre o qual, na secção dianteira da fuselagem, se encontrava inscrito o nome da patrulha, a branco. Não ostentavam as marcas e insígnias habituais, resumindo-se ao rectângulo com a bandeira  nacional, sem escudo, nos lados do estabilizador vertical, com a matrícula por cima, em algarismos brancos.

Imagem 13 - Cortesia de http://digitalhangar.blogspot.pt/

     O desgaste dos F-84G originou que alguns fossem retirados de serviço. Em meados de 1960 foram desactivadas as Esquadras 21 e 22. Os F-84G ainda em condições de voo foram transferidos para a Esquadra de Instrução Complementar de Aviões de Caça (EICPAC), que dispunha dos Lockheed T-33 T-Bird, formando a Esquadrilha de F-84G, com a missão de fornecer treino operacional aos futuros pilotos dos F-86F Sabre.
     Tudo se encaminhava para que o ano de 1960 fosse o derradeiro da vida operacional dos Thunderjet portugueses. Para além de Portugal, só a Jugoslávia, o Irão e a Tailândia ainda os mantinham operacionais. Mas assim não aconteceu: A Guerra do Ultramar e o boicote da ONU à venda de armamento a Portugal, levaram os F-84G Thunderjet para Angola.
     Pelo facto dos F-84G estarem atribuídos à NATO e para não se levantarem problemas quanto à sua utilização em África – como aconteceu com os F-86F Sabre que operaram na Guiné – o Governo Português comprou os aviões à NATO a fim de dispor deles livremente.

Imagem 14: Emblema da
Esquadra 93, BA9.

     Foram retirados da EICPAC e enviados para Angola, 25      F-84G, onde chegaram, por via marítima, entre 30 de Março de 1961 e 14 de Dezembro de 1962. Foram colocados na Esquadra 93 da Base Aérea N° 9 (BA9), Luanda (ver imagem 14).

     No dia 17 de Agosto de 1961 realizou-se o primeiro voo de um avião a reacção português nos céus de Angola. O primeiro F-84G a chegar a Angola foi o número 5207. Provavelmente, foi também o primeiro a voar. O segundo grupo foi constituído pelos aviões números 5111, 5115, 5145, 5168, 5175, 5177, 5180, 5184, 5199, 5203, 5213, 5216 e 5227. Os últimos foram os 5103, 5128, 5130, 5141, 5144, 5156, 5164, 5186, 5190, 5195 e 5225.
A Esquadra 93 intitulou-se de “Magníficos”, adoptando um distintivo muito revelador das suas origens: um escudo com fundo vermelho, cruzado em diagonal verde descendo da esquerda para a direita, acima da qual a silhueta de um barrete de campino (alusão à antiga Esquadra 21) e abaixo, a silhueta de um pirata (referência à Esquadra 22). Adoptou o encarnado como cor de esquadra. Desenvolveram intensa actividade, principalmente em missões de ataque ao solo.

     Na sequência do bloqueio naval ao porto da Beira, motivado pela independência unilateral da Rodésia, em Novembro de 1965, foram destacados seis F-84G (5141, 5144, 5245, 5164, 5199 e 5203) de Luanda para a Base Aérea N° 10, Beira, Moçambique, onde se mantiveram cerca de seis meses.

     Os “velhos” Thunderjet foram sendo abatidos progressivamente, uns por acidente, outros por desgaste. Mesmo os que sofriam um pequeno acidente deixavam de ser reparados, por falta de sobressalentes.
     Até 1973 a Esquadra 93 tinha perdido 10 aviões em acidentes ou incidentes. Nesse ano só dispunha de cinco aeronaves em condições de operar. Quando a Guerra do Ultramar terminou, em 1974, os poucos que ainda se mantinham operacionais foram definitivamente abatidos.
     Da totalidade de 125 F-84G existentes na FAP, foram perdidas 30 aeronaves em acidentes ou incidentes, tanto em Portugal como no Ultramar.
Portugal foi o país da NATO – talvez do mundo – que utilizou os F-84G Thunderjet até 1974.

     Os F-84G que não faziam parte das patrulhas acrobáticas estavam inteiramente em metal polido com a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, no extra-dorso da asa esquerda, no intradorso da asa direita e nos lados da fuselagem. A bandeira nacional, sem escudo, estava colocada num rectângulo nos lados do estabilizador vertical. A matrícula, em algarismos pretos, estava colocada nas asas, alternando com a insígnia, sobre as bandeiras no estabilizador e ainda na fuselagem, entre as asas e o nariz, aqui unicamente os três últimos algarismos. Toda a parte superior da fuselagem, à frente e atrás da cabina, estava coberto em preto anti-reflexo, numa faixa relativamente estreita.
As pinturas específicas de cada uma das esquadras sofreram, ao longo do tempo, pequenas alterações.      Nos primeiros tempos da Esquadra 21, os seus aviões apresentavam a entrada de ar contornada a verde com um pequeno bico, a preto, na direcção das asas. Ostentavam o distintivo da esquadra no lado esquerdo da secção dianteira da fuselagem, a meia distância entre os números de matrícula e a entrada de ar. Os depósitos de combustível das pontas das asas com um raio verde. Na cauda, uma estreita cinta em verde, amarelo e encarnado. No leme de direcção existiam três cunhas em leque saindo da base inferior do leme, em verde. A pintura do leme e da cauda não foi conservada por muito tempo.
Quando se assumiram como “barretes verdes”, a pintura resumiu-se ao anel verde na entrada de ar e aos depósitos das pontas das asas, inteiramente em verde. O novo distintivo foi mantido no mesmo local do anterior.
     Os aviões da Esquadra 20, depois 22, e da Esquadra 93, apresentavam o mesmo esquema, com a entrada de ar e os depósitos das pontas das asas em vermelho. Os respectivos distintivos estavam colocados no lado esquerdo da secção dianteira da fuselagem.
     O Museu do Ar é possuidor dos F-84G números 5176, 5187 e 5216.
O 5201, exposto em pedestal na Base Aérea N° 2, Ota, perpetua a memória dos Republic F-84G Thunderjet que operaram na FAP.


Fontes (terceira parte):
Imagem 11: © Carlos Pedro - Blog Altimagem;
Imagem 13: Cortesia de  Paulo Alegria - Blog Digital Hangar;
Texto e Imagens 12 e 14: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

2 comentários:

Unknown disse...

Esquadra 93 - Os Magníficos, acompanhei de perto até 1974, pois o meu Pai - Manuel Vieira, SAJU MMA, fez 2 comissões em Angola. Obrigado pelo vosso trabalho, para mim é uma bels janela para o meu passado vivido com o meu saudoso "velhote" e os seus inúmeros camaradas. Bem hajam.

altimagem disse...

Obrigado pelo seu amável comentário. Meu propósito é contribuir para a história da aeronáutica militar portuguesa, honrando todos os que contribuíram para o seu desenvolvimento.

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