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LOCKHEED T-33A T-BIRD
CANADAIR T-33AN SILVER STAR
LOCKHEED RT-33A
CANADAIR T-33AN SILVER STAR
LOCKHEED RT-33A
Quantidade:
35 (T-Bird: 28, Silver Star: 5, RT-33A: 2)
Utilizador:
Força Aérea
Entrada ao serviço: 1953
Data de abate: 1991
Dados técnicos:
a. Tipo de Aeronave
Avião
mono-reactor terrestre, de trem de aterragem triciclo retráctil, mono-plano de
asa baixa, revestimento metálico,
bilugar em tandem, de cabina em bolha transparente alongada, destinado a treino
avançado de pilotos de caça. Tripulação: 2 (piloto-instrutor e aluno).
b. Construtor
Lockheed
Aircraft Corp. / USA.
Sob
licença: Canadair Ltd. / Canadá;
Kawasaky / Japão.
c. Motopropulsor
Motor: 1 motor Allison J33-A-35, turborreactor de
2.088 Kgf de impulsão, ou
1 motor Rolls Royce Nene 10,
turborreactor de 2.315 Kgf de impulsão.
d. Dimensões
Envergadura
…………...........11,80 m
Comprimento…..………..…....11,50
m
Altura………….……….......…....3,45
m
Área
alar ……….……............22,07 m²
e. Pesos
Peso
vazio…………….........……3.632 Kg
Peso
máximo..........................5.432 Kg
f. Performances
Velocidade
máxima ……......….....935 Km/h
Velocidade
de cruzeiro ...dependente da altitude
Tecto
de serviço ……………...14.480 m
Raio
de acção………………......2.000 Km
Autonomia
.............................3H40
g. Armamento
Para
treino: 2 metralhadoras 12,7mm;
8
foguetes; 2 bombas de 450 Kg.
h. Capacidade de transporte
Nenhuma.
Resumo histórico:
O Lockheed T-33 T-Bird é a versão bilugar do caça
Lockheed P-80 Shooting Star, que foi o fruto do desafio lançado à Lockheed em
Junho de 1943, para apresentar num curto espaço de tempo um caça com motor de
reacção com as especificações da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos
(USAAF), dado que a Bell Aircraft estava com dificuldades no projecto do P-59
Airacomet.
O engenheiro chefe da Lockheed, Clarence “Kelly”
Johnson, aceitou o desafio e o protótipo XP-80 realizou o primeiro voo em 8 de Janeiro de 1944. Foi o único avião de
reacção americano a ser projectado e ensaiado em voo num curto espaço de seis
meses.
Em Setembro de 1947 é criada a Força Aérea dos
Estados Unidos (USAF), que se vê a braços com o elevado número de acidentes nos
caças de reacção, na maioria resultantes da falta de preparação dos pilotos,
tornando-se evidente a utilidade de um avião de reacção bilugar para treino de
pilotos.
Sem o apoio do Governo, o dinâmico engenheiro
“Kelly” Johnson aumentou a fuselagem de um P-80 Shooting Star em cerca de 40
polegadas para permitir a instalação de um segundo posto de pilotagem,
construindo o protótipo designado por TF-80C, que voou pela primeira vez em 22
de Março de 1948.
O prodigioso sucesso deste avião fez com que, a
partir de Maio de 1949, se emancipasse, adquirindo a designação de Lockheed T-33
T-Bird, com que se celebrizou em inúmeras forças aéreas. Dócil e seguro, com um
baixíssimo índice de acidentes, depressa se tornou na “estrela” dos aviões de
treino da década de cinquenta.
Os T-33 T-Bird mantiveram-se como os aviões de
treino avançado da USAF entre 1950 e 1961 – ano em que cedeu lugar ao Northrop
T-38 Talon – sem que outro avião da sua categoria conseguisse rivalizar com
ele.
O T-33, sendo um avião de treino derivado de um
caça, acabou por “fechar o círculo”, dando origem ao RT-33, destinado a missões
tácticas de reconhecimento fotográfico e ao AT-33, adaptado para apoio táctico.
A Marinha dos Estados Unidos (US Navy) e o Corpo
de Fuzileiros dos Estados Unidos (US Marine Corps) utilizaram os T-33 na versão
naval, que designaram inicialmente por Lockheed TO-2 e, definitivamente, por
Lockheed TV-2 Shooting Star, dos quais foram construídos 699 exemplares.
Quando os T-33 da USAF e os TV-2 da US Navy foram
substituídos na instrução de pilotos por aviões mais modernos, foram adaptados
para missões pouco vulgares. A US Navy transformou-os na versão QT-33 Shooting
Star, aviões pilotados por controlo à distância para serem utilizados como
alvos em testes de investigação e armamento. Podiam ser comandados do solo ou
do ar, a partir de outro avião. Podiam também ser voados por pilotos, servindo
de plataforma de condução de drones.
Naturalmente devastada pelos ensaios com
armamento sofisticado, a frota dos QT-33 foi substituída pelos QF-86 Sabre,
derivados dos caças F-86 Sabre.
Apareceram outros modelos derivados do T-33
T-Bird, entre eles o modelo designado pela fábrica de L-245, conhecido pelo
pessoal por T-33B, que a US Navy designou inicialmente por T2V-1 e,
definitivamente, por T-1A Sea Star, dos quais não se construíram mais de 150 unidades.
O primeiro voo desta aeronave teve lugar em 16 de Outubro de 1953.
Também o Lockheed F-94 Starfire utilizou o
desenho das asas, da fuselagem e do trem de aterragem do T-33. O projecto do
avião birreactor Skyfox foi criado no sentido de aproveitar as centenas de
fuselagens de T-33 T-Bird dispersas pelo mundo e convertê-las, de forma
económica, em aviões modernos. As Oficinas Gerais de Material Aeronáutico
(OGMA), em Alverca, estiveram envolvidas no projecto, que não se concretizou.
A Lockheed construiu 5.691 T-33 T-Bird durante os
onze anos de produção. A Canadair construiu 656 da versão equipada com motor
Rolls Royce Nene 10, que designou inicialmente por Canadair CL-30 Silver Star e
depois por CT-133 Silver Star. A fábrica japonesa Kawasaky construiu 210 T-33
T-Bird.
O Lockheed T-33 T-Bird é, sem dúvida, um avião
que faz parte da História da Aviação Mundial.
Percurso em Portugal:
A preparação de pilotos portugueses para voar
aviões de reacção teve início em 1953, em cursos intensivos de Lockheed T-33
T-Bird realizados em bases americanas situadas na República Federal da
Alemanha.
Em 1953 chegaram a Portugal os primeiros 15 aviões
T-33A, provenientes dos Estados Unidos, praticamente novos, dando início a um
processo que se arrastaria até 1956, quando atingiu o total de 15 aviões.
Foram colocados na Base Aérea N° 2 (BA2), Ota,
integrados na Esquadra 20 – equipada com os F-84G Thunderjet – constituindo a
Esquadrilha de Voo Sem Visibilidade.
Receberam as matrículas da Força Aérea Portuguesa
(FAP), cuja correspondência com os números de série da USAF, indicados entre
parêntesis eram os seguintes: 1901 (51-8833),
1902 (51-8928), 1903 (51-17447), 1904 (51-17448), 1905 (51-17496), 1906
(51-17520), 1907 (51-1616), 1908 (55-3048), 1909 (55-083), 1910 (55-3086), 1911
(55-3088), 1912 (55-3090), 1913 (55-3087), 1914 (53-3085) e 1915 (55-3049).
Em Dezembro de 1953, quando se formou a segunda
esquadra de F-84G (Esquadra 21), os T-33 foram desligados da Esquadra 20 e
passaram a constituir uma sub-unidade autónoma, designada por Esquadrilha de
Voo Sem visibilidade.
Em 1955 é formada a Esquadra 22, equipada com os
T-Bird. A missão primária centrou-se na adaptação dos pilotos de aviões
convencionais aos aviões a reacção.
Em 1956 a Esquadra 22 toma a designação de
Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem (EICP), passando a ministrar
cursos aos alunos-pilotos que terminavam a instrução básica em T-6 Texan.
Em Agosto de 1957 a Esquadra 22 é transferida
para a Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos, mantendo a designação e a missão
anterior.
Em 1958 dá-se nova alteração na designação, agora
para Esquadra de Instrução Complementar de Pilotagem de Aviões de Caça
(EICPAC).
No dia 15 de Julho de 1959 dá-se o primeiro
acidente com a destruição do avião. O aluno-piloto, voando em solo, saltou de
pára-quedas sobre a lezíria da Golegã com êxito. Curiosamente, o primeiro T-33A
a ser destruído foi o 1901, o primeiro avião da frota.
Em Outubro de 1959 foram recebidos cinco Canadair
T-33AN Silver Star, a versão canadiana dos Lockheed T-33, provenientes da Força
Aérea Canadiana (CAF), que foram colocados na EICPAC. A correspondência entre
as matrículas portuguesas e canadianas (entre parêntesis), era a seguinte: 1951
(CAF21045), 1952 (CAF21228), 1953 (CAF21317), 1954 (CAF21318) e 1955 (CAF21332).
Em 1960 a EICPAC regressou à BA2, Ota, mantendo a
designação e a missão. Nesse mesmo ano são recebidos dois aviões Lockheed
RT-33A, versão monolugar para reconhecimento fotográfico, com o lugar de trás
preparado para a instalação do equipamento fotográfico e parcialmente ocupado
com um depósito de combustível. Tinham o nariz menos afilado que a versão de
treino, com a finalidade de comportar quatro câmaras fotográficas, três oblíquas
e uma vertical. Integrados na EICPAC, que assim retomou o efectivo de 15
aviões, foram utilizados na instrução de alunos-piloto em voo solo. Foram-lhes
atribuídas as seguintes matrículas da FAP: 1916 (USAF serial number 53-5474) e
1917 (53-5546).
Em fins de 1960 foram desactivadas as Esquadras
20 e 21, sendo atribuídos à EICPAC cerca de 40 caças F-84G Thunderjet, facto
que levou a esquadra a organizar-se em duas esquadrilhas, uma equipada com os
T-Bird, mantendo a missão de ministrar o Curso Complementar de Pilotagem, e a
outra, equipada com os F-84G, com a missão de fornecer treino operacional aos
pilotos antes de serem colocados nas esquadras operacionais de caça.
Esta situação também não durou muito tempo. Com o
eclodir da Guerra do Ultramar os F-84G são retirados da EICPAC em 1961 e
enviados para Angola.
Também em 1961 os cinco T-33AN Silver Star são
transferidos para a Base Aérea Nº 5 (BA5), Monte Real para treino e refrescamento dos pilotos dos
F-86F Sabre.
Em 1968 chegaram mais dez T-33 T-Bird,
provenientes das bases da USAF na Grã-Bretanha e Alemanha, que são colocados na
EICPAC. A correspondência entre os números da FAP e os números de série da USAF
era a seguinte: 1918 (55-4362), 1919 (56-1602), 1920 (56-1605), 1921 (56-1623),
1922 (56-1624), 1923 (57-540), 1924 (57-541), 1925 (57-690A), 1926 (57-694A) e
1927 (57-695A).
Os cinco aviões T-33AN Silver Star de origem
canadiana são retirados de serviço entre Março de 1969 e Abril de 1970.
Em Novembro de 1974 a EICPAC é transferida para a
BA5, Monte Real. Em 1977 recebe a nova designação de Esquadra 103. Foi então
que oficializou a denominação de “Caracóis”, com emblema e lema apropriados: um
sorridente caracol com capacete de piloto a servir de casca e o lema “Devagar
se vai ao longe” (ver imagem 3).
Em finais de Julho de 1980 a Esquadra 103 recebe
doze Northrop T-38A Talon, que passam a operar
em conjunto com os T-33A num sistema de duas esquadrilhas (ver imagem 4).
Entretanto, a frota dos T-33A foi-se debatendo
com os problemas dos muitos anos de serviço, para o que contribuía a escassez
de sobressalentes, sendo iniciada a sua retirada de serviço de forma escalonada.
Em Janeiro de 1987 a Esquadra 103 (ver imagem 2) é transferida
para a Base Aérea N° 11 (BA11), Beja, continuando com a mesma sigla de EICPAC,
ainda que agora o “C” signifique Combate e não Caça.
Dos 30 T-Bird que a FAP recebeu – excluindo os
cinco Silver Star abatidos em 1969 e 1970 – chegaram à BA11 apenas 15: 1905,
1907, 1909, 1911, 1914, 1918, 1919, 1922 a 1924 e 1926 a 1930.
Em 1988 começou o processo de desactivação total
dos T-33A. O último curso com estes famosos aviões decorreu em 1990.
No dia 27 de Junho de 1991 é realizado o último
voo de instrução em T-33A. Em 22 de Outubro de 1991 é realizada a cerimónia
da sua despedida oficial.
No dia 18 de Março de 1992 uma parelha formada
pelos Lockheed T-33A T-Bird números 1929 e 1930 descolou da BA11 para a realização
do último voo, cuja aterragem ficou registada às 15h e 26m.
A pintura dos T-Bird sofreu diversas alterações
ao longo dos quase 40 anos ao serviço da FAP. Nos primeiros tempos
apresentavam-se em metal puro, com o conjunto da cauda e os tip-tanks a vermelho.
A face interior dos tip-tanks e a secção da fuselagem em frente à cabina estava
pintada em preto anti-reflexo.
Passaram depois a apresentar-se pintados em
alumínio, com os tip-tanks, o conjunto do estabilizador da cauda e uma faixa no
nariz em vermelho dayglo. Os speed brakes foram também pintados em dayglo,
recebendo os dois últimos algarismos da matrícula, um em cada speed brake.
Mantiveram a pintura anti-reflexo.
Nestes esquemas de pintura, a insígnia da Cruz de
Cristo, sobre círculo branco, estava colocada no extra-dorso da asa esquerda, no
intradorso da asa direita e nos lados da fuselagem. As cores nacionais, sem
escudo, encontravam-se num rectângulo contornado a alumínio colocado
lateralmente no estabilizador vertical. Os números de matrícula alternavam nas
asas com a insígnia, encimavam o rectângulo com as cores nacionais no
estabilizador e apareciam na secção lateral dianteira da fuselagem, aqui só os
dois últimos números da matrícula, a preto.
A partir de 1980 foram inteiramente pintados a cinzento
(FS 16.473).
A insígnia das asas passou a ter um diâmetro de
75 cm e a da fuselagem 60 cm. Os algarismos das asas ficaram com 75 cm de
altura e os do estabilizador com 15 cm, mantendo-se a preto (FS 17.038). O
rectângulo da bandeira nacional ficou com 70 cm de comprimento.
Um dos “velhos” T-33A T-Bird (1930) terminou a
sua actividade pintado de forma especial para a “festa de despedida”, em branco
(FS 17.875), com a parte superior da fuselagem a vermelho. Nas asas e no
estabilizador vertical foram pintados triângulos alongados em vermelho e verde.
O número do nariz foi substituído pela sigla da esquadra (EICPAC), em vermelho.
No lado esquerdo da fuselagem recebeu a inscrição “65000 HORAS” e do lado
esquerdo “38 ANOS FAP”. A insígnia da Cruz de Cristo foi mantida nos lugares
habituais, circundada por fino aro azul (ver imagem 5).
Em todos os esquemas de pintura, a parte da
fuselagem em frente da cabina e os lados interiores dos depósitos das pontas
das asas estavam pintados em preto anti-reflexo.
O Canadair T-33AN Silver Star com o número 1951
encontra-se em pedestal na BA11 (Beja) e o T-33AN número 1952 no Instituto de Altos
Estudos Militares (Lisboa), também em pedestal.
O Museu do Ar recebeu os Lockheed T-33A T-Bird
com os números 1914, 1926, 1928, 1929 e 1930, bem como um RT-33A número 1916.
Fontes:
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;Imagem 2: Cortesia de Richard Ferriere - 3 vues;
Imagem 5: Cortesia de Wikipedia, a enciclopédia livre;
Texto e Imagens 3 e 4: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século
XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.
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