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30 dezembro 2013

Lockheed PV-2 Harpoon (primeira parte)

Imagem 1

LOCKHEED PV-2C HARPOON
LOCKHEED PV-2D HARPOON

Quantidade: 34
Utilizador: Força Aérea
Entrada ao serviço: 1 de Maio de 1954
Data de abate: 1975


Dados técnicos:
a.       Tipo de Aeronave
Avião bimotor terrestre, de trem de aterragem convencional retráctil, mono-plano de asa média, de revestimento metálico,  com estabilizador vertical duplo, cabina integrada na fuselagem, destinado a missões de luta naval. Tripulação: 5 (2 pilotos, navegador, mecânico e radiotelegrafista-radarista).
b.       Construtor
Lockheed Aircraft Corp. / USA.
c.       Motopropulsor
Motores: 2 motores Pratt & Whitney R-2800-31 Double Wasp, de 18 cilindros radiais em dupla estrela, arrefecidos por ar, de 2.100 hp. Hélices: metálicos, de três pás, de passo variável e posição de bandeira.
d.       Dimensões
Envergadura.. ……23,03 m
Comprimento….....15,88 m
Altura………….….....5,02 m
Área alar ……….....28,83 m²
e.       Pesos
Peso vazio……………..…..9.154 Kg
Peso máximo.....................14.840 Kg
f.        Performances
Velocidade máxima ……..…....490 Km/h
Velocidade de cruzeiro.............304 Km/h
Tecto de serviço …………….8.000 m
Raio de acção………………..3.500 Km
Raio de acção com depósitos
suplementares ........................4.700 Km
g.       Armamento
5 metralhadoras de 12,7 mm fixas, no nariz do avião;
2 metralhadoras de 12,7 mm na torre dorsal móvel;
2 metralhadoras de 12,7 mm móveis numa posição ventral, junto à cauda;
8 foguetes de alta velocidade, de 5 polegadas, suspensos nas asas;
1.815 Kg de bombas no interior da fuselagem (bomb bay).
h.       Capacidade de transporte
Nenhuma


Imagem 2

Resumo histórico:
     Derivado do Lockheed PV-1 Ventura, o Lockheed PV-2 Harpoon apresentou-se com maior poder de fogo, melhores performances e maior raio de acção. Era um bimotor concebido pela Lockheed para a luta naval, equipado com radar, transportando bombas ou cargas de profundidade no compartimento situado no interior da fuselagem, oito foguetes sob as asas, e um total de nove metralhadoras de 12,7 mm. (ver dados técnicos).
     
     Começou a ser construído em 1943. Na Primavera de 1944 já se encontravam em acção no Pacífico, onde criaram grande impacto, operando a partir de bases nas Ilhas Aleutas, Marianas, Midway, Johnston e Guam. Celebrizaram-se nos ataques às posições japonesas nas Kurilas, missão a que chamavam o “Expresso Imperial”.
     A produção dos PV-2 Harpoon terminou em 1945, com o final da II Guerra Mundial. Foram construídos 535 exemplares, dos quais 35 na versão PV-2D Harpoon, equipados com cinco metralhadoras no nariz. Terminado o conflito, estes aviões mantiveram-se activos durante vários anos em onze unidades da Reserva Naval dos Estados Unidos.

     No âmbito da ajuda militar do pós-guerra, levada a cabo pelos americanos nos anos cinquenta, os Lockheed PV-2 Harpoon foram distribuídos por França, Itália, Holanda, Peru, Portugal e pelo antigo inimigo e sua principal vítima, o Japão.
     Ainda que não tenha sido oficialmente mencionado, a Marinha Francesa utilizou os PV-2 no Norte de África, quando da campanha do Canal do Suez, em 1956.
     O primeiro país que recebeu dos Estados Unidos os Lockheed PV-2 Harpoon foi o Brasil, em Julho de 1944, ainda durante a Guerra, dado que se encontrava de hostilidades declaradas com os países do Eixo, competindo-lhe a segurança da zona Sul do Atlântico.
Curiosamente, o último país a utilizar o PV-2 Harpoon foi Portugal.


Percurso em Portugal:
     Os Estados Unidos forneceram a Portugal 31 aviões Lockheed PV-2C Harpoon e 3 aviões Lockheed PV-2D Harpoon, excedentes da Marinha dos Estados Unidos (US Navy), ao abrigo do Pacto de Assistência Mútua estabelecido nos primeiros anos da década de cinquenta.

     Depois das tripulações – quase na totalidade constituídas por pessoal oriundo da extinta Aviação Naval – terem recebido a adaptação ao avião nos Estados Unidos, os PV-2 começaram a chegar a Portugal em 1953. Os primeiros cinco chegaram a Portugal em 14 de Dezembro de 1953, sendo oficialmente entregues à Força Aérea Portuguesa (FAP) em 1 de Maio de 1954. Os restantes 29 foram recebidos entre 9 de Setembro de 1954 e 8 de Maio de 1957, transportados em voo ferry dos Estados Unidos para Portugal, tripulados por portugueses, ou através de transporte marítimo, conforme descrito mais à frente.

     Foram matriculados na FAP com os números 4601 a 4634. A correspondência entre os números da FAP e os números de construção, indicados entre parêntesis, era a seguinte: 4601 (15-1158), 4602 (15-1237), 4603 (15-1407), 4604 (desconhecido), 4605 (15-1509), 4606 (15-1424), 4607 (15-1513), 4608 (desconhecido), 4609 (15-1383), 4610 (desconhecido), 4611 (15-1160), 4612 e 4613 (desconhecidos), 4614 (15-1278), 4615 (15-1466), 4616 (desconhecido), 4617 (15-1199), 4618 (15-1509), 4619 (15-1425), 4620 (15-1439), 4621 (15-1441), 4622 (15-1180), 4623 (15-1481), 4624 (15-1162), 4625 (15-12552), 4626 (15-1372), 4627 (15-1172), 4628 (15-1463), 4629 (15-1422), 4630 (15-1419), 4631 (15-1493), 4632 (15-1241), 4633 (15-1167) e 4634 (15-1215).
     Os números 4604, 4607 e 4618 eram da versão PV-2D, equipados com oito metralhadoras no nariz, em vez das cinco metralhadoras da versão PV-2C.

Imagem 3: Emblema da
Esquadra 61, BA6.


     Foram colocados na Base Aérea N° 6 (BA6), Montijo. Os primeiros 18 formaram a Esquadra 61, cuja missão principal era a luta anti-submarino. Em breve iniciaram a participação em exercícios aero-navais da NATO.
     Ainda decorria o ano de 1954 quando um destes PV-2 se deslocou à Escócia, onde foi preparado para a instalação de equipamento para operar com sono-bóias, indispensável para a detecção de submarinos. Os restantes PV-2 receberam o mesmo equipamento, com a instalação do mesmo executada pelas Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA), em Alverca.
O primeiro acidente de um PV-2 Harpoon aconteceu em 25 de Abril de 1956, envolvendo o número 4613.


(continua)



Fontes (primeira parte):
Imagem 1: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 2: Cortesia de  Wikimedia.org e U.S. Navy Naval History Center website;
Imagem 3: Colecção Altimagem;
Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000.

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