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11 março 2014

Dornier Do-27 (segunda parte)

Ver  Dornier Do-27 (primeira parte)

(continuação)

Imagem 5


Percurso em Portugal  (continuação)

     Em 1963 começaram a ser recebidos os Do-27 provenientes da Luftwaffe, ao abrigo de acordos sobre a utilização das Oficinas Gerais de Material Aeronáutico (OGMA) e a cedência da Base de Beja aos alemães. Em Abril de 1963 chegaram 16 unidades, das versões Do-27 A1, A3 e B1, que foram também enviados para o Ultramar. A correspondência entre as matrículas da FAP e os números de construtor foi a seguinte: 3441 (115), 3442 (132), 3443 (134), 3444 (139), 3445 (140), 3446 (180), 3447 (223), 3448 (233), 3449 (237), 3450 (238), 3451 (264), 3452 (332), 3453 (346), 3454 (364), 3455 (374) e 3456 (378).

     Em 1964 a Luftwaffe forneceu mais 60 aviões, nas versões Do-27 A1 e Do-27 A3, recebidos entre Fevereiro e Julho. A correspondência entre as matrículas da FAP e os números de construtor foi a seguinte: 3457 (194), 3458 (213), 3459 (254), 3460 (342), 3461 (403), 3462 (384), 3463 (409), 3464 (422), 3465 (369), 3466 (405), 3467 (404), 3468 (418), 3469 (309), 3470 (320),3471 (158), 3472 (295), 3473 (200), 3474 (203), 3475 (164), 3476 (602), 3477 (210), 3478 (114), 3479 (240), 3480 (406), 3481 (420), 3482 (421), 3483 (423), 3484 (426),3485 (427), 3486 (603), 3487 (141), 3488 (156), 3489 (251), 3490 (256), 3491 (266), 3492 (316), 3493 (345), 3494 (407), 3495 (155), 3496 (169), 3497 (171), 3498 (197) e 3499 (199).
     Como foram esgotadas as matrículas do bloco 3400, retrocedeu-se para o bloco 3300, onde os números 3301 a 3304 já estava ocupada com os aviões Broussard. Assim, os Do-27 reiniciaram a numeração a partir do 3325, inclusive: 3325 (236), 3326, (331), 3327 (419), 3328 (234), 3329 (347), 3330 (349), 3331 (336), 3332 (353), 3333 (355), 3334 (387), 3335 (159), 3336 (241), 3337 (296), 3338 (317), 3339 (350), 3340 (366) e 3341 (424).

Imagem 6: Emblema da
Esquadra 31, BA3.

     Estes 60 aviões foram distribuídos pela Guiné, Angola e Moçambique, tendo alguns ficado na Base Aérea N° 3 (BA3), Tancos, integrados na Esquadra 31Os Tigres – em conjunto com os T-6, Auster e Piper Cub.

     Em Maio de 1969, a FAP recebeu mais 29 aviões Dornier Do-27 A1 e um Dornier Do-27 A3 – que viria a ser o 3371 do Museu do Ar – igualmente fornecidos pela Luftwaffe. Eram aviões destinados à Nigéria, que acabaram por ser desviados para Portugal devido às acusações internacionais de o Governo Alemão estar a interferir na chamada “Guerra do Biafra”. Foram os últimos Do-27 recebidos por Portugal.
     A relação entre as matrículas da FAP e os números de construtor era a seguinte: 3342 (118), 3343 (137), 3344 (138), 3345 (154), 3346 (157), 3347 (162), 3348 (165), 3349 (179), 3350 (181), 3351 (187), 3352 (196), 3353 (202), 3354 (211), 3355 (215), 3356 (216), 3357 (217), 3358 (235), 3359 (249), 3360 (250), 3361 (255), 3362 (257), 3363 (265), 3364 (297), 3365 (333), 3366 (352), 3367 (351), 3368 (335), 3369 (354), 3370 (356) e 3371 (413).
     Quase todos foram colocados na Guiné, Angola e Moçambique, salvo um reduzido número, que foi reforçar a Esquadra 31 da BA3.

Imagem 7


     Os Dornier Do-27 foram usados essencialmente em missões de transporte geral, abastecendo e levando o correio às mais remotas Unidades do Exército espalhadas pelas selvas e savanas da Guiné, Angola e Moçambique. Executaram igualmente missões de transporte de passageiros, evacuação de feridos e doentes, de reconhecimento visual e fotográfico e de comando aéreo avançado. Alguns Do-27 ainda foram usados em missões de apoio próximo, com ninhos de foguetes ofensivos sob as asas ou com foguetes fumígenos, a fim de assinalar alvos aos aviões mais rápidos.
     Os Dornier Do-27 que sobreviveram à Guerra do Ultramar e regressaram à Metrópole foram colocados na Esquadra 31 da BA3 até serem retirados de serviço, processo que decorreu entre 1977 e 1979.

Para além dos que ficaram em Tancos, outros tiveram destinos diversos:
·        Março de 1977 – O 3462 foi entregue ao Aero Clube de Braga, passando a ter a matrícula civil CS-AQH;
·        Idem – O 3339 foi entregue ao Aero Clube Universitário de Lisboa, matrícula CS-AQI;
·        Abril de 1979 – Os 3326 e 3343 foram entregues ao Pára-Clube Nacional “Os Boinas Verdes”, recebendo as matrículas CS-AQS e CS-AQT, respectivamente;
·        Os 3460 e 3497 foram vendidos para a Grã-Bretanha. Receberam as matrículas civis G-BMFG e G-BMFH, respectivamente;
·        1981 – Os 3354 e 3441 foram vendidos ao Canadá. Receberam as matrículas civis C-GFFO e C-GFFM, respectivamente.
     Quanto às pinturas que usaram, por certo que constituíram a maior diversidade que alguma vez se verificou nos aviões da FAP.
     Os primeiros 16, recebidos entre Dezembro de 1961 e Janeiro de 1962, apresentavam-se segundo o padrão da FAP para os aviões de transporte, em cinzento metálico (alumínio), com a metade superior da fuselagem a branco, com um largo filete de separação em azul, que se estendia abaixo das janelas. A secção em frente da cabina estava pintada em preto anti-reflexo. Ostentavam a Cruz de Cristo, sobre círculo branco, no extradorso da asa esquerda, no intradorso da asa direita e nos lados da fuselagem. As cores nacionais, sem escudo, estavam colocadas dentro de um rectângulo nos lados do estabilizador vertical. Os números de matrícula estavam pintados a preto em ambos os lados das asas, alternando com a insígnia, e sobre os rectângulos com as cores nacionais no estabilizador vertical.
     Este esquema de pintura sofreu uma pequena alteração, com o branco a cobrir o dorso da fuselagem e o estabilizador vertical, sem filete de separação. Apresentavam as pinturas vermelhas de anti-colisão nos painéis laterais do motor, pontas das asas e leme de direcção.
     Os 24 aviões da segunda remessa, recebidos em Junho de 1962 estavam inteiramente pintados em cinzento metálico, com a secção preta anti-reflexo. Mantinham as insígnias e marcas como os anteriores.
     Os 90 aviões fornecidos pela Luftwaffe vinham todos pintados de camuflado, em verde escuro e cinzento escuro nas superfícies superiores e cinzento azulado nas inferiores, com o nariz, as pontas das asas e os lemes de direcção em dayglo. Esta pintura não sofreu alterações. Apresentavam as as insígnias e marcas como os anteriores.
     Não obedecendo exactamente a qualquer esquema de pintura, alguns apresentavam pinturas anti-colisão em vermelho nas pontas das asas, nos painéis laterais do motor, no nariz do avião, no topo do estabilizador vertical e até no cubo do hélice, enquanto que outros apresentavam a pintura dayglo, unicamente no topo do estabilizador vertical.

Imagem 8: Dornier Do-27 nº 3357  em exposição no Museu do Ar, da
Força Aérea Portuguesa, em Sintra.

     O aparecimento dos mísseis na Guiné e Moçambique, em 1973, alertou para o facto das pinturas usadas não serem as mais adequadas. Assim, a partir desse ano, todos os Dornier Do-27 e todos os aviões envolvidos em combate começaram a ser pintados em verde-azeitona anti-radiação, com a secção da fuselagem em frente da cabina em preto anti-reflexo. As insígnias foram alteradas para dimensões reduzidas.
     De uma forma geral, quando os Dornier Do-27 eram submetidos às grandes revisões efectuadas nas OGMA ou nas suas delegações em Luanda ou Lourenço Marques, saíam pintados conforme o padrão em uso que, como se fez referência, nem sempre foi o mesmo.
     Os Dornier Do-27 foram, sem dúvida, dos aviões que melhores serviços prestaram à FAP e à Nação, operando numa época extraordináriamente difícil.
     O Museu do Ar possui os Dornier Do-27 A3 números 3339 (ex-Pára-Clube Nacional “Os Boinas Verdes”), 3357 e 3371. Possui igualmente um Dornier Do-27 H2 (pintado como o 3422, um avião do AB5, Nacala) que nunca pertenceu à FAP, sendo adquirido juntamente com uma réplica de um Avro 504-K, comprados através da venda de um North-American T-6.



Fontes (segunda parte):
Imagem 5: FAP / AHFA - Força Aérea Portuguesa / Arquivo Histórico da Força Aérea;
Imagem 7: Cortesia de Paulo Alegria - DIGITAL HANGAR;
Imagem 8: Cortesia de  Wikipedia, a enciclopédia livre.
Imagem 6 e Texto: "Aeronaves Militares Portuguesas no Século XX" - Adelino Cardoso - Edição ESSENCIAL, Lisboa, 2000;

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